A missão era complicada, mas, quer a vantagem ganha em Alvalade (2-1) quer a superioridade técnico-táctica do Leão, (plasmada durante os 90 minutos do primeiro «round») ofereciam boas perspectivas de qualificação para a UEFA Liga dos Campeões. Tal confiança apenas foi reforçada com o golo forasteiro com que o Sporting abriu hoje as hostilidades na Arena Khimki - longe estaria o Leão de pensar que, após o golo de Teo Gutiérrez, iria ainda a tempo de sofrer três golo e perder o passaporte da «Champions».

Mas, quando se esperava que a vantagem leonina, desenhada aos 36 minutos pelo passe de João Pereira e pela fina finalização de Teo Gutiérrez, desse tranquilidade, solidez e controlo de jogo ao Sporting, a verdade é que o Leão suspirou de alívio e fez decrescer significativamente os seus índices competitivos. Passo a passo, ainda que de forma perra, o CSKA Moscovo foi roubando a bola ao adversário e matendo-o longe de Akinfeev. Logo ao levantar do pano da segunda parte, Doumbia lançou a dúvida sobre o desfecho do jogo.

Três golos moscovitas em 35 minutos anularam entrada positiva do Leão

O golo do avançado costa-marfinense, aos 49 minutos, teve o condão de semear a auto-desconfiança leonina: o Sporting abdicou de controlar a posse de bola, foi recuando gradualmente no terreno, permitindo ao CSKA Moscovo (que até então tinha sentido imensas dificuldades em progredir no terreno com a bola dominada) ganhar jardas no relvado e lançar os velozes Seydou Doumbia e Ahmed Musa. A descoordenação defensiva de Adrien, Naldo e Rui Patrício permitiu a carambola fortuita de Doumbia mas também representou o começo do fim - o Leão amedrontou-se e deixou o CSKA jogar em toda a largura e profundidade do campo.

O segundo golo russo, aos 71 minutos de jogo, provou, de facto, que o Sporting perdera totalmente o domínio do jogo e já não se encontrava na posse do discernimento necessário para guinar o rumo dos acontecimentos - Bryan Ruiz, cansado e apagado e André Carrillo, desvanecido, já não deixavam a sua marca no jogo, enquanto que João Mário, sumido, não encontrava forma de preservar a bola e elucubrar formas de dar circulação ao futebol leonino. O CSKA encontrava, nas costas da defesa do Sporting, a forma de atingir o Leão - Musa furou em corrida e assistiu Doumbia, que, liberto, apenas encostou a bola para as redes.

Se João Pereira (desapoiado por Carrillo) e Naldo já tinham manchado suas exibições no lance do segundo golo, o central brasileiro incorreu em novo erro rotundo, permitindo a desmarcação fácil de Musa, que, liberto de marcação, furou a área leonina e rematou para a baliza, completando o pesadelo do Sporting. Três golos sofridos em 35 minutos (49, 71 e 85) ditaram o afastamento do Sporting dos essenciais milhões da Liga dos Campeões, que ainda viu João Mário receber ordem de expulsão, aos 90+1. Com Slimani já em campo (desde os 68), Jesus efectuou, na queima dos cartuchos finais, duas substituições (Mané e Montero) mas era tarde demais: o jogo estava perdido e o prolongamento pelo qual esperara, nunca veria a negritude da noite moscovita.

Dúvidas legítimas: Slimani até marcou, mas auxiliar anulou

Se o Sporting já tinha sido prejudicado pela falta de rigor técnico da equipa de arbitragem na primeira mão da eliminatória (mão clara de Berezutskiy na área), voltou hoje a sentir a dubiedade das decisões dos juízes - Islam Slimani cabeceou (82 minutos) para o fundo das redes do CSKA Moscovo, na sequência de um canto, mas o árbitro auxiliar anulou, a posterior, o lance, aparentemente, devido ao facto da bola ter transposto a linha final na altura da marcação do livre.