O Benfica conseguiu bater o Moreirense por 3-2, num jogo em que as fragilidades do bicampeão voltaram a ser expostas.

Primeira parte morna na Luz

O início da partida no Estádio da Luz foi algo atípico para aquilo a que os Benfiquistas estão habituados. Enquanto que se esperava um Benfica dominador para apagar a má imagem deixada em Aveiro no fim de semana passado, foi o Moreirense quem conseguiu criar maior perigo, através de um remate forte de Rafael Martins, travado por Júlio César. O Benfica, à medida que o tempo ia passando, ia dominando o jogo mas sem grandes efeitos práticos, já que a equipa nao conseguia praticar um futebol apoiado e criar oportunidades de golo. O jogo da equipa de Rui Vitória limitava-se a explorar muito os flancos, nomeadamente através das arrancadas de Gaitan e Victor Andrade/Semedo e a realizar cruzamentos sem muito nexo.

Por volta da meia hora, balde de água fria na Luz, com o recém chegado Rafael Martins a abrir o activo, após falha de Lisandro, que numa bola aparentemente inofensiva, permitiu o contra-ataque bem sucedido da turma de Miguel Leal.

Até ao fim da primeira parte, o Benfica teve muitas dificuldades em criar oportnuidades de golo mas ainda assim podia ter chegado à igualdade, nomeadamente num remate perigoso de Victor Andrade e pouco depois num remate que deu sensação de golo de Jonas. Ao intervalo, o resultado era de 0-1, com o Moreirense a aproveitar o erro de Lisandro e a instabilidade e falta de intensidade do Benfica (nomeadamente no meio-campo - Pizzi, mais uma vez, esteve uns furos abaixo daquilo a que nos tem habituado).

15 minutos "à Benfica" ditaram resultado final

À entrada para a segunda parte, Rui Vitória tentou abanar um pouco o jogo e promoveu uma dupla alteração, com Talisca a entrar para o lugar do desinspirado Pizzi e Gonçalo Guedes a render Victor Andrade. O jogo do Benfica foi melhorando a espaços, com Talisca a ser mais preciso no passe e Guedes a tentar desequilibrar na velocidade. No entanto, a reação do Benfica pareceu mais com o coração do que com a cabeça. Havia um grande espaço entre os sectores, que pareciam desligados, falta de critério no passe e de clarividência nos jogadores. Apenas se destacavam os esforços de Gaitán, Talisca e Jonas para tentar imprimir outra dinâmica no jogo, sem no entanto ter sucesso.

Nos últimos 20 minutos da partida, o Benfica, já com Raúl Jiménez em campo, conseguiu empurrar o Moreirense para os últimos 30 metros do campo e exerceu uma pressão asfixiante que teve os seus frutos. 2 golos em 2 minutos, através de Raúl, a responder de cabeça a um belo cruzamento de Gaitan e de Samaris, com um remate numa sobra à entrada da área.

O Benfica colocava-se em vantagem na partida mas o Moreirense não tinha ainda atirado a toalha ao chão. Aos 84 minutos, a defesa do Benfica voltou a mostrar enorme permeabilidade e no seguimento dum lançamento, Cardozo, em posição irregular, voltou a repôr a igualdade no marcador. Quando parecia que o Benfica ia voltar a tropeçar, voltou a aparecer o génio de Nico Gaitan, que com um cruzamento perfeito assiste o brasileiro Jonas, que num remate de primeira de pura classe conseguiu fixar o resultado final em 3-2.

Jonas fez o 3º golo esta época, aos 86 minutos. (Fonte: Lusa)

O Benfica acabou por amealhar mais 3 pontos nesta Liga, naquela que foi uma vitória arrancada a ferros. O Moreirense causou bastantes problemas ao Benfica e ao bicampeão valeu o talento individual, que conseguiu suplantar a falta de inspiração colectiva (e talvez a própria ideia de jogo). Fica a ideia de que a paragem de duas semanas que aí vem será importante para Rui Vitória conseguir corrigir os defeitos de uma equipa que ainda não conseguiu materializar as ideias e conceitos do ex-treinador do Vitória.

Destaques da partida

- Organização defensiva de ambas as equipas: Dois destaques por razões diferentes. No lado do Benfica, um destaque negativo. Uma defesa muito permeável, que permite que o Moreirense vá à Luz e faça dois golos. Algo a corrigir por Rui Vitória. Do lado do Moreirense, destaque para a coesão defensiva, que fez com que o Benfica tivesse que suar muito para arrancar os 3 pontos.

- Nico Gaitán: É um prazer ver jogar este mágico do futebol. Mais 2 assistências (são já quatro esta época). A apreensão de qualquer adepto Benfiquista em prensar que, até dia 31 deste mês, pode sair é grande.

- Raúl Jiménez: Entrada triunfante na partida, a conseguir desbloquear um jogo que parecia condenado ao insucesso, demorando apenas 63 segundos para o efeito. Será peça importante no resto da época.

- Rafael Martins: Qualidade indubitável do Brasileiro que chegou ao Moreirense e conseguiu logo apontar um golo na estreia. Segundo melhor marcador em 2013/2014, irá ser fundamental na luta do Moreirense pela manutenção.