É um facto contabilístico: o Benfica dá-se mal com as deslocações a Alvalade no contexto da Taça de Portugal: em catorze partidas realizadas no reduto do Leão, as Águias apenas venceram dois encontros, e, na última deslocação a solo verde (em 2008), a derrota saiu cara, com cinco golos sofridos num jogo impróprio para torcedores de coração sensível.

Hoje, perante um estádio coberto de esperança verde e motivação suplementar (fruto da boa campanha no campeonato), o Benfica terá de se agigantar para contrariar o teórico favoritismo do Sporting. Mas terá também de se agigantar para contrariar uma tradição bem sustentada - desde 1963 que a turma encarnada não bate o rival eterno em jogos fora, para a Taça de Portugal, prova rainha.

Nessa última ocasião, ainda antes do fim do regime do Estado Novo e da libertação que significou o 25 de Abril, o Benfica visitou Alvalade e de lá saiu vitorioso, com um tento solitário de José Águas aos 6 minutos de jogo. Ainda assim, apesar do triunfo, o Benfica viria a sucumbir na eliminatória, perdendo por 0-2 na Luz (bis de Ernesto de Figueiredo) e abrindo caminho para o trilho triunfal dos Leões, que acabariam por levantar a Taça.

A prova desta noite é de fogo para Rui Vitória e seu colectivo: depois de duas derrotas frente ao rival eterno, o treinador da Luz não conseguiu ainda desenvencilhar-se da malha engenhosa a si lançada por Jorge Jesus, que tem levado a melhor, não só dentro das quatro linhas, mas também fora delas, com jogos psicológicos que têm claramente surtido efeito.