Depois de um início de temporada complicado, em que Pizzi não passava do banco, relevo para a aposta ganha de Rui Vitória no atacante que nos últimos jogos tem sido incansável para o actual rendimento deste Benfica demolidor. Assistências, velocidade, fintas e golos, tudo isto descreve Pizzi, que ajudou as águias a reencontrar o caminho da luta pelo título.

Pizzi: Depois do sucesso em Espanha, a afirmação no Benfica de Vitória

Nos tempos de Pizzi no Deportivo da Corunha de Domingos Paciência, recorde-se que o jogador se tratava da grande estrela da equipa. Em Corunha, emprestado pelo Atlético de Madrid, o extremo assumia a marcação de livres, grandes penalidades e era um autêntico maestro na manobra ofensiva dos espanhóis. Neste período Pizzi foi, a par de Cristiano Ronaldo, o português que mais golos marcava na competitiva Liga espanhola. Na passagem por terras de nuestros hermanos Pizzi fez o gosto ao pé por 13 ocasiões, o que despertou o interesse do SL Benfica. Com Jorge Jesus no comando técnico, o jogador luso alinhou como médio organizador de jogo tratando-se, com as devidas comparações, de um clone de Enzo Pérez. Na segunda volta da temporada passada a dinâmica que Pizzi ofereceu ao miolo encarnado foi fundamental para embalar as águias rumo ao título de campeão.

No início da presente época, Rui Vitória não apostou em Pizzi com regularidade, mas de Dezembro até agora fica a nota de destaque para a consolidação tática que o treinador implementou, o que encaixou na perfeição com as características do atleta luso.

Pizzi de novo na ala... Mas não só

Depois da intermitência tática de Rui Vitória, o Benfica encontrou finalmente um modelo consolidado e que tem deslumbrado os adeptos da Luz com goleadas constantes. Actualmente o Benfica tem 54 golos marcados no campeonato, encontrando-se no segundo posto na Liga a apenas dois pontos do líder Sporting. O 4-4-2 de Vitória vive neste momento do pulmão de Renato Sanches, dos golos de Jonas, mas ainda mais com a polivalência de Pizzi, aliada a uma técnica e um instinto goleador interessante que oferece imprevisibilidade e talento ao clube da Luz. Para além da consolidação tática, também a lesão de Nico Gaitán levou Rui Vitória a apostar em Pizzi para uma das alas. No princípio da temporada o argentino era naturalmente titular, mas tinha a companhia do jovem Gonçalo Guedes. No último mês foram Pizzi e Carcela a assumirem as rédeas do jogo veloz nas alas, não se fazendo sentir a ausência de Nico. Com o regresso de Gaitán no passado Domingo frente ao Moreirense, verificou-se que o estratega Rui Vitória manteve a confiança em Pizzi, deixando Gonçalo Guedes e Carcela a aquecer o banco de suplentes.

Taticamente Pizzi faz valer da sua experiência e inteligência para acrescentar ao futebol benfiquista uma imprevisibilidade incrível. Com o extremo na direita, as águias adquirem consistência a atacar e um auxílio fulcral no processo defensivo. A imprevisibilidade é notória nas diferentes fases de jogo, com Pizzi a alternar o seu posicionamento de forma constante da ala para o meio e vice versa. Com esta variância tática os encarnados surpreendem os oponentes, que não sabem como marcar um jogador irrequieto que tanto pode surgir na extrema direita como pode também pisar terrenos no centro, criando vantagem numérica no miolo benfiquista.

Tecnicamente, o internacional lusitano evidencia dotes de driblador acima da média que conjuga com uma velocidade estonteante, provocando dissabores aos defesas contrários. Com um pé esquerdo delicioso, o número 21 é também o marcador das bolas paradas dos vermelho e brancos, com a particularidade de conseguir levantar o esférico de forma tensa, descrevendo um arco que torna a tarefa dos defesas difícil para desviar o perigo. Neste Benfica de Vitória, Pizzi e Jonas têm deslumbrado ao compor entendimentos de altíssima qualidade técnica, que acabam na maioria das vezes com trocas de bola bonitas que levam o esférico a balançar as redes contrárias.

Esta dupla mostra que Pizzi é muito mais que um mero extremo, uma vez que sai da ala para o meio para combinar com os avançados, baralhando taticamente os defesas. Por fim, nota ainda para os golos que esse mesmo posicionamento tem oferecido aos encarnados. Até agora o jogador leva 6 tentos na Liga NOS, tendo participado em 17 dos 20 jogos dos quais se contabilizam 1183 minutos de águia ao peito no Campeonato.

Benfica 6 Marítimo 0: Pizzi lançou 2 tiros para a goleada

O médio ala Pizzi é neste momento o melhor marcador português do Sport Lisboa e Benfica, tendo sido determinante para conquistar pontos na espetacular recuperação encarnada na tabela classificativa. Dos 6 golos marcados, a VAVEL Portugal recorda a esmagadora goleada das águias diante o Marítimo por 6 bolas a 0, em que Pizzi fez o gosto ao pé por 2 vezes. As equipas do Marítimo são, como é habitual, difíceis de enfrentar, e na primeira meia hora de jogo o Benfica teve dificuldades em penetrar a defensiva insular. Para desbloquear o último reduto madeirense valeu Pizzi, que em dois lances de rajada bisou, colocando o Benfica numa vantagem confortável num período que estava a deixar Rui Vitória apreensivo.

Analisando os tentos ao pormenor, é fascinante observar que, depois de um lance bem desenhado na esquerda com Eliseu e Carcela, surgiu na área Pizzi que, solto de marcação, bateu o guardião José Sá. O vagabundo Pizzi saiu portanto da ala direita e fletiu para o meio, onde baralhou a defensiva verde rubra e faturou de uma firma oportuna numa jogada plena de intuição técnica, mas sobretudo tática. Ou seja, numa partida que estava difícil de resolver, só com uma cartada imprevisível de Pizzi se alterou numa conjugação da inteligência tática e o instinto goleador do luso. De cabeça perdida, o Marítimo voltou a dar espaço a Pizzi pouco depois, e o ala não tremeu na hora de ampliar para 2-0. Na restante partida, Pizzi esteve regular nos entendimentos colectivos e foi sem surpresa que os encarnados conseguiram massacrar uma vez mais o seu adversário, com Jonas em grande plano.

Moreirense 1 Benfica 4: O outro lado de Pizzi

Na recente jornada da Liga NOS as águias voaram para nova goleada, desta feita em Moreira de Cónegos diante o Moreirense. Os pupilos de Rui Vitória marcaram 4 golos, com destaque para Jonas que bisou no encontro, somando já 21 tiros certeiros na prova. No primeiro golo do Brasileiro, relevo para um lance de entendimento perfeito de Mitroglou com Pizzi, que abriu espaço para que o luso cruzasse com conta peso e medida para o letal Jonas balançar a rede. Neste lance Pizzi demonstrou novamente aptidões para combinar com os avançados, acabando por ser decisivo na extrema direita com um cruzamento formidável para golo.

No segundo festejo de Jonas a beleza do desporto rei esteve em alto nível, sendo essencial analisar as tabelinhas constantes de Pizzi com o brasileiro até que o esférico encontrasse as redes do Moreirense. Mais uma vez, Pizzi trocou as voltas aos defesas, passando da lateral para o meio onde combinou tecnicamente com Jonas, trocando os olhos aos defensores dos cónegos até que o lusitano resolveu deixar o canarinho completamente isolado, com um passe repleto de estética futebolística para o golo.

Em suma, temos assistido finalmente à afirmação de Pizzi no Benfica, chegando até a denotar evolução comparativamente ao que mostrou no futebol do país vizinho. Pizzi é hoje um atleta completo, tecnicamente evoluído, taticamente inteligente e polivalente. Em ano de europeu, Fernando Santos não estará com certeza distraído e as actuações do número 21 poderão valer-lhe uma chamada para estar presente na prova em Junho deste ano. Aos 26 anos Pizzi tem justificado largamente o investimento de 14 milhões de euros, prometendo sempre espetáculo num “estádio perto de si”.