Depois de 8 anos de águia ao peito, Maxi Pereira mudou-se para o Porto em 2015 instalando-se a polémica entre os eternos rivais na luta pelo titulo. Em vésperas do clássico da Luz como será o regresso do antigo sub-capitão encarnado a uma casa que bem conhece?

MaxiPereira: o guerreiro azul que já foi vermelho

Em 2007 chegou ao clube benfiquista o jovem Victorios Maximiliano Pereira Páez. Conhecido no mundo do futebol como Maxi Pereira, o internacional uruguaio transferiu-se para a Luz como sendo uma promessa ofensiva que poderia dar que falar de águia ao peito. Nos primeiros 2 anos no Benfica, Maxi pisou terrenos mais ofensivos não tendo bem definida qual a posição onde poderia brilhar mais nas 4 linhas. Quando atingiu a maturidade plena, o uruguaio passou a alinhar preferencialmente como lateral direito passando a desempenhar um papel preponderante no colectivo encarnado, tendo sido considerado um dos simbolos da mistica das águias juntamente com Luisão. Durante 8 anos no SL Benfica, o lateral ofensivo ganhou 3 Ligas NOS, 5 Taças da Liga, 1 Taça de Portugal e 1 Super Taça, sendo um dos pilares do conjunto vermelho para obter estes êxitos. Individualmente o jogador evidenciou uma garra inesgotável ao longo dos 90 minutos levando ao delirio as bancadas da Luz por nunca dar um lance como perdido. Não tendo uma técnica muito apurada, Maxi mostrou-se fundamental ofensivamente oferecendo velocidade ao balanceamento atacante do Benfica ao longo de 8 anos.

De águia ao peito, Maxi Perera jogou por 333 partidas no conjunto de todas as provas tendo festejado 21 golos com a camisola vermelha e branca. Para além dos tentos, o jogador foi essencialmente fulcral nas assistências para os avançados. Ao longo das épocas, o lateral afirmou-se também na selecção do Uruguai e foi no Benfica que melhorou defensivamente aprendendo principalmente com Jorge Jesus a posicionar-se da melhor forma na marcação aos adversários. Em termos globais, Maxi Pereira evoluiu defensivamente no Benfica tendo passado de um médio para um lateral. A agressividade e a velocidade fizeram do uruguaio um símbolo encarnado e poucos esperariam que o jogador se mudasse aos 31 anos para um dos principais rivais no futebol luso. Nos clássicos frente ao Porto e ao Sporting, Maxi era acusado de recorrer em demasia a lances agressivos, sendo umas das principais lacunas do lateral. A garra demonstrada nos jogos grandes aumenta ainda mais e por vezes perdia a noção do limite. Os adeptos benfiquistas vibravam com a atitude guerreira de Maxi e foi sem surpresa que o jogador se tornou sub-capitão das águias, por ser um ícone de experiência, mistica e um exemplo no balneário, sendo um dos segredos no êxito táctico de Jorge Jesus no SL Benfica. A titulo de curiosidade o ex-encarnado viu 105 cartões amarelos em 8 anos de Benfica tendo visto 2 vermelhos nesse periodo. No verào de 2015 a polémica instalou-se e a demora na renovação não fazia antever um final cor de rosa de Maxi na Luz.

De Lisboa para o Porto: Maxi deixou para trás 8 anos de sucesso

De 2007 a 2015, o Benfica contou no seu plantel com Maxi Pereira, um jogador que não deixava indiferente qualquer que fosse o adepto do clube da Luz. Durante o ano 2014 foram inúmeras as tentativa de Luis Filipe Vieira para renovar com um dos principais jogadores da equipa e sub-capitão, mas inexplicavelmente este dossiê foi permanecendo num impasse. Em Fevereiro de 2015 surgiram rumores de que o Porto poderia estar interessado em contratar Maxi Pereira a custo 0, e a verdade é que este cenário parecia cada vez mais real. Na Copa América, o jogador desviava o assunto renovação e nunca excluiu a hipótese de se mudar para o Dragão. Foi sem surpresa que, o uruguaio assinou contrato pelos azuis e brancos passando a ser, segundo o seu presidente: “Um jogador à Porto”. Esta confirmação, aliada à ida de Jorge Jesus para o Sporting chocou os adeptos benfiquistas, uma vez que em pouco tempo viram partir duas das principais figuras dos títulos alcançados ao longo destes anos na Luz.

Na 1ª volta do campeonato 2015/2016, o Benfica deslocou-se ao Dragão e Maxi Pereira foi titular pelos portistas. Neste jogo, o lateral direito cumpriu uma exibição razoável estando forte a defender, mas pouco interventivo na vitória que os invictos conquistaram. Para a 21ª jornada da Liga NOS, o regresso de Maxi Pereira ao estádio da Luz é aguardado com muita expectativa esperando-se uma recepção hostil a um jogador que de um momento para o outro (só) se mudou para um dos principais rivais. A experiência de Maxi é indiscutível, mas resta saber se mesmo assim o guerreiro portista conseguirá aguentar animicamente o ambiente adverso que os mais de 60 mil espectadores irão proporcionar. Com Lopetegui, e mais recentemente com José Peseiro, Maxi tem sido a par de André André e Brahimi, uma das principais figuras do conjunto azul e branco e para este clássico decisivo frente ao Benfica, os portistas contarão com a garra, a velocidade e a mística que sempre foi reconhecida ao lateral uruguaio. A emoção de pisar novamente o relvado da Luz poderá condicionar o jogador nos primeiros minutos de jogo, mas como bom profissional que é deverá contornar esses sentimentos nunca esquecendo que foi o Benfica que lhe ofereceu protagonismo, visibilidade e a possibilidade de representar a selecção do seu país. De dragão ao peito, o jogador já esteve presente em 27 jogos, tendo visto 9 amarelos no campeonato, sem ter conseguido marcar qualquer golo. Para o clássico desta sexta-feira, Maxi Pereira será incontornavelmente um dos principais protagonistas nas quatro linhas num jogo que se espera escaldante e apaixonante para todos os aficcionados da equilibrada Liga NOS.