Para a partida de hoje, o Benfica vinha de uma série de vitórias consecutivas, enquanto que o Porto enfrentava uma semana difícil após ter perdido pontos com o Arouca e ver-se apenas com dois centrais disponíveis. Ainda assim, se algo foi provado esta noite é que o futebol é imprevisível e, de certa forma contra o esperado, o Porto acabou mesmo por vencer a partida e relançar-se na luta pelo título. Os responsáveis foram principalmente Herrera e Aboubakar, os concretizadores da noite, mas muito se deve também a Iker Casillas, que esta noite provou o porquê de ser um grande guarda-redes mundial, com defesas espectaculares. Já o Benfica perde o 5º jogo esta temporada contra Porto ou Sporting, com o tento isolado de Mitroglou a não ter qualquer influência no desfecho da partida.

1ª parte: Procurar o golo foi a missão

O ambiente do Clássico antecedeu em muito as 20:30 horas marcadas para o início do jogo. Com a lotação da Luz a conhecer o seu valor mais elevado da temporada, tudo foi preparado para que o espetáculo começasse cedo, e assim foi. Ainda assim, nada superou a emoção do apito inicial de Artur Soares Dias, que pôs o cronómetro a contar. Sem consideráveis alterações nas duas equipas – o não totalmente recuperado Lisandro López foi substituído por Lindelof, nas águias, e o lesionado Marcano foi substituído pelo jovem Chidozie – a partida começou do Porto, mas não foi por isso que os azuis-e-brancos assumiram o controlo. De facto, foram os da casa que desde cedo procuraram o golo, enfrentando um Porto mais parado do que seria de esperar. Ainda assim, destaque para o jovem Chidozie que, apesar da sua inexperiência, foi decisivo na sua atuação. Exemplo é a tentativa de Renato Sanches, logo aos 6 minutos, onde prontamente o central entreviu.

Ainda que sem oportunidades flagrantes de golo, o Benfica procurou insistentemente o perigo. Uma destas ocasiões surgiu pelos pés de Eliseu que, ao minuto 11, rematou de forma infantil muito longe do golo, mas que 1 minuto volvido compensou ao correr com grande rapidez na esquerda, numa jogada que acabou para sobrar para Mitroglou mas onde o grego foi incapaz de servir o companheiro Jonas para o golo. Já o mesmo Mitroglou voltou a estar envolvido na jogada seguinte quando André Almeida, de forma inteligente, cruzou para o avançado, mas o remate esteve longe do golo. Apesar do insucesso, o Benfica não desistiu e na jogada seguinte o suspeito foi Pizzi, perto de marcar por duas vezes: primeiro com um remate potente que Casillas defendeu de forma brilhante, depois na recarga quando, ao fintar a defesa do Porto, voltou a tentar a sua sorte.

Com tanta pressão das águias não foi surpreendente quando o golo surgiu, aos 18 minutos. A jogada foi de qualidade e vale a pena rever, observando a forma inteligente como Renato Sanches intercetou a bola com o peito e a colocou em Mitroglou, que sem qualquer receio e com a sua característica frieza rematou para o golo que Casillas não foi capaz de impedir. Este golo pareceu acordar o Porto, que procurou o empate nos minutos seguintes. Um Benfica persistente, no entanto, não parecia deixar isso acontecer, juntamente com o facto de elementos centrais da equipa do norte – como Danilo e Herrera – parecerem sem grande entusiasmo a segurar o meio-campo. Aos 25 minutos de jogo o ataque do Porto era nulo, sem qualquer remate, e assim se manteve até ao minuto 28, onde os dragões não podiam ter mostrado mais eficácia: na primeira tentativa de marcar, eis que Herrera concretiza sem qualquer problema. O empate ficava consolidado e parecia equilibrar as contas do jogo, ainda que com uma ligeira supremacia do Benfica na posse de bola.

Até ao intervalo, a missão de ambas as equipas foi, sem qualquer dúvida, procurar o golo que permitisse ir para o descanso com vantagem no marcador. Aqui, destaque para Casillas que, ao minuto 35, fez uma defesa como se vê poucas vezes: André Almeida construiu a jogada para Jonas que, ao rematar para um golo quase certo, deu oportunidade ao espanhol de brilhar com a sua defesa extraplanetária. Pouco depois, o mesmo André Almeida voltou a construir jogada, desta feita para Mitroglou que só não bisou por uns meros centímetros. Quem também esteve perto de marcar dois na partida foi Herrera que, aos 42 minutos, esteve perto de marcar depois de uma boa jogada coletiva dos azuis-e-brancos. A partida não chegou ao intervalo sem um golo desperdiçado por Samaris, que rematou sem sentido numa posição bastante vantajosa. A partida acabou por ir mesmo para intervalo com o marcador 1-1, com a 2ª parte a apresentar-se decisiva para resolver a partida.

2ª parte: Porto assertivo conquistou mesmo a vitória

O 2º bloco de jogo, o qual começou sem qualquer substituição, foi muito menos emocionante e bastante mais calmo que o primeiro. Ambas as equipas baixaram o seu ritmo e o jogo prendeu-se muito a meio-campo, ainda que com tentativas de parte a parte para conseguir o golo. O Porto começou com mais energia pelos pés de Corona e Brahimi, com o argelino a aparecer em maior destaque – num bom entendimento com André André a bola sobrou para Maxi, mas o seu cruzamento foi intercetado pela defesa encarnada. Minutos depois Brahimi voltava a tentar a sua sorte, desta vez com mais perigo, mas foi a vez de Lindelof se evidenciar e aparecer como o herói. No minuto seguinte o Porto tentou de novo, mas o esférico acabou nos pés dos jogadores do Benfica que não hesitaram na  procura do contra-ataque. Foi Gaitán quem teve a coragem de defrontar Casillas, mas o ex-Real voltou mais uma vez a arrasar e a defender de forma excecional. Logo a seguir foi a vez de Jonas perder um golo quase certo, que passou a poucos centímetros das redes do Porto.

Foto: Instagram do FC Porto
Foto: Instagram do FC Porto

Apesar de um Benfica que conquistava mais oportunidades de chegar ao 2º se evidenciar, era mesmo o Porto que procurava mais posse de bola, assumindo o comando do jogo. Esteve perto de aumentar aos 63’, pelos pés de Aboubakar, que acabou mesmo por não perdoar 2 minutos depois – o camaronês soube aproveitar uma grande falha na marcação por parte do Benfica e, vendo-se sozinho na área, não hesitou em bater Júlio César e marcar o tento que viria a fixar o resultado final.

Mas o Benfica parecia não desistir. Logo ao minuto 68 Mitroglou já quase marcava para o empate, valendo o pé de Casillas, e Rui Vitória decidiu dar tudo ao promover duas alterações de certa forma incompreensíveis, mas com o objetivo claro que dar mais poder ofensivo: fez entrar Talisca e Carcela para as posições de Samaris e Pizzi, respetivamente. E foi aí que as coisas começaram a correr pior.

A perda de discernimento não se notou logo – destaque, aliás, para a forma como Renato Sanches batalhou e distribuiu jogo com uma qualidade de invejar. No entanto, surgiu mesmo. Apesar do jogo ofensivo que Rui Vitória quis implementar com estas alterações, o Benfica começou a confundir-se e a perder a capacidade de criar oportunidades que demonstrou ao longo de todo o jogo. Certo é que a entrada de Rúben Neves, como resposta a um último reduto da Luz mais ofensivo, também não ajudou, mas as jogadas de perigo já eram escassas e os minutos poucos, com a pressão de chegar ao empate a começar a instalar-se.

O nervosismo fazia-se sentir e, sem conseguir aproveitar os minutos finais, o Benfica acabou mesmo por se ver a perder o 2º Clássico da época, num resultado que, apesar de tudo, não parece o mais justo. Ainda assim, o futebol faz-se de golos e não de oportunidades, pelo que se torna importante destacar a letalidade demonstrada pelos dragões que, em último caso, lhes garantiu mesmo os fulcrais 3 pontos. Destaque ainda para a entrada de Toto Salvio perto do fim, depois de quase 9 meses de paragem. 

Com o jogo a terminar no 1-2 fixado por Aboubakar ao minuto 65, o Benfica vê-se com os mesmos 52 pontos e 1ª posição na tabela classificativa, juntamente com o Sporting, dependendo do jogo deste sábado dos leões para descer para segundo ou manter a posição. Já o Porto fica no 3º lugar, agora a apenas 3 pontos dos dois rivais (do Sporting, ainda à condição), relançando-se na luta pelo título, do qual já não parecia possível fazer parte. Mas certo é que futebol é um mundo de surpresas onde tudo pode acontecer e, com tanto Campeonato para jogar, será sem dúvida interessante acompanhar o percurso destas 3 grandes equipas até uma delas se consagrar Campeã Nacional. 

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