O golo de Vidal na primeira mão dos quartos de final da Liga dos Campeões colocou o Bayern na frente da eliminatória, mas, no escaldante inferno da Luz, o Benfica apresentar-se-á com uma chama imensa de motivação para tentar escrever mais uma epopeia no seu vasto historial de glórias. Com Gaitán e Jonas fora de combate, Rui Vitória deverá apostar em Jiménez e Carcela para enfrentar o também desfalcado Bayern. Pep Guardiola deixou Benatia, Badstuber, Robben e Boateng em Munique, todos a contas com problemas físicos, mas o luxo do plantel alemão não preocupa o técnico espanhol. A bola milionária começará a rolar às 19h45, e resta às águias acreditar que podem chegar à meias finais da mítica UEFA Champions League.

Como parar o Bayern?

Para a 2ª mão dos quartos de final da Liga Milionária, o técnico Rui Vitória lamenta as ausências de Gaitán e Jonas, por se tratarem de 2 peças fundamentais no xadrez estratégico do treinador da Luz. Para os seus lugares, Vitória poderá estar indeciso, mas a VAVEL Portugal dá uma ajuda: para render Gaitán existem 4 hipóteses: Gonçalo Guedes, Carcela, Salvio ou até Talisca. O extremo mais bem colocado para substituir o mago argentino é, sem dúvida, Carcela, uma vez que, quando Gaitán se lesiona, o marroquino tem dado provas de ser um ala rápido, forte nos cruzamentos e com uma boa meia distância. O craque Salvio não parece ainda ter recuperado totalmente os indíces físicos para enfrentar um colosso como o Bayern, pelo que seria mais prudente Rui Vitória lançar Carcela aos alemães. Para o lugar de Jonas o treinador tem de apostar em Jiménez, para tentar atacar os germânicos desde o apito inicial.

Posto isto, Ederson será o dono das luvas e, depois do grande jogo em Munique, o aviso está lançado e o guardião promete deixar as suas redes a zero. O quarteto mais recuado será o habitual, sendo composto por André Almeida, Jardel, Lindelof e Eliseu. Tem sido uma defesa muito compacta, que contará com o apoio dos médios Fejsa e Renato Sanches para formar um muro coeso frente aos craques alemães. Apesar das cautelas, o Benfica não se pode esquecer que joga perante o seu público e que tem de arriscar um pouco mais, fazendo avançar Renato no terreno para impulsionar o jogo da Luz para a frente sempre que for possível apanhar o Bayern descompensado. Para tal Pizzi, Carcela, Jiménez e Mitroglou terão de estar inspirados para furar as redes do monstro Neuer. Para o Benfica eliminar o Bayern terá de se controlar animicamente no início, sem cair na tentação de procurar o golo de forma desorganizada.

Nesta 2ª mão, Guardiola sabe que pode jogar com o resultado a seu favor, e pode consequentemente alinhar com uma postura mais expectante. Ou seja, por exemplo, é bem possível que lance Xabi Alonso em vez Thiago, uma vez que o veterano Xabi está habituado às grandes decisões, possuindo uma cultura táctica e um alcance de passe soberbos. Com Xabi, o Bayern poderá ganhar maior consistência defensiva, mas a facilidade com que o espanhol lança o ataque torna um possível contra ataque alemão mortífero, com passes longos para os 4 craques da frente. Com Xabi e Vidal no miolo, o Benfica tem de tentar estrategicamente aplicar uma pressão alta na primeira fase de construção do jogo germânico. Para tal, Fejsa e Renato terão de ter a ajuda de Jiménez, tal como tiveram o auxílio do castigado Jonas em Munique.

Caso o Benfica consiga ser fiel ao seu jogo e suster o ímpeto alemão, pode tentar penetrar a defesa do Bayern, que não terá centrais de raíz, portanto é fundamental que as águias mantenham o controlo emocional, que pressionem a primeira fase de construção germânica e que tenham espírito de sacrifício para entregar a posse ao Bayern. Em processo defensivo, os alas da Luz terão desde logo de apoiar os laterais, por forma a anular a tentativa feroz do Bayern de partir para cima de André Almeida e Eliseu, como foi o caso do jogo da 1ª mão. Os extremos Douglas e Ribéry foram inteligentes no início e aproveitaram para desiquilibrarem os laterais lusos, para dar vantagem logo aos 2 minutos com o tento de Vidal. Quando as águias acertaram marcações, o futebol do Bayern ficou bem mais inofensivo, e para tal Vitória pediu aos extremos e a Jonas para participarem activamente na ajuda à defesa, para depois, com os processos mais coesos, conseguir partir para contra-ataques que quase resultaram em golo.

Para a 2ª mão a estratégia terá de ser esta: dar estrategicamente a bola ao Bayern, pressionando com rigor a meio campo, pedindo que Pizzi, Carcela e Jiménez participem no auxílio aos companheiros, para assim tentar atenuar ao máximo que Xabi e Vidal tenham espaço para servir Douglas, Ribéry, Muller e Lewandovski. Quando partir para o ataque, o Benfica tem de ser assertivo no passe, porque qualquer perda de bola pode ser mortal para a eliminatória. Caso as águias consigam criar perigo, terão na área Jiménez e Mitroglou, 2 portentosos avançados que podem aproveitar o facto de o Bayern não alinhar com centrais de raíz.

Mitroglou será, com Jiménez, a presença constante na área para procurar o golo // Foto: Facebook do SL Benfica
Mitroglou será presença constante na área, para procurar o golo // Foto: Facebook do SL Benfica

Em suma, a tarefa é dificil, é certo, mas o Benfica mostrou em Munique que a alma e o espírito colectivo podem superar um colosso repleto de estrelas. Pede-se, então, calma, prudência e pragmatismo para tentar, perante 65 000 adeptos, mostrar ao Bayern que o inferno da Luz existe, e vai com certeza sonhar com a passagem às meias finais da Liga dos Campeões.