Parecia soar a estranho quando Jorge Jesus afirmava, em conferência de imprensa de antevisão, que o desafio frente ao Rio Ave seria mais difícil do que aquele que o Sporting havia tido ante… o campeão europeu Real Madrid, no mítico Santiago Bernabéu. Concentrando atenções, faz todo o sentido: não sendo o Bernabéu, os Arcos impõem sempre respeito, uma palavra que os leões sabiam não constar das intenções dos vila-condenses - uma equipa que normalmente não se atemoriza no seu reduto, seja contra que adversário for.

Aconselhava-se ao Sporting a valorização do trabalho de uma equipa que já não surpreende pelas excelentes campanhas que tem vindo a realizar, precisamente pela regularidade que vem revelando nesta última década. No entanto, não o fez, começando a ser surpreendido ao minuto 28 num excelente apontamento individual do central Roderick Miranda que, qual extremo, conseguiu ultrapassar três adversários, ganhar a linha e cruzar para que o experiente Tarantini pudesse abrir a contagem.

Horrífica prestação defensiva do Sporting prontamente punida pelo adversário

Uma 1ª parte em que, diga-se, o jovem árbitro João Pinheiro conseguiu conduzir o jogo sem casos, numa exibição muito bem conseguida da arbitragem, sempre tão criticada no futebol português no seu geral (e dentro do qual também se inclui o próprio Sporting e as suas figuras directivas); em campo, o leão não aprendia a sua lição e surgia como a única das três equipas a actuar abaixo do nível que se lhe exige.

O Sporting teve uma exibição muito inferior ao esperado // Foto: dn.pt
O Sporting teve uma exibição muito inferior ao esperado // Foto: dn.pt

Isto porque o Rio Ave continuava a capitalizar o erro sportinguista, certamente para desespero de Jorge Jesus, que assim via bem definido um cenário de derrota que não planeava, apesar das dificuldades que confessou esperar. Face a uma prestação defensiva da sua equipa nada ao nível da enorme ambição e confiante discurso que o técnico deixou evidente ainda na véspera, o conjunto de Vila do Conde chegou mesmo ao 2-0 aos 36', pelo ponta-de-lança Hélder Guedes, que finalizou um lance integralmente construído pela ala direita, servido pelo irreverente Gil Dias.

O que poderia ser entendido como desatenção dos verde-e-brancos poderia começar a ser apelidado de escândalo quando, apenas 7 minutos mais tarde, a equipa da casa alcançou mesmo o terceiro tento, numa inversão de papéis entre Guedes e Gil Dias, com o extremo a ter sido, desta feita, o artilheiro de serviço, após ter dado início à jogada novamente pela ala direita. Assim se chegava ao intervalo com o Sporting a sair derrotado por 0-3 e a não fazer jus a uma velha máxima defendida na modalidade: os jogos não se ganham só pela qualidade, mas também por outros predicados…

Esperava-se reacção leonina após o descanso, mas foi tardia

À entrada para a 2ª parte, faltava ao leão uma alternativa de ataque capaz de acrescentar impacto imediato, como até a meio da época passada havia Fredy Montero. Os instantes finais pareciam colocar Bryan Ruiz nesse papel, ao ter conseguido fazer a bola chegar às redes do Rio Ave aos 48 minutos. No entanto, o lance foi imediatamente invalidado por adiantamento do costa-riquenho, que integrou o encontro logo após o intervalo.

Todavia, demorou a reacção leonina, que apenas chegou aos 81' através de um toque de cabeça de Gelson Martins para o aparecimento de Bas Dost junto à linha de baliza a reduzir a diferença. Ainda assim, beneficia o Rio Ave numa derrota justa do Sporting, tão justa como havia sido, por exemplo, a recente vitória sobre o FC Porto. No fim de contas, a oportunidade de não deixar a partida em branco numa prestação que deixa muito a desejar para um fortíssimo candidato ao título nacional.

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