Nuno Espírito Santo surpreendeu por não ter entrado em poupanças. Do 11 que goleou o Nacional na Madeira saíram apenas Layún (Maxi Pereira precisava de recuperar minutos depois de lesão), Casillas e Felipe e o FC Porto continuou a jogar numa espécie de 4-1-3-2 que, apesar de tirar o melhor partido da dupla Jota-André Silva, não beneficia o jogo dos portistas. Já os médios Óliver Torres e Héctor Herrera (claramente em baixo de forma) acusaram o facto de não jogarem nas respetivas posições por razões diferentes.

Num sistema clássico de três médios (como em 2014-2015), Óliver consegue brilhar. A sua capacidade de progressão em passe constante (tabelas e combinações) trazem imaginação ao jogo interior dos portistas mas, neste momento, obrigado a assumir todas as despesas do meio-campo e jogando quase sozinho (o espaço para Danilo é demasiado grande) o espanhol perde-se. Ao mesmo, Herrera ainda se confunde entre a ala e o espaço interior.

O FC Porto não conseguiu ter largura pelo lado direito do ataque porque tanto Maxi como Herrera têm rotinas de movimentos interiores (e mesmo  Layún é mais um jogador com essas caraterísticas) e esta situação tem de ser revista por Nuno Espírito Saanto porque, nesta altura da época, o FC Porto já devia ter um fio de jogo mais definido, apesar de alguma qualidade demonstrada a espaços.

O primeiro é sempre o mais difícil

A partida entre Gafanha e FC Porto começou a um ritmo interessante, num jogo que mais parecia de I Liga e, nos primeiros 20 minutos as oportunidades repartiram-se apesar do FC Porto ter mais bola, mais objetividade e, sobretudo mais intensidade de jogo. Aos 31 minutos, contra -ataque para o FC Porto na sequência de um canto para o Gafanha, grande jogada individual de Otávio (a assinatura normal do brasileiro com grande capacidade de finta curta) e finalização certeira.

O FC Porto chegava à vantagem e marcava o golo que, neste tipo de jogos, é sempre o mais difícil: o primeiro. O intervalo chegava sem atribulações no jogo e a conclusão a que se chegava acerca da equipa do Gafanha era a de que a liderança na sua série do CNS não era por acaso.

Otávio fez o primeiro golo do encontro através de um lance individual | Foto: Site Oficial FC Porto
Otávio fez o primeiro golo do encontro através de um lance individual | Foto: Site Oficial FC Porto

Os de Ílhavo, montados num 4-4-2 clássico demonstrava grande organização, equilibrados por uma dupla de médios (Elisson-Maurício) que se complementavam perfeitamente e , também eles, eram a razão para o apagamento de Óliver Torres apesar de, por vezes, os movimentos entre linhas quer de André Silva quer Jota faziam a espaços desiquilibrarem a dupla de médios. Ofensivamente, o extremo direito Renan destacava-se claramente pela sua técnica e capacidade de decisão: um jogador que, nos próximos tempos pode aparecer nos campeonatos profissionais.

Equilíbrio e qualidade 

A segunda parte começou na mesma toada que o princícpio da primeira ainda que se possa dizer que o FC Porto tenha entrado um pouco mais forte. Essa força, contudo, foi fugaz e diluiu-se com o passar dos minutos. O resultado estava claramente em aberto e, apesar de não ter oportunidades, o Gafanha batia-se bem e alimentava o sonho que uma desvantagem de um golo permite a qualquer equipa.

Entre os minutos 65  e 70 o jogo terminou. De uma assentada, Nuno Espírito Santo substituiu André Silva, Jota e Otávio por Depoitre, Brahimi e Corona mas, mais do que substituir jogadores, Nuno substituiu o sistema e desenhou um 4-3-3 com Óliver e Herrera a refazerem a dupla de interiores que, em 2014/2015 fez tantos jogos de qualidade. Aos 70 minutos Corona marcou na sequência de um canto e a verdade é que, a partir daí, o Gafanha não mais conseguiria voltar ao jogo por cansaço quer psicológico quer físico.

Até final houve tempo para Depoitre, de cabeça, picar o ponto e colorir um pouco mais o marcador. O FC Porto, como disse o seu treinador, cumpriu a obrigação, avança na Taça de Portugal e começa hoje a preparar o primeiro jogo de uma dupla jornada que será decisiva para as contas da Liga dos Campeões

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