O dia era 7 de novembro de 1991. Um dos maiores jogadores de todos os tempos se aposentava. Ainda muito jovem, com apenas 32 anos de idade. Seu nome era Earvin "Magic" Johnson. O motivo: Magic testou positivo e foi diagnosticado com o vírus HIV. A descoberta da doença e do tratamento ainda estava em estágios inciais. Magic disse que continuaria vivo e que acharia a cura para seu problema. Também prometeu fazer o possível para ajudar outros que tivesse a doença. Mas o basquete não era mais a prioridade. Parecia ser um adeus.

Parecia, mas não para os fãs, que votaram em Magic Johnson para o All-Star Game do ano seguinte, que foi realizado em Orlando. O então comissário da NBA, David Stern, aprovou a seleção de Johnson. Tim Hardaway, ala do Golden State Warriors, o segundo mais votado entre os fãs, decidiu dar sua vaga de titular a Magic, que começaria um dos jogos mais marcantes de todos os tempos.

"Foi como terapia para mim. Era o que eu precisava para continuar lutando pela minha vida. Foi um grande, grande momento para mim", disse Magic, sobre a seleção e a chance de atuar em mais uma partida das estrelas, a décima segunda e última de sua carreira.

O jogo em si não foi emocionante, como qualquer outro All-Star Game. Mas o jogo tinha significado porque Johnson estava ali. E não estava apenas correndo pela quadra, assistindo enquanto outros ficavam com o holofote. Magic jogou o basquete que lhe deu 5 títulos. Armou o jogo, comandou seus companheiros, foi o maestro da orquestra da conferência Oeste, que venceu a partida com facilidade por 153 a 113. A diferença de 40 pontos ainda se mantém como a maior na história da partida festiva. Johnson teve 25 pontos e 9 assistências. Marcou um de seus maiores rivais, Isiah Thomas. Também encarou frente a frente o maior de todos, Michael Jordan. E anulou MJ.

A torcida, os companheiros e adversários demonstraram seu carinho o tempo todo. Antes mesmo da partida terminar, todos os jogadores do Oeste abraçaram Magic no meio da quadra durante um tempo técnico. A noite era cada vez mais marcante e histórica. Magic teve a chance de jogar mais uma vez ao lado de seu companheiro de Lakers, James Worthy. Parecia perfeito, que não existiria algo que superasse aquele momento. Mas Magic tinha mais uma surpresa.

Depois de parar Thomas e Jordan em lances consecutivos, Johnson teve a bola para a última posse da partida. Foi marcado de perto por Isiah Thomas, assim como em duas Finais consecutivas entre Lakers e Pistons. Faltando 14 segundos para o fim, no estouro do cronômetro, Magic acertou uma bola de três. Um lance que ainda está na memória de quem viu o jogo, até daqueles que não viram o jogo e só foram saber disso depois. Foi o momento mais marcante daquele All-Star Game. Talvez de todos os All-Star Games.

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Com este lance, Magic garantiu seu prêmio de MVP do último jogo festivo de sua carreira, com um abraço forte em Stern. Não foi apenas um troféu. Foi um símbolo para quem lutava contra a mesma doença que Magic. "Aquilo mostrou para as pessoas que eu estava de volta e todo mundo poderia estar perto de mim. Nada vai acontecer. Acho que isso ajudou muito aqueles que sofrem com HIV e AIDS", disse Johnson, que fora abraçado pelos jogadores e amigos ao fim e no começo do jogo.

Há 21 anos, quando Magic anunciou sua aposentadoria por causa da AIDS, a pergunta não era se ele morreria. A pergunta era quando ele morreria. Johnson garantiu que isso não aconteceria. 21 anos e 10 milhões de dólares arrecadados para pesquisa e tratamento contra a doença depois, Magic Johnson ainda está vivo. Assim como está viva a memória do All-Star Game de 1992.