Nos anos 80, um garoto nascido na Filadélfia, que morava na Itália, pegava sua camisa amarela e acompanhava seu time favorito como podia. Entre arremessos de três e um show em quadra, esse menino, filho de jogador, se encantou, como muitos fãs, pelo esporte. Ele viu James Worthy, Kareem Abdul-Jabbar e Magic Johnson conquistarem pelos Lakers o que qualquer um acreditaria conseguir apenas em sonho. Essa criança era Kobe Bryant.

Kobe queria mais, queria não ser apenas o expectador, mas estar lá como seus ídolos. Por isso, depois de anos na Itália pela carreira de seu pai, em 1991 voltou aos Estados Unidos e conseguiu um feito raro na NBA: em 1996, quando estava saíndo do High School (equivalente ao ensino médio no Brasil), Bryant decidiu que iria direto ao Draft daquele ano.

O menino de 17 anos não estava satisfeito apenas com suas médias impressionantes no basquete e o protagonismo que conquistou nos anos de High School. Ele queria mais e fez logo uma exigência para honrar aquele menino de seis anos apaixonado por basquete; disse que só jogaria pelo Los Angeles Lakers. Dito e feito. Em uma troca envolvendo Vlade Divac com o Charlotte Hornets, time que draftou Bryant, ele pode realizar seu sonho.

O garoto vindo de Lower Merion High School teve um longo período de adaptação a NBA, mas chamou atenção desde o minuto que pisou pela primeira vez na quadra. Kobe não desistiu, mesmo sendo o reserva que só entrava com poucos minutos restantes no relógio. Ele sabia que precisava esperar e trabalhar muito mais, e assim o fez. Contando com muito potencial e um pouco de sorte, já que os titulares de sua posição Eddie Jones e Nick Van Exel foram trocados, Bryant chegou à melhor época de sua carreira.

A relação de amor entre Kobe e Lakers se tornou cada vez maior quando, juntos, eles estabeleceram uma verdadeira dinastia na NBA. Em 1999, era difícil não ligar o esporte ao time de Los Angeles e o grande jogador com o número 8 nas costas. Foram três títulos seguidos (1999-00, 2000-01 e 2001-02).

Quando, em 2004, o Lakers começaram a colecionar fracassos e derrotas, Kobe poderia ter ido para qualquer franquia do mundo, afinal, quem não gostaria de um jogador como ele? Entretanto, Bryant ficou, batalhou, apoiou e, principalmente, não abandonou o time que dominava seu coração. Foram anos duros, momentos complicados. Mas ele seguiu lá, sabendo que seus dias de glória não estavam acabados. O agora camisa 24 estava certo.

Vieram as temporadas 2007-08 2008-09 e 2009-10, e o Lakers voltou ao topo. Mesmo com a saída de  Shaquille O'Neal, a equipe não se abalou e utilizou rumores e a saída para se fortalecer. Na primeira, o Los Angeles bateu na trave. Nas duas últimas, mais dois títulos para a conta e mais recordes na lista dos vários da carreira de Kobe Bryant.

A história de amor entre Kobe e Lakers é mais do que apenas lembrar do nome atrás da camisa quando se pensa em Los Angeles Lakers. É a de um garoto que anos antes já sabia exatamente as cores que queria defender. É sobre um cara que bateu o pé aos 17 anos e disse que só jogaria em uma franquia. É um cara que teve o mundo em suas mãos, mas no fim só quis seu uniforme amarelo e uma bola de basquete. Nós nos apaixonamos e nos encantamos pelo jogador que apresentou à muitos o que é esse esporte e deixa um legado enorme ao se aposentar.

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O lindo capítulo de um sentimento intenso não foi construído apenas entre Kobe Bryant e Los Angeles Lakers, mas sim envolvendo cada um que viu aquele jogo diferente e pensou que poderia ser o melhor do mundo porque tinha aquele cara em quadra. E, não só por isso, é o basquete que deve lhe agradecer, Kobe.