Em 1996, Kobe Bryant foi draftado pelo Charlotte Hornets. Mas, o jovem de apenas 17 anos, vindo direto da Lower Merion High School, sem passar por universidade, sonhava desde pequeno em jogar no Los Angeles. Sua vontade despertou a atenção de Jerry West, general manager dos Lakers.

Jerry West, além de general manager dos Lakers, era também um dos grandes ídolos da franquia. Na época, podia ser considerado o segundo maior, atrás de Magic Johnson, que acabara de se aposentar adoentado e sem mais condições de se manter profissionalmente no esporte. West, apesar do reinado de Johnson, ainda possuía o recorde de atleta que mais vestiu a camisa dos Lakers e maior cestinha da história da franquia.

Mas, logo Bryant despertou a atenção de West. Sabe quando uma pessoa olha para outra e tem a certeza que fará sucesso? Foi assim que West olhou a oportunidade de trocar Kobe no draft. E não foi qualquer troca. Kobe, com 17 anos, realizava seu sonho de jogar nos Lakers. Mas para isso, os Lakers precisaram trocar Divac, o pivô titular.

Kobe foi para os Lakers e escolheu o número 8. Alguns duvidavam de seu sucesso. Mas a maioria acreditava que aquele menino poderia crescer e fazer história. Trazer alegrias que não tinham desde o último título com Magic Johnson. E esses que acreditavam estavam certos.

Kobe impressionou a todos. Em sua segunda temporada, vindo do banco, numa partida contra o Chicago Bulls, fora de casa, anotou 33 pontos. E seu marcador era simplesmente Michael Jordan, que anotou 36 naquele jogo. O primeiro duelo entre Kobe e Jordan rendeu assuntos e discussões. Seria Kobe o futuro Jordan? Seria Kobe o futuro melhor jogador da NBA quando Jordan aposentar?

Foto: Getty Images

Jordan aposentou. Phil Jackson trocou Chicago por Los Angeles. Então logo começou o reinado dos Lakers. Kobe, junto com Shaquille O'Neal, formaram uma das maiores duplas da história dos Lakers. Dupla essa que podem ser comparadas a outras duplas da história da franquia, como Magic Johnson e Kareem Abdul-Jabbar e Jerry West e Wilt Chamberlain.

Os Lakers foram tricampeões. Kobe, apesar do reinado de Shaquille O'Neal, tinha sua média de pontos próximo dos 30 por jogo. Mas, a relação de Kobe com Shaq fora das quadras não era tão boa quanto dentro. Então, Shaq seguiu outro caminho e foi para Miami. Já Kobe, permaneceu para construir seu reino.

Kobe, em 2004, se tornou a grande estrela dos Lakers após a saída de Shaq. Em 2006, liderou a liga em pontos com média acima de 35 pontos por jogo. Em 22 de janeiro de 2006, Kobe anotou incríveis 81 pontos. A marca dos 100 pontos de Wilt Chamberlain é a única superior. Kobe, naquela noite, teve aproveitamento de 60% nos arremessos de quadra, 53% nos arremessos de três pontos e 90% nos lances livres. Surreal.

Em 2007, Kobe mudou seu número. Passou a ser o camisa 24. Logo em sua primeira temporada com o novo número, foi o cestinha da liga com média acima de 31 pontos por jogo. Em 2008, foi o MVP da temporada regular pela primeira e única vez na carreira, e levou os Lakers as finais da NBA, onde terminaram derrotados para os Celtics em seis jogos.

Em 2009 e 2010 levou os Lakers ao bicampeonato da NBA. Foi eleito MVP das finais nos dois anos. Em 2010, o gostinho do título foi melhor, já que foi uma revanche com os Celtics. Apenas aquele Lakers de Kobe e o de Magic Johnson na década de 80 (duas vezes), conseguiram vencer os Celtics em finais.

Os Lakers não conseguiram sucesso em 2011, tampouco em 2012. Em 2013, Kobe foi completamente desgastado pelo sistema do técnico Mike D'Antoni, o que resultou na pior lesão que Bryant teve. No dia 12 de abril daquele ano, Kobe rompeu o tendão de Aquiles.

A lesão no tendão de Aquiles destrói os atletas. Mas Kobe foi forte o suficiente para se recuperar e retornar as quadras. O amor de Kobe pelo esporte é um dos maiores legados que ele poderia ter deixado. O Black Mamba retornou as quadras, mas longe de ser o velho conhecido. Aquele velho Kobe nunca mais voltou.

Nos últimos três anos, Kobe sofreu com lesões graves. A região do tendão de Aquiles e o ombro são onde Bryant mais sofre. Repetidamente, todo jogo, ele coloca gelo na região quando vai para o descanso. Kobe chegou ao seu limite. Seu corpo não aguenta mais.

Hoje será o último jogo de Kobe. Depois, restarão as homenagens. Uma homenagem bastante simbólica na NBA é quando as franquias aposentam as camisas daqueles que marcaram época. Os Lakers possuem nove camisas aposentadas. Kobe será o próximo. Mas fica a dúvida sobre qual número aposentar. 

Kobe jogou com a camisa 8 por 10 anos (de 1996 até 2006). Conquistou três títulos da NBA, uma vez foi o cestinha da temporada, foi oito vezes para o All-Star Game, fez 81 pontos numa única partida e anotou 16,866 pontos.

Já com a camisa 24, Bryant também jogou por 10 anos (de 2006 até 2016). Foram dois títulos, dois MVP das finais, um MVP da temporada, uma vez o cestinha da temporada, 10 All-Star Game e anotou 16,717 pontos. 

Foto: Divulgação/NBA
Foto: Divulgação/NBA

Kobe foi mais Kobe com a camisa 24. Com ela, Kobe foi o nome dos Lakers. Um ídolo. Um astro. Kobe tem muitos feitos com a camisa 8, mas com a 24 ele foi o Black Mamba. Com a 8, era o companheiro de Shaquille O'Neal. Mas com a 24, o resto do time era companheiro dele. É por isso que, se for para aposentar uma das duas, melhor a 24. Mas, se tiver como aposentar as duas, o que seria algo inédito, melhor ainda.

O fato é que Kobe merece todas as homenagens possíveis. São 20 anos de NBA. Somente nos Lakers. Um recorde de todas as franquias em todos os esportes nos Estados Unidos. Kobe é um dos maiores ídolos da história dos Lakers (e do basquete). É para colocá-lo ao lado de Magic Johnson. Num futuro próximo, merece até estátua no Staples Center. Obrigado, Kobe!