O problema não são as superequipas, essas sempre existiram. O problema não é o jogo menos físico e os triplos duplos ‘de borla’, isso é apenas a modalidade em evolução. O problema não é a crescente liberdade que os jogadores têm para tomar as suas decisões e a consequente decrescente fidelidade às franchises que os acolhem quando chegam à NBA, isso são apenas os atletas a zelarem pelo seu legado e dos seus negócios exteriores ao jogo. O grande problema prende-se com o sucessor de LeBron James. Quem é o próximo melhor do mundo? A resposta pode parecer óbvia, mas se nos debruçarmos sobre o assunto, percebemos a importância que um atleta pode ter na sobrevivência de uma liga.

Basta recuar até aos anos 80 para entendermos que a NBA tem sobrevivido à custa de story telling e de um ou dois jogadores mais mediáticos. Nessa década quem dominava o basquete americano eram os Lakers e Cetics. Magic Johnson e Larry Bird eram as estrelas das duas equipas respetivamente. Salvaram a NBA do precipício onde, na altura, caía. Era uma lufada de ar fresco e não tardou até que um substituto chegasse para deixar todos descansados: Michael Jordan, entrava na liga quando Magic e Bird ainda estavam numa fase ascendente da carreira. Jordan tornou-se do jogador mais dominante e a história passou a ser ‘todos contra Michael Jordan’. Uma narrativa que suportou a NBA até, quase ao fim dos anos 90. Depois? Depois veio Shaquille O'Neal, Kobe Bryant e os seus Lakers, numa era onde, para aguçar a história ainda chegou Allen Iverson com o seu estilo irreverente e o seu talento inegável.
 
Chegamos ao ano de 2003. Ano em que LeBron James entrou na liga como o jogador mais talentoso de sempre a sair do basquete de formação. Kobe e LeBron tornaram-se o centro da NBA até James tomar o controlo. Em 2007 atingiu a sua primeira final e podemos argumentar que, a partir desse ano, tem sido o tema e o melhor jogador da liga, assim como a história que todos seguem. Uma narrativa que o viu deixar Cleveland, formar uma superequipa em Miami, voltar para Cleveland e que já conta com 8 finais, 7 delas consecutivas e 3 títulos. Lembra-se da história ‘Todos contra Michael Jordan’? Exato, nos dias de hoje tem sido ‘Todos contra LeBron James’. Ninguém nega que estes Golden State Warriors se juntaram para vencer James, assim como todas as equipas que vão à final e todas as estrelas que ‘fogem’ da conferência Este porque, à partida, não chegarão ao maior palco da NBA. Mas James já conta com 14 anos de basquete profissional (vai para o 15.º) e, mais tarde ou mais cedo, a NBA irá precisar de um novo sucessor.
 
Ninguém nega que a liga está recheada de talento. No entanto, Durant, Leonard, Curry, Westbrook, entre outros, são jogadores que, quando James der um passo atrás e tiverem a sua oportunidade de se revelarem como o novo pilar da NBA, terão já mais ou perto de 30 anos e que não aparentam carregar o carisma que é preciso além do talento para se sentar num trono com a fasquia tão alta. Afinal de contas, neste texto fiz referência a Magic Johnson, Larry Bird, Michael Jordan, Shaquille O’Neal, Kobe Bryan, Allen Iverson e LeBron James. Há algum jogador com a capacidade de se sentar ‘na mesma mesa’ destes atletas? Talvez a maior esperança seja colocada em Giannis Antetokounmpo ou Karl Anthony Towns que ainda são novos e terão muito tempo para dominar a liga após o 'King' se retirar ou deixar de elevar da mesma maneira cada temporada.
 
Até lá, vivemos de LeBron James e do seu adversário.