Muita expectativa rondava o mundo do ciclismo antes do início da histórica 100ª edição do Tour de France. Com a inédita largada acontecendo na ilha da Córsega, o Tour prometia ser de afirmações ou confirmações: a primeira competição de Christopher Froome como capitão da SKY, o retorno de Alberto Contador à Volta da França após suspensão por doping e a tentativa de ressurgimento de Cadel Evans depois de um péssimo Giro d’Italia.

Após sprints na primeira e terceira etapas na Córsega, Jan Bakelants (RadioShack- Leopard) ganhou escapado no segundo estágio, passando as primeiras montanhas na fuga e despedindo-se da paradisíaca ilha com a camisa amarela.

Em Nice, o papel das equipes começou a ser fundamental. Em um contrarrelógio por equipes relativamente curto, plano e com poucas curvas, a Orica-GreenEDGE fez o melhor tempo, apenas um segundo na frente da SKY, dando a liderança a Simon Gerrans.

Nesta primeira semana, nenhum sprinter conseguiu vencer em mais de um dia. Nas chegadas planas de Marseille e Montpellier, Mark Cavendish (Omega Pharma-Quickstep) e Andre Greipel (Lotto-Belisol) foram os vencedores, respectivamente. Porém, o desempenho da Orica-GreenEDGE no contrarrelógio por equipes voltou a ser fundamental, uma vez que Gerrans ficou em um corte no pelotão e perdeu a liderança na sexta etapa. No entanto, seu companheiro Darly Impey, empatado em tempo com o então líder, herdou o posto mais alto no pódio, sendo o primeiro ciclista da África do Sul a vestir a camisa amarela na história.

No sétimo dia, uma aula do time Cannondale. Percebendo que os principais sprinters não passaram bem na montanha de categoria 2 da etapa, a Cannondale colocou um ritmo alucinante na ponta do pelotão até o último quilômetro, levando consigo o capitão e sprinter Peter Sagan. O eslovaco que, mesmo sem ter ganhado um estágio anteriormente, vestia a camisa verde, de líder por pontos, por sempre estar entre os primeiros nas etapas planas. Sem adversários por perto, Sagan teve o caminho livre para cruzar em primeiro na meta de sprint intermediário e na linha final. Enquanto isso, Andre Greipel e Mark Cavendish, seus principais perseguidores, ficaram para trás e não somaram nenhum ponto.  Com a sensacional performance, Sagan abriu 94 pontos para Greipel na classificação por pontos, praticamente já garantindo a camisa verde.

Junto com o final de semana, os Pirineus e as primeiras altas montanhas chegaram ao caminho do pelotão. Na primeira chegada ao alto, a SKY deu na cabeça de todo mundo, colocando um ritmo muito forte na escalada, até a estação de esqui de Ax 3 Domaines. Essa foi a primeira oportunidade para os favoritos mostrarem ao que vieram na França e Christopher Froome não quis esperar para atacar. Juntamente com Richie Porte, seu principal companheiro de equipe, Froome colocou um passo classificado de desumano por seus concorrentes. O britânico venceu com 51 segundos de frente para Porte, segundo colocado, 1’25’’ para Alejandro Valverde (Movistar), terceiro colocado, 1’51’’ para Alberto Contador (Saxo Tinkoff), 2’31’’ para Joaquim “Purito” Rodriguez (Katusha), 4’00’’ para Andy Shleck (RadioShack-Leopard) e 4’36’’ para Cadel Evans (BMC).

Independentemente da ausência de Bradley Wiggins, atual campeão que não começou 2013 em sua melhor forma, a equipe SKY já tinha definido Christopher Froome como líder. Principal gregário de Wiggins em 2012, se mostrando mais inteiro nas montanhas do que o capitão do time em algumas oportunidades, Froome ganhou a honraria de ser carregar o numeral um nas costas em reconhecimento por seu esforço em 2012.

Richie Porte fez dobradinha em segundo com Froome no Criterium du Dalphiné, principal competição de preparação para o Tour de France. Por esse resultado e pelo desempenho do australiano na primeira prova de fogo no Tour, terminando em segundo na primeira etapa com chegada na montanha, pensava-se que a SKY teria condições de fazer uma nova dobradinha, como em 2012, quando Wiggins foi o campeão e Froome o vice, muito a frente dos demais. No entanto, essa expectativa pôde ser desfeita na nona e última etapa da primeira semana. Froome respondeu bem às tentativas de ataque no pelotão e manteve-se junto com seus principais adversários, enquanto Roche, desgastado pelo dia anterior, levou 18’30’’ de tempo em relação ao vencedor e despencou na classificação geral.

A segunda semana do Tour promete show dos sprinters em três etapas planas, mas também mais definições, com o primeiro contrarrelógio individual e a escalada do lendário Mont Ventoux, no próximo domingo (14 de julho).