Mulheres, o cinema é nosso!

Quando pensamos em cinema e mulheres, a relação que fazemos é instantânea com atrizes famosas, reconhecidas e premiadas. Lembramos de filmes repletos de mensagens clichês, histórias de amor ou sensibilidade, sempre remetendo a boa e velha feminilidade. Estereótipos. Personagens femininas que são representações da visão masculina. 

O Oscar, em seus noventa anos, teve apenas cinco mulheres indicadas ao prêmio de melhor direção e somente uma foi indicada ao de melhor fotografia. Por isso, o público ainda encara com surpresa quando uma mulher é indicada ao prêmio. Parece difícil de acreditar que nomes como Greta Gerwig ou Sofia Coppola possam vencer os homens veteranos de indicações e sucessos. Alguns ainda reduzem suas indicações à apenas frutos dos movimentos sociais ou à familia cineasta, como no caso de Sofia, e ignoram o imenso pontencial feminino dentro da sétima arte, fazendo com que a categoria de direção fosse conquistada por uma mulher apenas em 2010, 80 anos após a primeira edição, onde a diretora Kathryn Bigelow fez história e saiu vitoriosa por seu trabalho em Guerra ao Terror, de 2009. 

A parte técnica audiovisual sempre pareceu não ter uma presença feminina muito forte, justamente por esses fatos. É fácil falar sobre os melhores cineastas de todos os tempos, mas é difícil lembrar delas nesses meios. O motivo disso, no entanto, não é por falta de mulheres que dominem a técnica. Elas sempre estiveram lá, muito além das atrizes, das modelos, das histórias rasas sobre um amor ao masculino. O motivo é que ainda somos vistas como menos capazes que os homens. O motivo é machista.

É claro que as premiações não definem de fato o que é bom ou ruim. Já vimos diversas vezes muitos diretores, artores ou filmes que foram injustiçados. No entanto, não se pode negar que a injustiça com as minorias é quase vista com normalidade. Assim sendo, é muito necessário o destaque da importância dos movimentos sociais para a crescente presença das mulheres no meio artistico, de um modo geral. Além disso, é com esse crescimento que passamos a ter mulheres representadas de outras formas no cinema e não apenas estereotipadas. A própria Sofia Coppola é uma das mulheres que mais ajudaram à mudar esse quadro. Seu ultimo filme, O Estranho que Nós Amamos, por exemplo, é um remake que tem como diferencial do filme original, um olhar bem menos machista, onde as mulheres da história tem sua devida importância, independentes do personagem masculino, ao contrário do que acontece no primeiro filme dirigido por Don Siegel

Nesse momento da história mundial, é muito importante termos pessoas como essas para servir como exemplo e inspiração. É fundamental que busquemos, cada vez mais, ocupar nosso espaço por direito no cinema e apoiar outras mulheres é o começo. Independente do passado, deve-se construir um futuro em que seja normal o feminino ganhar destaque na idústria em todos os seus aspectos. O audiovisual merece uma revolução, e essa revolução será feminina ou não será.

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