CRÍTICA -  Kong: A Ilha da Caveira
(Foto: Divulgação/ Warner Bros. Pictures)

Uma franquia imortal, sagrada, mas não a prova de remakes e reboots. Creio que muitos sentem o frio na barriga quando a mídia lança de forma voraz notícias sobre títulos, trilogias, sagas inteiras que estão para ser refeitas ou até recriadas. Com King Kong isso não é diferente e para nossa sorte, Kong: A Ilha da Caveira, é competente, divertido e intenso sem ofender fã e sem desinteressar os pouco conhecedores do "gorilão". Década de 70, fim da Guerra do Vietnã, o projeto Monarca (o mesmo citado no novo longa do Godzilla) consegue o aval do governo estadunidense para investigar uma estranha ilha cercada por um anel tempestuoso. Soldados que voltariam para a América vão em última missão para a Ilha da Caveira, Oceâno Pacífico. Dando início aos seus estudos, encontram mais do que imaginavam e o clima de expedição e colonização dá lugar para sobrevivência e guerra. Clichê? Talvez se isso não envolvesse um ótimo elenco com personagens carismáticos e profundos em sua grande maioria, desapego pela vida humana e holofotes nas criaturas gargantuais, bom ritmo, trilha sonora e fotografia muito bem feitas e encaixadas. 

Estabelecida a aventura, conhecemos sem delongas o rei do local, Kong. Ele domina a ilha e é tido como um deus benevolente pelos humanos nativos que o conhecem e temem pela morte do gigante. Coisa que o Coronel Packard (L. Jackson) muito deseja. Kong vigia e reina, impedindo outros seres de dominar a ilha, mantendo assim o bioma estável. Particularmente falando o ex-oficial britânico James (Hiddleston) me fez comprar a ideia de desbravador e guia. Não achei que o "Loki" conseguiria se vestir bem no tipão líder e sobrevivente destemido. A fotógrafa e jornalista Weaver (Larson) é a dama do filme, mas que não sofre a admiração do Kong como nos longas anteriores. Não existe aqui a mulher holocausto. Sua relação com o grande símio é feita por outras razões que por fim se consolidam fazendo-a ser sua protegida. 

O filme usa de experiências vividas pelos personagens para situar o espectador, e isso é feito com maestria quando o tenente aviador Hank Marlow (C. Reilly) reaparece na premissa. Revelando a teologia dos nativos ele mapeia a ilha, conta os motivos daquele povo, explica o monstro "vilão" e conta sua própria história. E isso tudo sem um segundo de tédio ou sensação de "já tá acabando?". A ambientação ganha mais poder com o filtro amarelado em contraste com a selva verde berrante, parece que vemos o filme por uma lente setentísta. E o que falar das músicas? O momento da chegada na ilha e início do mapeamento é ótimo, cortado de maneira tão boa quanto no momento que se inicia.

Outra coisa que agraga valor é densidade dos seres vivos da Ilha da Caveira. As criaturas são muito engenhosas e algumas até belas (dado o ponto de vista biológico). Kong é magnífico. Estupendo. De tirar o fôlego. E ainda não é um adulto formado, dando a entender uma continuação. Ele é a estrela do filme, mesmo com a gama de personagens humanos legais existentes. Uma dica? Fique para a cena pós-créditos e seja feliz. O novo filme do Kong não remonta o clássico, nem supera alguns de seus predecessores. Mas é autêntico e á altura da lenda.

NOTA 0 - 5: 4 

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