CRÍTICA: 13 Reasons Why (1ª temporada)
(Foto: Divulgação/Netflix)

Baseada no best-seller de mesmo nome de Jay Asher, a série nos conta parte da vida (e morte) de Hannah Baker. Uma estudante que deixa uma caixa com 13 fitas explicando os motivos de ter tirado a própria vida, a ser entregues para cada um dos responsáveis que a fizeram tomar essa trágica decisão. Acompanhamos Clay Jensen, um dos citados nas fitas, e vamos tomando conhecimento de tudo o que Hannah passou através dele escutando-as.

Se trata de mais uma produção original da Netflix, que dessa vez se voltou mais para o público teen. Mas não esperem finais felizes ou enredo para agradar geração shipper. É uma série reflexiva, que toca em assuntos importantes como suicídio, bullying, assédio e estupro. E nos mostra como às vezes podemos estar fazendo mal a alguém sem nem estar percebendo.

A série tem diversos problemas. E a grande maioria deles estão na construção de seu roteiro. No livro, toda a história se passa em uma só noite, mas aqui, temos cansativos 13 episódios, um para cada fita, e muita enrolação entre os seus desenvolvimentos. Clay recebe as fitas e demora dias e dias para ouvir todas, a explicação na série para essa demora foi bem rasa e não convenceu muito.

Em diversos episódios sentimos que a história não anda. Muitos plots desinteressantes são colocados a tona somente para preencher o tempo. E os episódios são bem longos, todos com mais de 50 minutos, alguns até ultrapassando os 60. Me peguei cansado de continuar a série lá pela metade devido a tanta enrolação. Talvez se 13 Reasons Why fosse adaptada como filme funcionaria melhor, ou até sendo uma série com no máximo 7 ou 8 episódios.

As atuações também não são o ponto forte aqui. Temos alguns atores bem esforçados como Dylan Minnette, Katherine Langford e Miles Heizer, mas a direção de atores é fraca e não permite extrair o máximo de cada um. Mas quero destacar a atuação da Kate Walsh, que faz a mãe da Hannah, a dor dela pela perda da filha é muito palpável. Outro ponto que me incomodou foi a escolha de atores adultos para fazerem papel de adolescentes, o que infelizmente já virou comum em Hollywood.

Quanto a construção personagens, temos certo balanceamento aqui. Os dois protagonistas são bem explorados. Vemos a cada episódio o quanto a Hannah vai sendo afetada em cada detalhe, sem forçar a barra, e como tudo vai crescendo gradativamente até chegar ao ponto que chegou. E o Clay como um garoto 'nerd' que está atrás de respostas e justiça pela morte da amiga, e ao mesmo tempo se sente culpado. Porém, os personagens secundários são bem rasos e alguns só estão ali para a história fazer sentido. Imagine os estereótipos de personalidade dos estudantes americanos, eles vão estar todos aqui.

Porém, a série também merece diversos elogios. A fotografia me encanta, principalmente quanto ao uso das cores. Nos flashbacks com a Hannah, temos uma paleta de cores mais colorida, com cores quentes, o rosa e o vermelho estão sempre em evidência. Já nas cenas pós-morte da Hannah, a paleta de cores fica mais fúnebre, o azulado toma conta da cinematografia, com poucas cores e os personagens mais pálidos. Temos um grandioso trabalho também na edição, que é muito precisa nas transições entre presente e passado.

A trilha sonora também é incrível, cada canção é muitíssimo bem colocada para enaltecer o clima melancólico da série junto com a fotografia. Mas também há algumas sequências sem trilha, que nos presenteiam com um silêncio perturbador e incômodo.

A série começa a crescer a partir do 9º episódio, não só porque vemos que a Hannah está chegando em seu limite, mas também porque a série começa a tirar o foco dos plots desnecessários, que eu citei anteriormente, e passa a dar mais atenção as consequências de cada personagem. Mas para mim, os dois últimos episódios são muito superiores aos demais. A cena do suicídio da Hannah é uma das cenas mais difíceis de assistir que eu já vi, tive que pausar o episódio para poder respirar. A decisão da produção de não censurá-la foi um acerto, pois chocar o público aqui é necessário. Somente a última cena que não me agradou muito, se tivessem encerrado um pouquinho antes, teríamos uma season finale perfeita.

13 Reasons Why tem seus problemas, mas é uma série necessária para mostrar o quanto uma atitude errada pode influenciar na vida de alguém. Traz discussões importantes sobre bullying, assédio, estupro e suicídio, e nos entrega uma das cenas mais chocantes da TV.

NOTA: 7.5

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