CRÍTICA: Dear White People (1ª Temporada)
(Foto: Divulgação/Netflix)

Baseado em um filme de 2014 de mesmo nome, Dear White People, nova produção original da Netflix, nos conta sobre o dia a dia de alunos negros em uma grande universidade e satiriza as situações de racismo, sejam elas intencionais ou não.

E é incontestável a importância do tema, a série mostra a todo momento que o racismo está presente mesmo que de forma implícita. Ela nos traz um piloto muito interessante focado na Sam, uma negra ativista que utiliza o sistema de rádio da universidade para chamar a atenção dos brancos que hostilizam os negros, além disso, ela lidera um grupo de encontro de alunos afro-descendentes a fim de debater, se divertir, protestar, dentre outras coisas. O episódio nos traz ainda inúmeras referências, que se você é ligado em cinema e tv, vai percebê-las.

No entanto, os episódios seguintes começam a ficar um pouco problemáticos. Outros personagens tomam o protagonismo e a série perde um pouco seu foco, sem saber muito bem o que quer transmitir. Mas o que mais me incomodou foi o fato de abusarem dos estereótipos, porque como é uma história de conscientização, simplesmente rotular determinados personagens acaba sendo uma falha.

A série volta a se encontrar lá pela metade, a partir de um arco envolvendo a polícia, em um episódio dirigido por Barry Jenkins (Moonlight), e deu um clímax mais pesado para a série. Mas o que vem depois disso é uma atitude preguiçosa e tendenciosa do roteiro. E o pior é que esse arco se estende até o final da temporada, que acabou sendo um pouco abaixo do esperado.

Tecnicamente a série é boa, mas nada extraordinário. A fotografia faz o básico, com poucas opções de enquadramento e um tom de luz mais satírico. A edição funciona bem, a série é bem dinâmica, e a trilha sonora é ok.

As atuações variam entre boas, razoáveis e fracas. Quem consegue se destacar é a Logan Browning, que faz a Sam, é a personagem com maior carga emocional aqui, e seus conflitos internos a deixam ainda mais interessante. O Marque Richardson também tá muito bem, ele faz o Reggie, que apesar de não ter tanto tempo em cena, é responsável por talvez o arco mais pesado aqui.

O ritmo da série é bom, são 10 episódios de 30 minutos cada, aproximadamente, e em nenhum momento ela fica arrastada ou corre demais. O tom que é um pouco problemático, às vezes ela peca um pouco na dose entre o drama e a comédia, mas dá pra relevar.

Dear White People é uma série que trata de um assunto importante e que deve ser ouvido, mas peca em encontrar seu foco e seu tom, e habita em uma gangorra de altos e baixos.

NOTA: 7.1

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