CRÍTICA: The Handmaid's Tale (1ª temporada)
(Foto: Divulgação/Hulu)

O serviço de streaming Hulu eleva seu patamar com provavelmente sua mais grandiosa produção original, se trata da série The Handmaid's Tale, baseada no livro de mesmo nome de 1985. E já adianto, é uma das melhores séries que você verá esse ano.

A história se trata de uma distopia onde uma catástrofe ambiental reduziu drasticamente a taxa de natalidade e as mulheres férteis são capturadas pelo estado, que inicia uma espécie de ditadura religiosa, e são obrigadas a serem escravas sexuais de homens com esposas inférteis na tentativa de repopular um planeta devastado, sem poder ter empregos, sem ter direito nenhum, nem a ler um simples livro. Nós acompanhamos a história de Offred, que não conseguiu fugir com seu marido e sua filha e foi separada deles, onde se tornou uma dessas mulheres.

Sim, só pela sinopse já deu pra ver que não é uma série fácil de digerir, temos aqui muitos momentos pesadíssimos e até mesmo bizarros de se ver. Praticamente não há censuras aqui, quase tudo é mostrado no intuito de chocar o espectador.

A fotografia é um verdadeiro show a parte. A série abusa do tom azulado e usa o vermelho do manto das aias como contraste para expressar todo o sofrimento vivido por elas. Movimentos de câmera sutis e enquadramentos lindíssimos. Há um cuidado grande com a simetria e com as expressões dos personagens.

E aí temos que destacar a qualidade do elenco, que funciona muito bem em sua grande maioria, principalmente as mulheres. Samira WileyYvonne Strahovski Alexis Bledel estão ótimas aqui, todas tem seus momentos para brilhar. Já Joseph FiennesO.T. FagbenleMax MinghellaMadeline Brewer não tiveram tanto brilho, mas funcionaram muito bem também. Mas o show aqui é da Elisabeth Moss, a série é dela! É uma atuação construída a base das sutilezas, atuando em maior parte só com o olhar. A gente sente na pele a dor de uma personagem que está incomodada, mas não pode gritar, não pode perder sua postura, tem que ficar ali, contida. Até que no último episódio acontece uma cena em que ela tem que colocar tudo pra fora e eu pensei: "O Emmy tem que ser dela". Sim, é uma candidata fortíssima para as premiações e minha favorita pra vencer.

A trilha sonora também é espetacular, mas às vezes o melhor som é o silêncio, e essa série usa a ausência de som com maestria. Mas quando presentes, temos uma trilha bastante minuciosa, em sua maior parte instrumental e minimalista, mas que sabe gritar quando necessária.

O ritmo da série é lento, mas nunca arrastado demais. O recurso dos flashbacks é muito bem trabalhado e sua edição é muito precisa. O que eu senti falta foi da série explorar um pouco mais desse totalitarismo religioso em escala, já que tudo o que é mostrado é o que gira em torno da Offred. Ocasionalmente, ficamos com alguns porquês na cabeça que não são respondidos, e outras coisas só nos é mostrado um conceito de como tudo começou, sem nunca se aprofundar.

The Handmaid's Tale nos entrega boas reflexões sobre fanatismo religioso, feminismo, refugiados, luta de classes, família e etc. É uma série intimista e dolorida de assistir. Tecnicamente é impecável e nos brinda com uma Elisabeth Moss excepcional. Uma das melhores estreias do ano e com certeza vai disputar muitos prêmios.

NOTA: 8.7

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