CRÍTICA - IT: A Coisa
Foto: Divulgação/ Warner Bros. Pictures

O grupo de crianças deslocadas, nerds, excluídas nunca foi tão bem aceito como nos tempos atuais, no que diz respeito a sua retratação nas vias do entretenimento. Hoje o nerd é "cool", até modista em certos casos. Tempo perfeito para trazer a tona parte da origem desse formato de grupo de protagonistas. It: A Coisa sintetiza com sucesso esse tipo de gente, essas crianças que lidam com problemas sérios, e que se ainda não os afetam com a idade que tem, viriam ou virão a afetar na fase adulta. É desses problemas que A Coisa se alimenta, se nutre e ganha forma iniciando mais um reinado de terror. O filme lida com responsabilidade com cada tema que fulgura nas crianças, o luto, a culpa, o abuso, a superproteção, a alienação... e todos tem algo em comum: o medo. 

Pennywise é a metafora que aflige tantos pequenos hoje em dia e que já afligiu em outros tempos, formando adultos afetados, com marcas, com dor, com vergonha, com infortúnios. O longa chama o espectador a se atentar para isso, a alegoria do monstro que se nutre do medo infato-juvenil é uma realidade, triste e avassaladora na sociedade. Stephen King usa a figura do palhaço pelo elo com a infância e também pelo inato medo que muitos possuem, ironicamente, da mesma. Maestria contextual. No técnico, o monstro não deixa nada a desejar também, muito menos na atuação (Skarsgard). Os trejeitos que denotam fome, raiva e prazer em causar o mal são incríveis. 

A direção de Andy Muschietti (Mama, 2013) gera um apego tremendo para com os pequenos, conhecemos seus medos, receios e esperanças. Talvez impossível não nos identificarmos com algum, seja pelo temor, seja pela personalidade. Bicicletas pela vizinhança, andanças pelo mato, investigações arriscadas. O filme evoca os anos oitenta e muito do que se sentia com outras turminhas, garotada que saía da zona de conforto, para se aventurar e lutar pelo que achava certo. Isso desperta algo de bom em todos nós. A criança deve se manter viva. 

E com certeza não menos importante, temos o convidativo fator "Terror". Creio que IT seja para o gênero o que Super 8 (2011) é para a ficção científica. Os sustos, o macabro se enraiza de forma natural, você teme, mas quer ver, saber, desvendar. Não é susto atrás de susto, são cenas e saberes assombrosos que dão justificativas para tamanho horror e necessidade de confronto. Sucesso merecido. Que a turma, os "Losers", cresçam e retornem para constatarem o que precisam da criatura, da Coisa. 

Vale o ingresso, vale a emoção. Um ÓTIMO filme. 

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