Leandro (Flamengo)

Leandro (Flamengo)

Football Team
Leandro (Flamengo)

1959 São Gonçalo, Rio de Janeiro


José Leandro de Souza Ferreira é imortalizado o maior lateral direito do Clube de Regatas do Flamengo. Durante 1978 até 1990 defendeu a camisa do Rubro-Negro, único clube em que atuou como jogador profissional de futebol. Considerado como o jogador mais habilidoso de sua posição, Leandro ostenta a marca de 415 jogos no clube carioca, tendo em no currículo um título do Mundial Interclubes e da Copa Libertadores da América, ambos vencidos no ano de 1981. Três títulos do Campeonato Brasileiro também entram em sua conta, além de inúmeros estaduais.

Natural de São Gonçalo (Rio de Janeiro), Leandro nasceu em 17 de março de 1959, e de início não tinha a ambição de ser jogador de futebol profissional. Migrando para a região metropolitana do Rio em 1976, por acaso teve seu destino encruzilhado com o Flamengo durante uma viagem ao bairro do Leblon, quando havia descido de ônibus em frente à Gávea, junto de seu primo.

Flamenguista fanático e torcedor de arquibancada junto a seu pai, Leandro já era matriculado em um curso pré-vestibular de Educação Física, porém, naquele dia em que esteve pela Zona Sul do Rio, foi influenciado pelo familiar a realizar um teste no clube, onde seria aprovado após duas avaliações. De acordo com o ex-jogador, seu primo disse: "Já que estamos aqui, porquê você não se matricula e faz o teste?". Com apenas dois dias de testes, Leandro foi aprovado no Flamengo.

Carreira de um único clube e naquela Seleção de 1982

Elenco flamenguista com a taça do Mundial de 1981 (Foto: Reprodução / Arquivo Flamengo)
Elenco flamenguista com a taça do Mundial de 1981 (Foto: Reprodução / Flamengo)

De 1976 até 1978, Leandro atuou nas categorias de base do clube rubro-negro. Comandado por Américo Faria, Leandro junto de Andrade, Mozer, Raul, Vitor e outras grandes revelações do Flamengo naquele período, se juntaram à Zico, Júnior, Tita e Adílio, também crias da base, na formação do elenco mais glorioso e vitorioso do Brasil nos anos 80.

Eleito o melhor da partida em sua estreia profissional, contra a Sociedade Esportiva Palmeiras, em 1978, no Maracanã, no confronto que acabou empatado por 1 a 1, Leandro despertou a atenção da apaixonada torcida e de seu treinador Joubert.

Habilidoso e inteligente taticamente, era questão de tempo para Leandro dominar aquela posição. Mesmo com uma lesão no joelho herdada de sua infância em Cabo Frio, e que atrapalharia sua ascensão com uma operação aos 20 anos de idade. Cobiçado por outro grandes clubes, como o Internacional de Porto Alegre, Leandro continuou no Flamengo, e mesmo sem integrar o elenco campeão nacional de 1980 por estar sem contrato, o lateral se acertou fisicamente ao fim daquele ano e retornaria à posição para fazer história.

Campeão estadual, da Copa Libertadores e do Mundial Interclubes em 1981, naquela vitória soberana sobre o Liverpool Football Club, Leandro já era absoluto na lateral e um dos destaques do time, além de ser aclamado pela torcida. Multicampeão, participou da Copa do Mundo de 1982, um ano após ser a grande revelação nacional para a imprensa brasileira.

Seleção Brasileira na Copa de 1982 (da esquerda para a direita): Waldir Perez, Leandro, Oscar, Falcão, Luizinho, Junior. Embaixo: Sócrates, Cerezo, Serginho, Zico, Eder (Foto: Getty Images)
Seleção Brasileira na Copa de 1982 (da esquerda para a direita): Waldir Perez, Leandro, Oscar, Falcão, Luizinho, Junior. Embaixo: Sócrates, Cerezo, Serginho, Zico, Eder (Foto: Getty Images)

Deslocado diversas vezes ao meio-campo, Leandro novamente foi campeão, porém do Campeonato Brasileiro em 1982 também. Numa atuação impecável na final contra o Grêmio Foot Ball Porto Alegrense daquela edição, Leandro soube no mesmo dia de sua convocação para a Copa do Mundo, sediada na Espanha, para defender a Seleção Brasileira de Telê Santana.

Apesar de vivenciar um difícil ano de 1983, Leandro, sob comando de Carlos Alberto Torres, novamente foi campeão do Campeonato Brasileiro, com direito até a gol na decisão. Naquela temporada, o jogador sofreu uma lesão no início do ano, que o tirou por cinco meses dos gramados. Com alguns problemas particulares, Leandro passou por divórcio e brigas de família, ocasionando sua dispensa da Seleção Brasileira para a Copa América daquele ano. Porém, dois anos depois, em 1985, o jogador que até cogitava uma aposentadoria precoce, foi levado por Zagallo à zaga, junto de Mozer. Bastante versátil, foi o melhor zagueiro daquele ano no Brasileirão, mesmo com limitações físicas por conta do seu joelho.

Dedicando seus últimos anos profissionais somente ao Flamengo, renunciou sua convocação para a Seleção na Copa de 1986 por problemas com Telê, foi novamente campeão brasileiro pelo Rubro-Negro em 1987 em sua última temporada sem ter grandes lesões. Sem espaço nos anos seguintes, pouco atuava. Leandro ainda guardou forças para a despedida de Zico, em 1990. Um ano depois decidiu pendurar suas chuteiras, quando atingia seus 31 anos de idade. Longe da grande mídia, voltou a Cabo Frio para viver com sua família, e oportunamente aparece em jogos do clube no Maracanã e em eventos na Gávea. Em uma homenagem na sede do clube, chorou ao cantar o hino rubro-negro junto de seus antigos colegas de equipe.

Reconhecimento

Leandro homenageado na Gávea. (Foto: Marcelo Côrtes/ C.R. Flamengo)
Leandro homenageado na Gávea. (Foto: Marcelo Côrtes/ C.R. Flamengo)

Leandro é o 15º jogador que mais defendeu a camisa do Flamengo. Considerado o melhor lateral direito da história do clube e um dos mais habilidosos da sua posição, incluindo o status de melhor driblador do elenco da Seleção Brasileira de 1982. O "peixe frito" é famoso por sua paixão pelo Rubro-Negro mesmo após o fim da sua carreira como jogador.

Em março de 2019, Leandro foi de vez eternizado na Gávea com um busto no hall da sede social do clube. Ainda no mesmo ano, o jogador esteve presente e participou do lançamento do uniforme flamenguista, que curiosamente foi campeão brasileiro e da Libertadores naquela temporada.

Com 14 gols marcados como jogador profissional, Leandro conquistou a Bola de Prata duas vezes, em 1982, como lateral direito, e 1985, como zagueiro. Versátil e exímio líder, o "Peixe Frito" já jogou decisões pelo Fla em ao menos três posições diferentes incluindo também o meio-campo. Segundo o ex-jogador, seus gols mais importantes pelo clube foram os dois na decisão contra o Santos, em 1983 (3 a 0), e contra o Fluminense no triangular final do carioca, dois anos mais tarde (1 a 1).

Curiosidades

Manter o equilíbrio: quando jovem, Leandro se proibia em Cabo Frio de usar sua perna direita para finalizar ou trocar passes enquanto jogava futebol com amigos. Considerado acima da média desde aquele período pelos colegas, era uma forma de o jogador manter o equilíbrio das partidas em seu bairro. Ali já se via sua habilidade.

"Eu jogo para caramba": durante a final de 1982 contra o Grêmio, Leandro chegou a bater boca com o goleiro do próprio time, Raul, pois o lateral queria o passe no tiro de meta, mas o arqueiro argumentava que a marcação gremista o pressionaria caso tocasse. De tanto pedir, a bola foi passada para ele, e em poucos segundos, o "Peixe Frito" chapelou seu adversário e iniciou com genialidade a jogada do segundo gol flamenguista partindo de sua área. Na volta do lance, o mesmo retrucou Raul: "Velho, eu jogo para caramba!".

Sucesso também como zagueiro: com sua carreira encurtada por problemas no joelho, em 1985 Leandro foi mudado à zaga. Seu sucessor seria Jorginho, contratado junto ao América para a posição. Ao lado de Mozer, formou a melhor zaga daquela temporada, e ainda seria campeão nacional após dois anos. 

Quase fora do Fla: Em 1980, Leandro quase foi emprestado pelo Fla ao Inter. O jogador na época foi para o Sul, mas a bateria de exames descartou sua contratação no Colorado. Na volta ao Rio, perdeu o Brasileirão daquele ano por estar sem contrato. Logo em seguida, teria seu vínculo novamente comprometido com o time da Gávea.

Renato Gaúcho e Leandro: titular da Seleção Brasileira, Leandro recusou jogar a Copa de 1986 por divergências com Telê Santana. Considerado difícil de se relacionar, o treinador da amarelinha teria ficado furioso com o lateral e Renato Gaúcho, que tinham virado a noite em um bar. Na ocasião, apenas Renato foi desconvocado, o que era injusto para o Peixe Frito. Três anos antes, Leandro foi dispensado da Copa América por problemas pessoais, pois encarava um difícil divórcio e rinchas na família. 

Não teve despedida: aposentando-se em 1990, Leandro revelou em 2014, à rádio Bradesco Esportes FM, que não considera que teve um jogo de despedida pelo Flamengo. Ídolo do clube, o ex-jogador lamentou ter saído à francesa, por problemas de lesão, e que se houvesse jogo de despedida, independente do ano, seria a concretização da sua aposentadoria, pois era de seu desejo jogar apenas no time do coração.

Títulos mais importantes

  • Mundial Interclubes (1981)
  • Copa Libertadores (1981)
  • Campeonato Brasileiro (1982, 1983 e 1987)
  • Campeonatos Carioca (1978, 1979-1º, 1979-2º, 1981 e 1986)