O futebol americano é, na opinião de muitos, um jogo onde você precisa estar, a todo instante, procurando por mismatches. Na tradução, isso significa buscar confrontos diretos entre jogadores onde seu time leve vantagem. Quando o Philadelphia Eagles entrar em campo no US Bank Stadium, em Minnesota, neste domingo (4), talvez tenha o corpo de running backs como seu maior trunfo.

O setor tinha altos e baixos na temporada passada, com Ryan Mathews sendo seu principal nome. Entretanto, totalmente renovado, o backfield dos Eagles agora conta com LeGarrette Blount, um "búfalo" quase impossível de ser parado; Jay Ajayi, back versátil que vem sendo bastante utilizado no jogo aéreo, principalmente em screens; e Corey Clement, o calouro não-draftado que vem surpreendendo a todos com grandes atuações. A defesa dos Patriots, em toda a temporada regular, permitiu praticamente 115 jardas por jogo em corridas, 20ª marca da liga.

RBs dos Eagles têm estilos de jogo variados e são armas poderosas para Doug Pederson

Contra uma defesa que sofreu para defender o jogo terrestre e não conta com seu principal jogador no corpo de linebackers - Dont'a Hightower viu sua temporada se encerrar na semana 6 -, se espera que Doug Pederson, técnico agressivo de Philadelphia, utilize muito seu jogo corrido, principalmente para evitar que Nick Foles seja obrigado a lançar muito a bola. E tem todo o jeito de fazer isso.

Pode-se esperar tranquilamente que Ajayi receba mais toques, visto que vem sendo o mais prolífico na posição, com absurdas 5.8 jardas/carregadas depois que foi trocado para Philly. O 'trem' é o mais completo de todos os RBs da equipe e vem tendo sucesso correndo de todas as formas, pelo centro da linha ofensiva - escolhida a melhor da NFL na premiação oficial da liga -, pelo lado de fora e recebendo passes em screens, quando aproveita a mobilidade, principalmente, de Jason Kelce, center All-Pro. As corridas por fora da linha ofensiva, aproveitando bloqueios de tight ends como Trey Burton ou Brent Celek, também serão importante, já que os LBs de New England não apresentam tanto atleticismo.

Quando se precisar daquela jardinha teimosa, numa terceira descida, ou próximo à linha de gol, chamem LeGarrette Blount. O homem quebrou tackles em 17% de suas corridas na temporada regular. É duro derrubar o running back de 1,83m e 113kg. Campeão do SB LI com os Patriots no ano passado, quando liderou a liga em TDs, o 'búfalo' não deve receber tantas carregadas, mas ainda pode ser importante na redzone.

Parar Blount no mano a mano é complicado; só com ajuda mesmo (Foto: Icon Sportswire via Getty Images)
Parar Blount no mano a mano é complicado; só com ajuda mesmo (Foto: Icon Sportswire via Getty Images)

Corey Clement pesa 100kg, bem distribuídos em 1,78m de altura. Mas sua força não deve enganar ninguém. O calouro é bastante ágil, difícil de tackler e também deve ser uma arma no jogo aéreo. Aqui, cabe lembrar a todos de seu touchdown contra o Washington Redskins, em jogada espetacular de Carson Wentz.

Jogo corrido influenciará não apenas no ataque, mas também na defesa dos Eagles

Uma das maiores lições que Philadelphia tem de ter aprendido com o Super Bowl LI, onde o Atlanta Falcons sofreu uma virada histórica pelas mãos de Tom Brady e dos Patriots é a seguinte: correr com a bola e gastar tempo faz muita diferença. New England tem uma série de viradas no fim e muitas delas usam o cansaço das defesas adversárias como uma vantagem.

Para manter a sua própria defesa descansando, o melhor remédio é manter o ataque em campo. E como fazer isso? Estendendo campanhas, mantendo o relógio correndo - por isso o jogo corrido é tão importante - e reduzindo o número de turnovers. Somando os números de Ajayi/Clement/Blount, foram apenas três fumbles sofridos na temporada. Sem Wentz e sua mobilidade, a força desse grupo de running backs será essencial para que os Eagles conquistem primeiras descidas e tirem Brady de campo.

Mas para que tudo isso se concretize, Philly precisará pontuar. Os Patriots têm uma das piores defesas da NFL em termos de jardas cedidas, mas sofreram uma média de 18 pontos por partida - quinta melhor marca da liga -, principalmente porque colocam seus oponentes sempre em uma posição de campo complicada e conseguem segurar os ataques na redzone. No entanto, os Eagles anotaram touchdowns em 65% das vezes em que chegaram às últimas 20 jardas. Resta saber quem levará a melhor neste domingo.

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Sobre o autor
Gabriel Menezes
Jornalismo na UFRJ. Coordenador e setorista de Botafogo; Coordenador de Futebol Americano e Italiano