Nesta quinta-feira (21), a Argentina enfrentou a Croácia pela segunda rodada do Grupo C da Copa do Mundo e foi derrotada pelo amplo placar de 3 a 0 para os croatas. Enquanto havia torcedores se reunindo nos arredores do Estádio Nizhny Novgorod, em Moscou, os hermanos 'cariocas' também se juntavam para assistir Lionel Messi e cia. com a esperança de seguir na campanha pelo fim do jejum de 25 anos sem títulos.

Nos instantes anteriores à partida, o clima se misturava entre incentivo e apreensão, que aumentavam a cada minuto passado no relógio. A confiança sempre foi uma característica do torcedor argentino, e parece que isso não mudará jamais. Porém em meio ao turbulento momento pela seca de títulos, pressão em cima dos jogadores e a incerteza no treinador Jorge Sampaoli pareciam causar um ar de desconfiança, que logo era disfarçada por gritos de apoio.

O próprio treinador era crítica unânime entre os torcedores presentes. Além das polêmicas envolvidas extra-campo, Sampaoli parece não ter achado a equipe ideal e isso ficou claro na divulgação da escalação para a partida contra a Croácia. Após o empate com a Islândia, o comandante argentino optou pelas saídas de Dí Maria e Rojo da equipe, titulares e destaques na última edição do Mundial, além de Biglia, e em mudar o esquema de jogo do time.

Sampaoli foi o grande responsabilizado pela derrota da Argentina. Foto: Adam Pretty/FIFA/Getty Images
Sampaoli foi o grande responsabilizado pela derrota da Argentina. Foto: Adam Pretty/FIFA/Getty Images

As trocas não foram bem recebidas pelos hermanos presentes no Bar La Cazota, que prontamente dispararam críticas a Sampaoli ao saberem da escalação. Um deles, Luciano, que vive no Rio de Janeiro há pouco menos de seis meses, revelou que os argentinos se veem de mãos atadas às escolhas do treinador, além de não possuir confiança em Jorge:

"A gente não confia muito nele. Sobre as escolhas, a gente não pode fazer mais nada. Por exemplo, quem torce para o Boca, pede seu jogador, quem torce para o River, faz o mesmo. Ao final, acho que ninguém queria ele (Sampaoli no comando). O time tem muitas falhas na defesa e meio de campo. Nossa defesa é muito ruim (risos)", afirmou.

Outra polêmica entre os torcedores sobre a escalação de Sampaoli foi no gol: Caballero, que já vinha sendo indicado como dono da posição após a lesão de Sergio Romero, não recebe toda a confiança dos hermanos, que preferem Franco Armani, arqueiro do River Plate. No entanto, os mesmos ainda não sabiam sobre o que estaria por vir no decorrer da partida.

Enquanto a partida não se iniciava, além da cantoria e cerveja, a distração dos hermanos era as frequentes aparições de Diego Maradona nas filmagens da televisão. A cada vez, os fãs festejavam da mesma maneira e a pergunta sobre comparações entre o ídolo histórico e Messi, o ídolo atual, é inevitável. Na resposta, Luciano opinou sobre sua impressão sobre os 'camisas 10' e explicou que a maior diferença entre ambos, para ele, está na personalidade.

Messi é um jogador melhor, mas Maradona é um ícone nacional - torcedor argentino

"Messi é um jogador melhor, mas Maradona é um ícone nacional. Messi é mais quieto, tem a enorme pressão de não ter conquistado a Copa do Mundo. Enquanto Diego é um ídolo do povo. Quando Maradona falecer, a Argentina declarará luto nacional de cinco dias", explicou o torcedor.

Maradona esteve presente na derrota contra a Cróacia, carregando a camisa de Messi (Foto: Chris Brunskill/Fantasista/Getty Images)
Maradona esteve presente na derrota contra a Cróacia, carregando a camisa de Messi (Foto: Chris Brunskill/Fantasista/Getty Images)

Presença de brasileiros na torcida pelos hermanos

As vozes das reclamações com o time argentino durante a partida nem sempre continham sotaque castelhano. Em alguns momentos, se foram ouvidas palavras em português, com sotaque carioca, mas com a mesma vibração e objetivo: ver a Argentina reagir. Não se sabia de onde era, afinal, a maioria estava com olhar bravo e uniformizada com as cores albicelestes, porém, parecia estar cada vez mais claro de que havia brasileiros no local, e eles não estavam torcendo contra Messi.

A quebra da rivalidade não era dada em tão pequeno número. Entre o grupo, haviam três 'infiltrados', entre eles, Henrique, presente com a camisa do Barcelona, caracterizada com nome e número de Lionel Messi. Em diversos pontos da partida, pôde-se observar Henrique irritado com o time argentino, cobrando troca de passes e paciência entre os jogadores.

Ao fim da partida e com o amargo resultado, o grupo brasileiro discutia, assim como os argentinos, sobre os problemas encontrados na equipe e relembrando elencos do passado. Foi possível observar a mágoa pela falta de vontade de jogadores, que prontamente eram comparados ao espírito de Simeone. Da mesma forma, a falta de um homem de ligação foi caçada por um nome no passado, como o de Verón. Sendo assim, após o jogo, o torcedor Henrique cedeu entrevista à VAVEL Brasil e explicou sua relação com a Seleção Argentina:

"Comecei a torcer em 2008, 2009, por causa do Messi. Sempre me identifiquei com a causa dele, por ser um grande jogador e defender o país dele, além de nunca ter ganhado uma Copa do Mundo. A partir disso, comecei a torcer para a Argentina, assim como um grande amigo meu. Sempre me reúno com ele e outros para assistir aos jogos da seleção. Outros amigos não entendem muito bem esse sentimento", contou Henrique

Henrique negou que a torcida para a Argentina tenha mudado seu sentimento em relação à Seleção Brasileira e afirmou estar presente na torcida verde e amarela no dia seguinte, contra a Costa Rica. Sobre a possibilidade da edição de uma final de Copa do Mundo entre Brasil e Argentina, ele decidiu seu lado, pelo menos hoje em dia:

"Depende. Hoje, acredito que torceria para a Argentina por conta do Messi, por ele nunca ter ganhado uma Copa do Mundo. Acho que ele consiga disputar mais um Mundial com 34, 35 anos e realizar esse sonho", disse.