Se você acompanha a Bundesliga a algumas temporadas e o faz pela cobertura dos canais ESPN, tenho absoluta certeza que leu o título acima com a voz de Rogério Vaughan gritando após mais tento assinalado pelo centroavante; Seja por Werder Bremen ou Bayern de Munique. Ninguém o julgará por isso. Até porque é uma cena que já foi repetida a exaustão nesses últimos anos e após o massacre do virtual campeão da temporada sobre o Hamburgo, e os quatro gols do peruano, se tornou uma marca histórica aplausível.

164 gols no Campeonato Alemão. O atacante já detinha a marca de maior artilheiro estrangeiro da história da competição, quando em 2010, ainda atuando pelo Werder Bremen, ultrapassou o brasileiro Giovane Élber e alcançou a primeira posição, com 134 bolas nas redes. 30 tentos e quase três anos depois, o ‘Bombardeiro dos Andes’ se torna o décimo maior artilheiro da história da Bundesliga. Ultrapassou nada mais nada menos, que o seu patrão. Isso mesmo, um  tal de Karl-Heinz Rumenigge, CEO do Bayern e um dos maiores jogadores alemães da história.

O fato interessante envolvendo esses dois mitos da bola, é que em 2007, quando o atacante deixou os Bávaros e assinou contrato com o Chelsea, teve desavenças públicas com os diretores do clube durante tentativas de renovação de contrato. Chegando ao cúmulo de ouvir uma célebre frase de Rumenigge, de que "qualquer pessoa que pretenda ganhar tanto quanto Shevchenko é melhor começar a jogar como Shevchenko". Isso, Pizarro nunca conseguiu, nem possuiu recursos técnicos para tal. Tanto que após 32 partidas e apenas 2 gols pelo time londrino, foi cedido ao Werder Bremen para um recomeço no clube que o projetara no futebol europeu, nove anos antes.

A verdade é que Claudio Pizarro nunca foi um craque de bola, daqueles que enchem os olhos. Mas sempre foi extremamente eficiente em seu ofício goleador. Dono de um jogo aéreo admirável e uma precisão rara na finalização com os dois pés, o peruano nunca conseguiu levar sua seleção a disputa de um Mundial. Mas acho que ninguém na Baviera se importa com isso. O camisa 14, que tantas alegrias deu a torcedores alemães nessas 13 jornadas de Bundesliga, nunca se sagrou artilheiro de sequer uma edição do torneio. Mas dono de uma regularidade elogiável, nunca deixou de marcar ao menos 10 gols em uma temporada no país que tão bem o acolheu. Na atual, 20 jogos e 10 gols. Média de uma bola na rede a cada duas partidas. Números ruins para o 2º reserva? Ninguém em sã consciência diria isso.

Pizarro deverá ter chances de aumentar seu recorde, estando apenas dois gols atrás de Hannes Löhr na lista dos grandes matadores. E o Bayern provavelmente lhe dará oportunidades nesse final de ano, até porque o título deverá ser confirmado na próxima rodada e as últimas partidas serão apenas para cumprir tabela. O futuro desse artilheiro é incerto, com o contrato vencendo ao fim da temporada e a indefinição se o próximo treinador, Guardiola, contará com o seu futebol. Você apostaria?