Depois de duas temporadas, o Cruzeiro está de volta a Copa Libertadores da América. O time celeste entra em mais uma edição do torneio mais importante do continente visando o tricampeonato. Sob o comando de Marcelo Oliveira, a Raposa conta com um grupo já entrosado, com peças já com alguma experiência na competição e com a força já provada em 2013 no Novo Mineirão para superar os adversários e faturar mais uma taça.

Campeão brasileiro em 2013, o Cruzeiro se classificou para a Libertadores como o melhor colocado do Brasil - já que o Atlético-MG se garantiu pelo título da última edição - e foi sorteado como cabeça de chave do Grupo 5, tendo a companhia do Defensor Sporting (URU), Real Garcilaso (PER) e Universidad de Chile, que passou pelo Guarani (PAR) na fase preliminar da competição. Para a disputa do torneio continental, a manutenção do elenco e reforços pontuais deixam a torcida com grande esperança para 2014.

Não perder nenhum dos destaques do time campeão nacional foi a grande vitória do Cruzeiro na virada de ano. Além disso, a diretoria tratou de fortalecer ainda mais o elenco, com contratações de promessas e jogadores já experientes no torneio. Miguel Samudio, lateral-esquerdo paraguaio de 27 anos, tem vasta experiência na competição. Atuando pelo Libertad (PAR), o jogador foi o carrasco do Fluminense em 2011, fazendo o gol que desclassificou o tricolor das laranjeiras nas oitavas de final.

Outro reforço para a temporada é Marcelo Moreno. Artilheiro da competição em 2008 pelo próprio Cruzeiro, com 8 gols, o boliviano conta com o carinho da torcida para reencontrar o bom futebol depois de muito tempo em baixa. Moreno terá somente a concorrência de Borges no ataque, já que a promessa Vinicius Araújo foi vendida ao Valencia, da Espanha. Vilson, Marlone e Rodrigo Souza também fazem parte do elenco celeste para a temporada.

Marcelo Oliveira, o comandante

Ídolo da torcida do maior rival do Cruzeiro, Marcelo Oliveira chegou ao clube no início de 2013 com a missão de superar a grande rejeição da torcida celeste e levar a Raposa de volta às conquistas depois de duas temporadas desastrosas. Superando expectativas, o treinador fez uma temporada que fez o torcedor esquecer qualquer ligação de Marcelo com o Atlético-MG.

Durante muito tempo fazendo parte da comissão técnica que comandava as categorias de base do Galo, Marcelo Oliveira teve sua primeira oportunidade em um time de destaque apenas em 2011. Com a saída de Ney Franco para a Seleção Brasileira sub-20, o treinador assumiu o Coritiba e manteve o ótimo trabalho. Chegou a duas finais de Copa do Brasil consecutivas, porém sendo derrotado em ambas, para Vasco (2011) e Palmeiras (2012).

Não muito depois de mais um fracasso na Copa do Brasil, Marcelo foi demitido do time paranaense. Ainda em 2012, assumiu o Vasco da Gama e teve um desempenho desastroso. Em somente 10 partidas, conseguiu apenas duas vitórias, dois empates e seis derrotas. Ao fim do Campeonato Brasileiro da ocasião, foi demitido do time da Colina e o presidente celeste não teve medo em arriscar no treinador, que inegavelmente estava em baixa.

Contando com um pacotão de reforços, Marcelo iniciou 2013 com uma boa campanha no Campeonato Mineiro, mas que teve um fim triste para a torcida. Na final, derrota para o Atlético-MG no Independência e, apesar do triunfo por 2 a 1 na partida de volta no Mineirão, a Raposa ficou com o vice campeonato. Na Copa do Brasil, eliminação precoce para o Flamengo nas oitavas de final fez com que os torcedores questionassem muitas decisões do técnico, não sabendo o que os aguardava.

Com sobra, o comandante celeste levou o time ao tricampeonato brasileiro. Contando com a experiência de Fábio, a segurança de Dedé e a 'força vital' de Nilton, o Cruzeiro chegou ao titulo com três rodadas de antecedência. Além da taça, Marcelo tirou mais um coelho da cartola: Everton Ribeiro, o craque da competição.

Everton Ribeiro quer se firmar como craque em 2014

Everton Ribeiro, de 24 anos, chegou do Coritiba em 2013 e fez a torcida celeste não sentir nenhuma saudade de Walter Montillo. Mesmo com um Campeonato Mineiro abaixo das expectativas, ficando fora dos holofotes pela presença de Diego Souza, Everton sempre teve a paciência do torcedor.

Após marcar um golaço contra o Flamengo na Copa do Brasil, o meia deslanchou de vez na temporada. Com uma perna esquerda repleta de repertório de dribles, Ribeiro caiu de vez na graça da torcida e foi o nome da conquista celeste. No fim, foi o líder de assistências e ainda fez 15 gols durante toda a temporada.

Como o Cruzeiro joga

Ao estilo Marcelo Oliveira, com um futebol ofensivo e vistoso, o Cruzeiro atua desde a última temporada no esquema 4-2-3-1 e não aparenta mudanças para 2014. A equipe-base do time azul-estrelado é: Fábio; Ceará, Dedé, Bruno Rodrigo, Egídio (Samudio); Nilton, Lucas Silva; Everton Ribeiro, Ricardo Goulart, Dagoberto; Marcelo Moreno (Borges).

A força no Mineirão

Após ficar sem o Gigante da Pampulha por cerca de um ano e meio, o Cruzeiro deu graças a Deus quando pode jogar no estádio novamente. O Mineirão foi de grande importância para a excelente temporada da Raposa em 2013. Constatemente lotado, a torcida deu show durante toda a trajetória no titulo brasileiro.

Com um retrospecto extraordinário, o Cruzeiro fechou a temporada com uma média de 28 mil pessoas por partida. No campo, o time celeste conseguiu a incrível marca de 93,3,9% de pontos conquistados; em 28 jogos, foram 24 vitórias, três empates e apenas uma derrota, para o algoz São Paulo, no segundo turno do Brasileirão. Contando somente a competição nacional, foram 45 pontos em 54 possíveis.

Já em 2014, o Cruzeiro jogou duas vezes em sua 'casa' e mais dois resultados positivos: vitórias diante da Caldense e Villa Nova, por 1 a 0 e 3 a 1, respectivamente.

Bicampeão, Cruzeiro tem vasta experiência em Libertadores

Em termos de tradição, o Cruzeiro se destaca entre os clubes brasileiros em questão de Libertadores da América. Com duas conquistas, uma em 1976 e outra e 1997, a Raposa é um dos times nacionais com mais titulos, atrás somente do São Paulo, que tem três. Apesar da taça de 1976, conquistada sobre o River Plate na Argentina ser marcante na história do clube mineiro, o título em 1997 ficou marcado, principalmente pelas adversidades que o elenco estrelado passou durante a competição.

Campeão da Copa do Brasil em 1996, a Raposa não entrou como favorita na competição. Em um grupo complicado, com Grêmio, Alianza (PER) e Sporting Cristal, o Cruzeiro teve um péssimo início. Foram três derrotas nas três primeiras partidas, deixando o time celeste longe da classificação e culminando na demissão do treinador Oscar Bernardi.

Com a chegada de Paulo Autuori - atualmente técnico do Galo -, o Cruzeiro conseguiu uma improvável reação, vencendo os três jogos restantes e passando como segundo colocado, atrás do Grêmio. Nas oitavas de final, o El Nacional do Equador foi o adversário. Após derrota fora de casa por 1 a 0, Marcelo Ramos foi o heroi da remontada no Mineirão com dois gols.

Na fase seguinte, o Grêmio apareceu novamente no caminho. Sem passar grandes sustos, a Raposa conseguiu a classificação para a semifinal, com destaque para as atuações gigantes de Dida. Na semi, diante do Colo Colo (CHI), os comandados de Autuori passaram por um grande drama. Depois de um 3 a 3 no agregado, o Cruzeiro veio a conseguir a classificação nos pênaltis, vencendo por 4 a 1.

Na grande decisão, o time celeste reencontrou mais uma equipe que fez parte de seu grupo no inicio da competição. Desta vez foi o Sporting Cristal (PER), que deu mais trabalho que o esperado na final. No Peru, o Cruzeiro saiu com um empate sem gols e tudo seria decidido no Gigante da Pampulha. Para mais de 95 mil pessoas e com grande partida de Dida, a Raposa venceu, no sufoco, com gol do heroi improvável Elivelton, chegando a sua segunda conquista do principal torneio do continente.