O jogo diante do Sassuolo no último domingo (23) se encaminhava para ser apenas mais um na temporada da Lazio pela Serie A, mas a torcida resolveu mostrar sua total insatisfação contra a gestão do presidente Claudio Lotito, transformando a data em um marco na história do time romano. Pouco mais de 40 mil pessoas foram ao estádio Olímpico com o intuito de protestar contra a direção do clube, no manifesto intitulado "Libera la Lazio" ("Lazio livre", em tradução literal).
 
Os protestos, organizados através das redes sociais, começaram ainda fora do estádio, antes do início da partida contra o Sassuolo. No momento em que Lotito chegou às tribunas, 30 mil cartazes com a frase "Libera la Lazio" foram expostos pelos torcedores. Além disso, o presidente foi fortemente vaiado. No meio da multidão de folhas de papel, vários outros cartazes maiores se destacaram. "Lotito ladrão de sonhos", "Lotito vá embora" e "Ou nós ou ele" foram algumas das frases exibidas na Curva Nord, o setor do estádio Olímpico que abriga o segmento mais radical da torcida biancoceleste. Cartazes com "Vá embora" escrito em várias línguas também foram mostrados.
 
Outras faixas criticaram o presidente da Lazio com ironia. Uma delas dizia, em letras grandes, "Maioria absoluta", respondendo ao próprio dono do clube, que havia classificado os críticos da sua gestão como uma "pequena minoria". Uma bandeira como rosto de Sergio Cragnotti, antecessor de Lotito e presidente mais vitorioso da história da Lazio, também foi vista no estádio.
 
Os protestos vieram também de forma oral. "Mandem-no embora", "Viva a pequena minoria" e "Você deve ir embora" eram os coros da torcida da Lazio. Os contestadores só cessaram as críticas para comemorar os gols da suada vitória por 3 a 2 contra o Sassuolo. Sentado ao lado do diretor esportivo Igli Tare e do presidente da liga dos clubes da Serie A Maurizio Beretta, Lotito não mostrou reação à manifestação durante a partida. O número um da Lazio abandonou as tribunas escoltado por policiais e ao som de gritos de "Fora, fora!".
 
Após o final do jogo, o presidente comentou a manifestação. "O que importa é fazer uma crítica construtiva. O clube não está à venda e o darei a meu filho", rebateu Lotito. "Não tenho nenhuma preocupação e não estou disposto a vender a Lazio. Em 2004 eu investi 150 bilhões de liras do meu próprio bolso para adquirir 1070 bilhões em dívidas. Criei um canal de televisão e um de rádio para o clube e restaurei todo o centro de treinamento, o time vai muito bem nas categorias de base, vencemos duas Coppa Italia e uma Supercoppa", defendeu-se.
 
"Está claro que estão tentando me forçar a vender a Lazio", continuou o cartola. "Mas todos esses contestadores devem entender que eu não venderei o clube. Na verdade eu o deixarei para meu filho. As críticas são bem-vindas, mas nessa contestação pouco importa a questão esportiva. Vencemos títulos, estamos estavelmente disputando competições europeias e temos as contas em ordem, ao contrário de outros clubes. De que podem me culpar? Eu sou um presidente-torcedor, não um torcedor-presidente. Não sou infalível, mas só quem não trabalha não comete erros. Se eu os cometo, faço sempre de boa fé e pelo bem da Lazio. O meu lema é o mesmo lema desta equipe: não desistir nunca. O que estão contestando? Eu salvei este time da falência e fiz milagres", completou Lotito.
 
A próxima partida em casa da Lazio será no dia 9 de março, contra a Atalanta. Desta vez, especula-se que os torcedores pretendem protestar de forma oposta, deixando o estádio Olímpico vazio como forma de mostrar seu descontentamento com a gestão atual.
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Sobre o autor
Cleber Gordiano
Mezzo mafioso, mezzo cangaceiro.