Surpreendente. Não existe adjetivo que defina melhor o momento que vivem Nacional-PAR e Arsenal de Sarandí nesta Libertadores da América 2014. Contrariando todos os prognósticos que haviam antes do início da competição, nesta quarta-feira (07), às 18h45, o Defensores del Chaco será o palco para que paraguaios e argentinos comecem a busca por uma vaga nas semifinais do torneio continental, em que ambos sequer chegaram perto em suas histórias. O colombiano Wilmar Roldán apita o primeiro jogo das quartas de final.

Um ingrediente importante destes jogos será o duelo entre dois jovens e promissores treinadores. De um lado, o ex-meia Gustavo Morínigo, de 37 anos, campeão paraguaio treinando o Nacional na temporada passada, e com passagens pela seleção paraguaia quando jogador. Do outro, dispensando maiores apresentações, Martín Palermo, de 40 anos, que treina seu 2º clube na carreira, recém-chegou no Arsenal - substituiu Gustavo Alfaro ao final da fase de grupos -, e é assessorado por outros dois ex-atletas históricos do futebol argentino, Roberto Carlos Abbondanzieri e Rolando Schiavi.

O Nacional Querido começou sua participação na Libertadores como franco-atirador, apesar de ser uma equipe em ascensão na competição. Esta é apenas a 7ª aparição do Tricolor paraguaio no maior torneio das Américas - a 5ª nos últimos 8 anos. Pela primeira vez, o modesto clube de Assunção alcançou o mata-mata, e já chega às quartas de final. Não bastasse eliminar o Santa Fé, semifinalista da edição 2013 da Copa, deixou para trás o Vélez Sarsfield, equipe de melhor campanha na 2ª fase, nas oitavas de final.

Por sua vez, o Arsenal de Sarandí não protagonizou nenhuma grande façanha, apesar de sua passagem além da fase de grupos também ser inédita - bateu na trave ano passado, quando perdeu no saldo de gols para o São Paulo. A equipe do Viaducto está em sua 4ª participação na Libertadores, e em que pese seus 57 anos de história, o clube fundado pelo atual presidente da AFA, Julio Humberto Grondona, tem um título internacional na bagagem: a Copa Sul-Americana de 2008. Os argentinos eliminaram Peñarol e Deportivo Anzoátegui na fase de grupos, e a Unión Española nas oitavas-de-final.

Fervor nacionalófilo segue firme para libertar a América

Clube cuja torcida mantém um dos sites mais peculiares da internet, sendo o time mais simpático do Paraguai. O Club Nacional de Assunção quer provar que é muito mais que apenas um "rostinho bonito" na Libertadores da América e pretende apresentar suas armas diante do Arsenal argentino. O Vélez Sarsfield já foi derrubado em seu Fortín, agora é necessário atravessar um Viaducto cheio de armadilhas para seguir adiante em busca de seu sonho.

Para o primeiro desafio, diante de sua pequena, mas apaixonada torcida, o Nacional não tem problemas muito sérios para definir o time que vai a campo. Já no empate contra o Sportivo Luqueño, pelo Apertura paraguaio, todas as atenções estavam voltadas ao duelo dessa quarta-feira (07). O técnico Gustavo Morínigo mandou a campo uma equipe totalmente alternativa na partida de sábado (03), para evitar possíveis desfalques. Apesar do empate, o treinador recebeu como recompensa um time titular descansado e focado no confronto contra o Arsenal.

No domingo (04) o elenco já estava treinando; enquanto os que atuaram todo o tempo em Luque apenas fizeram trabalho regenerativo, o restante do grupo realizou um trabalho com bola, junto com os jogadores da base. Os preparativos seguiram na segunda (05), em uma atividade direcionada para aspectos físico-técnicos, além de trabalhar finalizações, afinal, o time precisará ir com tudo para cima do Arsenal para ter uma vida menos difícil na Argentina.

O zagueiro Raul Piris, jogador com mais aparições com a camisa do Nacional Querido na Libertadores, falou sobre o momento vivido pelo clube. "Vivi de tudo no Nacional, vai ser difícil esquecer tudo isto, pude estar nas maiores conquistas do clube e o que está acontecendo não se compara com nada. Nosso sonho era fazer uma boa Libertadores e estamos conseguindo, tomara podermos seguir adiante", falou o defensor à rádio 780 AM, de Assunção.

Problemas para montar a defesa atormentam a vida d'El Titán

Assim como o Nacional, o Arsenal direcionou todo seu foco para o desafio das quartas de final da Libertadores. Pela 17ª rodada do Torneo Final (Campeonato Argentino), a equipe de Sarandí venceu o Newell's Old Boys jogando em casa, mesmo entrando em campo com um time totalmente reserva. Na vitória por 3 a 2, ficou clara a importância do zagueiro Mariano Echeverría. O defensor, que marcou dois dos gols no triunfo sobre La Lepra, seguirá cumprindo suspensão pela expulsão ainda no jogo de ida das oitavas-de-final da Copa, contra a Unión Española.

O treinador Martín Palermo repetirá o quarteto defensivo que atuou em Santiago, quando o time conseguiu sua histórica passagem às quartas de final do torneio: González Pirez, Nervo, Braghieri e Pérez formarão a retaguarda da equipe do Viaducto. No entanto, mais um possível desfalque incomoda o técnico do Arsenal. Na chegada a Assunção, o goleiro Campestrini, um dos melhores, se não o melhor jogador do time na competição, acusou uma lesão no adutor da coxa esquerda. O arqueiro fará testes minutos antes da partida para saber se poderá entrar em campo - caso não possa, o veterano Limia assume a vaga.

Já em solo paraguaio, Palermo falou sobre a lesão de Campestrini e sobre o que pretende encontrar no Defensores del Chaco. "Ele (Campestrini) reclamou de dores no treinamento, vamos esperar até amanhã (quarta) pela manhã. Pato (Abbondanzieri) vai fazer algumas movimentações e exigi-lo um pouco, mas não podemos arriscar e comprometer a condição dele e a nossa, enquanto equipe", resumiu o técnico. Na sequência, Martín falou sobre o adversário: "é uma equipe dura, mas conseguiremos jogar, eles não são uma equipe paraguaia tradicional, excessivamente defensiva".

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