O drama ficou para trás. Não teve sofrimento, se houveram lágrimas, todas foram de alegria. Uma alegria imensa, um grito arrancado da garganta de uma forma intensa, para perder a voz. Para ganhar o título do Torneo Final 2014. O River Plate não teve nenhuma dificuldade para atropelar o Quilmes, vencendo por 5 a 0, neste domingo (18), e conquistando seu 35º título nacional na história. O triunfo aconteceu diante de mais de 60 mil pessoas, que tomaram o Monumental de Núñez e comemoraram o fim de uma seca que já durava 6 anos, que demoraram a passar. Os gols millonarios foram marcados por Cavenaghi, duas vezes, Mercado, Ledesma e Teófilo Gutiérrez.

Ainda que fosse derrotado, o River Plate conquistaria o título, pois os outros postulantes, os rivais de La Plata, foram derrotados em seus jogos. O cenário dos confrontos paralelos foi tão insólito, que o Boca Juniors, que venceu o Gimnasia y Esgrima (LP) por 1 a 0, no estádio do Bosque, acabou sendo o vice-campeão. No outro jogo, o Estudiantes (LP) perdeu para o Tigre, no Monumental de Victoria, por 2 a 1, de virada. Com a conquista, o River Plate garante vaga na Libertadores da América 2015, além de ser o adversário do San Lorenzo no próximo sábado, na Superfinal do Campeonato Argentino 2013/2014, que será disputada em San Luis. O último título do Millo havia sido no distante Torneo Clausura 2008, quando o técnico era o hoje consagradíssimo Diego Simeone.

O time de Ramón Díaz dominou amplamente o jogo, além de ter sido extremamente eficiente: das 6 chances claras de gol que foram criadas, 5 foram convertidas. O Quilmes passou poucas vezes do meio do campo, em uma postura totalmente daquela prometida pelo treinador Ricardo Caruso Lombardi, sendo uma presa facílima para um interessado e qualificado River Plate.

River Plate atropela o Quilmes e praticamente define o jogo em 25 minutos

Único dos times que dependia apenas de si próprio para ser campeão, o River Plate se posicionou de forma bastante adiantada, para complicar a saída de bola do Quilmes e tentar abrir espaços com intensa movimentação. Logo aos 6 minutos, uma boa trama de Lanzini e Teo Gutiérrez culminou em um balaço de Ledesma que passou à direita de Walter Benítez. Com um comportamento muito agressivo, não tardou para o Millonario abrir o marcador. Pouco antes dos 10 minutos, Vangioni chegou forte pelo lado esquerdo, cruzou para Carbonero, que parou na defesaça de Benítez, mas no rebote não deu para o arqueiro do Quilmes, e Cavenaghi só teve o trabalho de empurrar para o gol. Após o gol, o River tirou um pouco o pé, esperando que o Cervecero se soltasse, modificando sua proposta inicial.

O jogo estava morno, sem grandes emoções, até que o River Plate arranjou um escanteio pela direita. E foi mortal. A cobrança de Rojas foi correta, o desvio de Maidana extremamente preciso, e Mercado, recém-convocado para a lista dos 30 de Sabella, apenas empurrou para as redes, decretando a festa no Monumental de Núñez. Com 30 minutos da etapa inicial o título estava encaminhado e a torcida cantava o "olé" nas arquibancadas. O Quilmes do técnico Ricardo Caruso Lombardi, declarado torcedor pincharrata, não fazia nenhuma frente a um River Plate organizado, motivado e muito mais qualificado. No final do primeiro tempo ainda deu tempo de Rojas perder chance claríssima, frente à frente com o goleiro cervecero.

Na etapa final, a consolidação de uma massacrante superioridade

Os donos da casa, jogando muito mais leves, fizeram um jogo de meia linha, totalmente posicionados no campo de ataque. O River Plate cercava a área do Quilmes, que quando conseguia o desarme, não trocava dois míseros passes e já perdiam a posse da bola. Então, aos 19 minutos, o time millonario tratou de definir a parada. Em um ataque aparentemente despretensioso, a bola sobrou para Ledesma, um dos melhores jogadores do River na campanha do título, que mandou um canhão, no ângulo do gol defendido por Benítez. A goleada começava a se desenhar. Passados pouco mais de 5 minutos, Cavenaghi teve gol bem anulado pela arbitragem.

Se na primeira não valeu, a segunda valeu, valeu demais, valeu título! Grande combinação no ataque do River Plate, e a bola ficou para El Torito, que chutou cruzado, com decisão, vencendo Benítez. A torcida começou a comemorar o título, de fato. A saída de Ledesma, quando o volante deu lugar a Kranevitter, foi a primeira das ovações da noite. O técnico Ramón Díaz chegou a chorar em determinado momento. O artilheiro da noite, Cavenaghi, foi aplaudido em pé, fazendo uma festa espetacular para os hinchas, com o banco de reservas. Os últimos 15 minutos de jogo foram de festa absoluta, tendo o Quilmes como espectador de luxo. Em um contra-ataque, no último lance do jogo, Teo Gutiérrez ainda fez o quinto. Depois do gol, Silvio Trucco deu o apito final, a senha para o River Plate partir para a comemoração do título, após 6 longos anos de jejum.

Estudiantes (LP) e Gimnasia y Esgrima (LP) perdem e não incomodam o River Plate

Quem torcia por uma decisão emocionante, se decepcionou. Além da goleada do River Plate sobre o Quilmes, os outros dois postulantes ao título do Torneo Final 2014 foram derrotados. Na despedida dos gramados de Verón, o Estudiantes até saiu na frente do Tigre, em Victoria, com gol de Carrillo, mas permitiu a virada do Matador, com gols de Itabel e Godoy. O Gimnasia y Esgrima também não foi páreo para o Boca Juniors, e perdeu por 1 a 0, gol de Acosta. O Xeneize alcançou os mesmos 32 pontos do Pincha, superando-o nos critérios de desempate, enquanto o Lobo ficou com 31 pontos na classificação final.

Triplo 2 a 1 e desempate decretado pela última vaga no descenso

Dos 3 times que ainda corriam risco de rebaixamento, apenas o Godoy Cruz se salvou neste domingo. O Godoy Cruz venceu o Racing por 2 a 1, gols de Díaz e Castillón para o Tomba, e de Roger Martínez para La Academia. O drama ficou reservado para Sarandí e Santa Fe, onde os confrontos foram decididos apenas nos minutos derradeiros de jogo. Ambas as partidas estavam empatadas em 1 a 1, quando Albertengo fez o 2 a 1 para o Atlético de Rafaela sobre o Arsenal, aos 47 minutos do 2º tempo. O jogo terminou e os jogadores e comissão técnica de La Crema já comemoravam a permanência, quando chegou a notícia que Alario havia virado o jogo para o Colón contra o Olimpo, aos 48 minutos da etapa complementar. As equipes disputarão um jogo desempate no próximo sábado (24), no Coloso del Parque, para definir quem permanece na elite e quem descende à Primera B Nacional.