Em 21 de maio de 1975, Twente e Borussia Mönchengladbach decidiam a Uefa Cup no antigo Diekman Stadion, na cidade holandesa de Enschede, após terem protagonizado um empate sem gols no jogo de ida, disputado no Rheinstadion, em Düsseldorf. Apenas a vitória interessava às equipes na corrida por um inédito título continental.

Dentro de campo, o que se viu foi um passeio do lendário time treinado por Hennes Weisweiler. Com 10 minutos de jogo, o placar já apontava 2 a 0 para os Potros. Aos 2 minutos, o atacante dinamarquês Allan Simonsen, que conquistaria o renomado prêmio Ballon d'Or da revista France Football dois anos mais tarde, inaugurou os trabalhos. Sete minutos depois, foi a vez de outro atacante balançar as redes: o alemão Jupp Heynckes, ídolo máximo e maior artilheiro da história da equipe com 195 gols marcados. Os adeptos germânicos que invadiram a Holanda já se sentiam campeões.

A contagem construída já nos instantes iniciais deu tranquilidade à equipe para impôr seu estilo de jogo dentro das quatro linhas. Os comandados de Weisweiler se destacavam por terem uma defesa sólida e experiente, um meio-campo bastante criativo e um ataque veloz e arrasador.

Lá atrás, os principais nomes eram o goleiro Wolfgang Kleff e o defensor Berti Vogts, capitão e recordista de jogos (419) do elenco. Entre os meias, destacava-se Rainer Bonhof. Lá na frente, dois nórdicos (Simonsen e Jensen) davam conta do recado junto com Heynckes e garantiam os festejos da torcida.

No segundo tempo, Jupp Heynckes assinalou dois tentos num curto intervalo de 10 minutos - o primeiro gol saiu aos cinco; o segundo, aos 15 - e encaminhou o título do Gladbach. Nem parecia que os alemães eram os visitantes. Aos 31, o lateral Epi Drost se aventurou no ataque e marcou o gol de honra dos donos da casa, já frustrados com a perda da tão sonhada taça europeia. Após armarem um poderoso ferrolho nos primeiros 90 minutos, os comandados de Antoine Kohn sucumbiam diante do adversário da nação vizinha na segunda parte da "hora H".

Ainda deu tempo de Simonsen marcar mais um, agora de pênalti, e fechar a conta: 5 a 1 para o Borussia M'gladbach em plena Enschede. Dois anos depois de ter sido derrotado pelo Liverpool em sua primeira final continental (derrota por 3 a 2 no placar agregado), também válida pela Copa da Uefa, os alemães conquistavam seu primeiro título europeu e entravam para a história ao aplicar a maior goleada já registrada numa decisão de Uefa Cup.

Na terra do tão aclamado Carrossel Holandês, uma aula de como jogar futebol foi dada pela equipe do país que havia sido campeão mundial em sua própria casa no ano anterior.

Os Borussen demonstravam ter muita intimidade com a bola e durante a década de 70 dividiram a hegemonia da Bundesliga com o Bayern de Munique, fazendo nascer uma rivalidade que ainda deixa vestígio nos dias atuais, apesar de os bávaros continuarem soberanos e de os potros estarem longe dos tempos gloriosos. O amplo domínio das equipes naquela época se refletia no selecionado nacional: Bayern e Gladbach eram a base da seleção da Alemanha campeã da Eurocopa de 1972 e da Copa do Mundo de 1974.

FC Twente 1 x 5 VfL Borussia Mönchengladbach

Twente: Volkmar Groß; Epi Drost, Cees van Ierssel, Niels Overweg, Kalle Oranen; Jaap Bos (Arnold Mühren, 8' 2ºT), Frans Thijssen, Theo Pahlplatz (Eddy Achterberg, 30' 2ºT), Kick van der Vall; Jan Jeuring e Johan Zuidema. Técnico: Antoine Kohn.

Borussia Mönchengladbach: Wolfgang Kleff; Hans-Jürgen Wittkamp, Berti Vogts, Ulrich Surau (Frank Schäffer, 13' 1ºT), Hans Klinkhammer; Rainer Bonhof, Herbert Wimmer (Horst Köppel, 30' 2ºT), Dietmar Danner; Allan Simonsen, Henning Jensen e Jupp Heynckes. Técnico: Hennes Weisweiler.

Gols: Simonsen (2' 1ºT), Heynckes (9' 1ºT), Heynckes (5' 2ºT), (15' 2ºT), Drost (31' 2ºT) e Simonsen 41' 2ºT).

Local: Diekman Stadion, em Enschede (Holanda)

Público: 21.767 torcedores

Árbitro: Paul Schiller (Áustria)