Golias não esteve em seu melhor dia, mesmo assim Davi não foi páreo para ele. Quando o gigante tem uma arma como Lionel Messi, realmente as coisas ficam complicadas para o adversário menor. A vitória da Argentina por 2 a 1 sobre a Bósnia-Herzegovina, na estreia de ambas na Copa do Mundo 2014, teve a marca de um dos maiores craques da atualidade. Os gols da Albiceleste no Maracanã foram marcados por Kolasinac, contra, e Messi, em um belo gol, por sinal. O centroavante Ibisevic diminuiu para a Bósnia, já no final da partida.

Um Maracanã muito bonito, colorido e barulhento vivenciou e deu vida à inauguração do Grupo F da Copa do Mundo. Mais de 74 mil pessoas estiveram presentes no palco da final do Mundial neste domingo (15), no maior público da Copa até aqui. As manifestações foram bem divididas: argentinos apoiando sua seleção, os demais incentivando os bósnios. O ambiente deixou os novatos da Bósnia um pouco nervosos, mas a atuação foi acima das expectativas, dando muito trabalho para os favoritos argentinos.

O Maracanã foi um pedacinho da Argentina em território brasileiro na noite deste domingo (15) (Foto: Divulgação/FIFA)

O jogo esteve longe de ser um dos melhores da Copa, apesar de o clima extra-campo ter favorecido muito. A Argentina foi a campo com 3 zagueiros, como já vinha sendo projetado pelo técnico Alejandro Sabella, o que fez com que o time não fizesse um bom primeiro tempo. O gol cedo favoreceu muito para que o time argentino minimizasse riscos, mas aparentemente o número excessivo de defensores não ajudou muito a manter a solidez defensiva, proporcionando alguns momentos de perigo a favor da Bósnia.

Na etapa final, a Argentina voltou em seu esquema tradicional, o 4-3-3, e definiu a parada em um lampejo do seu maior craque. Apesar de ter sofrido um susto nos minutos finais, administrou o resultado do jeito que deu, estando na linha tênue entre matar o jogo e sofrer o empate. Na próxima rodada do Grupo F, os dois jogos são no próximo sábado (21). A Argentina enfrenta o Irã, no Mineirão (13hs), e a Bósnia pega a Nigéria, na Arena Pantanal (19hs).

Gol logo no início salva atuação insuficiente da Argentina

A partida começou com um Maracanã muito barulhento, dividido entre argentinos apoiando sua equipe, e o restante do público tentando empurrar os bósnios. O clima era de uma grande decisão, o que não foi bom para os nervos do time da Bósnia, estreante em Mundiais, já em um desafio deste porte. Isto ficou provado logo aos 2 minutos, quando em uma desatenção da defesa, a Argentina abriu o placar. Messi cobrou falta da esquerda, Rojo desviou na entrada da pequena área e a bola bateu em Kolasinac, entrando mansa no gol bósnio. Foi o gol contra mais rápido da história das Copas, aos 2 minutos e 10 segundos de jogo.

A Bósnia marcava forte, mesmo com o duro golpe sofrido no início da partida, enquanto tentava controlar seus nervos. Na medida do possível o time se soltava, tendo como referência seu camisa 10, Misimovic, a figura mais consciente da seleção balcã na etapa inicial. Foi o próprio Misimovic que fez lançamento brilhante para Hajrovic, que invadiu a área sem marcação, mas o goleiro Romero foi corajoso ao sair nos pés do bósnio e afastar o perigo. Pouco antes dos 15 minutos, Pjanic teve boa chance em cobrança de falta na entrada da área, uma de suas especialidades, no entanto carimbou a barreira argentina.

A marcação da Bósnia-Herzegovina foi muito forte, ao longo de toda a partida (Foto: Divulgação/Jamie Squire/Getty Images)

O time de Alejandro Sabella, que entrou em campo com 5 jogadores de defesa, não conseguia jogar com naturalidade e sofria com as atuações abaixo da média dos alas Rojo e Zabaleta, e dos meias Maxi Rodríguez e Di María, muito bem marcados e que deixaram Messi e Aguero desassistidos na maior parte do tempo. O craque do Barcelona ainda voltava bastante para buscar jogo, mas em todas as tentativas precisou encarar uma muralha azul e não obteve sucesso em nenhuma delas. Enquanto isto, o sistema defensivo, mesmo com um homem a mais, batia cabeça sempre que pressionada.

A melhor chance da Argentina foi curiosamente com Mascherano, o homem mais recuado, fora os defensores, que acertou forte chute, aos 31 minutos, para defesa complicada de Begovic. Na parte final da etapa inicial, a Bósnia ganhou confiança e se posicionou no campo de ataque, enquanto os argentinos esperavam para explorar os contra-ataques. Aos 40 minutos aconteceu a melhor chance de gol da etapa inicial, e ela foi da Bósnia. Pjanic cobrou escanteio da direita, na primeira trave, e Lulic subiu mais que a defesa rival para cabecear firme, para brilhante defesa de Romero.

Volta ao esquema original recoloca a Argentina no jogo

A Argentina voltou do intervalo com duas trocas: Higuaín e Gago por Campagnaro e Maxi Rodríguez, alterando também o esquema, do 3-5-2 para o 4-3-3 original. As trocas não surtiram muito efeito nos minutos iniciais, e a Bósnia seguiu com maior posse de bola e supremacia territorial no meio do campo. Em menos de 10 minutos da etapa final, Hajrovic exigiu duas boas defesas de Romero em chutes de fora da área. Na sequência, a Argentina conseguiu construir um bom ataque, com Messi deixando Aguero na boa, mas o atacante do Manchester City pegou embaixo da bola, mandando-a longe do gol de Begovic. Talvez tenha sido a primeira boa chance de gol argentina no jogo.

Aos 12 minutos, Romero deu o primeiro susto na torcida argentina. Hajrovic cruzou com muito veneno, o goleiro saiu indeciso, mas Fede Fernández conseguiu tirar o perigo. Três minutos mais tarde, Messi recebeu presente de Hajrovic, arrancou em direção à área e novamente deu ótimo passe para Aguero, que novamente desperdiçou. A Argentina passou a atacar mais, com Messi participando das principais jogadas de ataque. Isto era o indício de que algo bom estava por vir. E veio, aos 20 minutos. Messi pegou a bola na intermediária, tabelou com Gago, passou por dois bósnios e chutou ao seu estilo. A bola ainda bateu caprichosamente na trave direita de Begovic e descansou mansa nas redes, para rara vibração do capitão da Albiceleste. Um golaço!

O craque Messi celebra com seus companheiros seu golaço que deu a vitória à Argentina (Foto: Divulgação/Shaun Botterill/Getty Images)

Após o segundo gol argentino, o técnico da Bósnia Safet Susic começou a empilhar atacantes no seu time, que passou a perder terreno. As saídas de Hajrovic e Misimovic foi uma das principais causas do desequilíbrio tático da equipe bósnia, ainda que ambos tenham simplesmente sumido do jogo. A Argentina tomou as rédeas do jogo e passou a monopolizar a posse da bola no seu campo de ataque. Então apareceu outro dos grandes jogadores do time de Sabella, Di María, que foi uma válvula de escape muito interessante pelo lado esquerdo de ataque. Em dois minutos, Aguero e Higuaín tiveram uma boa chance cada, mas não conseguiram aproveitar.

Os minutos finais foram de administração do time argentino, que enfim conseguiu jogar com naturalidade e encaixar bons contra-ataques. Só que a naturalidade tirou um pouco da concentração da Albiceleste, que permitiu que a Bósnia chegasse ao seu campo, e isto teve um preço. Em uma escapada bósnia, Ibisevic recebeu sozinho na frente de Romero e diminuiu o prejuízo da ex-república iugoslava. Sabella percebeu que a vitória estava ameaçada, trocou Agüero (de péssima atuação) por Biglia, e seu time conseguiu segurar uma vitória importantíssima no começo do caminho rumo ao tri.