A lesão de Di María, ocorrida no primeiro tempo no jogo diante a Bélgica, pode transformar a maneira da Argentina jogar. Não há no elenco jogador com as mesmas características de Fideo, que chegou no Mundial em grande fase. Dessa maneira, Alejandro Sabella terá que buscar alternativas para que o jogador mais eficiente do time a Copa não tenha sua ausência tão sentida.

Ángel Di María tem características únicas do elenco da Argentina. Vertical, driblador, finalizador e velocista. O meia é destaque em qualquer fundamento. Salvo Messi, melhor jogador do selecionado, Angelito é o principal nome entre os coadjuvantes do conjunto azul e branco. Mesmo tendo marcado somente um gol nesta Copa do Mundo - diante a Suiça no final do segundo tempo da prorrogação - e participado de outros dois: no primeiro gol diante a Nigéria e no gol da vitória diante a Bélgica, a ausência de Di María, em uma semifinal, é imensurável.

A principal válvula de escape da Argentina, Di María tem pequenas chances de voltar somente na final. Enquanto isso, Sabella testa algumas opções. Enzo Pérez, eleito há uma semana o melhor jogador da liga portuguesa 13/14, é o mais cotado a ficar com a vaga. Nos 60 minutos que esteve em campo diante a Bélgica, teve boa atuação. Ajudou mais na proteção de Zabaleta, lateral-direito com sérios problemas defensivos, e conseguiu prender bem a bola no ataque, todavia não teve a mesma intensidade e criatividade na realização de jogadas ofensivas.

Maxi Rodríguez e Ricky Álvarez correm por fora em busca da vaga por conta de algumas semelhanças com Di María, porém a capacidade defensiva dos mesmos é colocada em dúvida. Eles ajudariam mais Messi ofensivamente na criação de jogadas, mas poderiam deixar Zabaleta vulnerável, tendo em vista que o contra-ataque da Holanda pode ser fatal com os velocistas Robben, Depay e Lens.

Pouco se espera de Sabella uma surpressa ofensiva. Ela ocorreria caso Agüero ou Palacio substituíssem Di María. Kün Agüero, que treinou entre os reservas e marcou gol, poderia tomar a posição de Lavezzi. A entrada de outro atacante no lugar de um meia deixaria a Argentina muito desprotegida, e todo o peso de marcação no meio-campo ficaria nos braços de Mascherano e Lucas Biglia. Na frente, Messi, Lavezzi, Agüero/Palacio e Higuaín. Os quatro atacantes teriam que se desdobrar e ajudar na marcação.

Como é conhecido pelas características de Sabella, podemos também ter uma surpresa defensiva. Fernando Gago, que perdeu a posição de segundo volante para Lucas Biglia, poderia voltar e reforçar o meio de campo defensivamente. A formação, com três volantes, faria com que Lavezzi e Messi jogassem abertos pelos lados e Higuaín centralizado. Levando em conta o forte contra-ataque da Holanda, três volantes não seriam descartados, por conta da segurança defensiva e da posse de bola ofensiva. Augusto Fernández, o único que ainda não atuou (salvo os goleiros reservas) nessa Copa do Mundo, é o menos cotado.

Seja qual for a escolha do Pachorra Sabella, os outros jogadores devem assumir, ainda mais, o protagonismo. O diretor técnico está em um dilema entre a criatividade combinada com um desâmparo defensivo ou o conservadorismo, atribuindo a Messi, jogando mais recuado, a responsabilidade pela criação.