O River Plate deu um passo importante na luta pelo inédito título da Copa Sul-Americana. Na noite desta quarta-feira (29), quando se comemoravam 28 anos da primeira conquista millonaria da Libertadores da América, o presente veio de La Plata, dado pelos comandados de Marcelo Gallardo, que conseguiram uma grande virada sobre o Estudiantes, vencendo por 2 a 1 e podendo até perder por 1 a 0 no jogo de volta, no Monumental de Núñez, na próxima quinta-feira (6), às 22h30, no horário brasileiro de verão. Os gols foram marcados por Vera, para o Estudiantes, Mora e Schunke, contra, para o River Plate.

Na noite anterior ao jogo, uma forte chuva em La Plata danificou parte da cobertura do moderno Estadio Unico da cidade, mas em nenhum momento foi cogitado o cancelamento da partida. O público presente, cerca de 22 mil pessoas, não foi afetado, muito menos o espetáculo, que decorreu na mais pura normalidade, sem poças no gramado ou algo do tipo. Estas condições propiciaram a Estudiantes e River Plate fazerem um duelo de muita entrega, com muitas emoções e polêmicas, como de certa forma já era esperado. Isso que foi apenas o primeiro de três duelos entre pincharratas e millonarios na sequência.

Erro da defesa do River compensa falha da arbitragem e dá vantagem ao Estudiantes

Dentro do que estava previsto, quanto às escalações das equipes, tivemos uma surpresa da parte de Mauricio Pellegrino, treinador do Estudiantes, que deixou o veloz Auzqui no banco para reforçar o meio-campo com Damonte, jogador com características mais defensivas. Enquanto isto, do lado do River Plate, Marcelo Gallardo confirmou Ponzio à frente dos zagueiros, como vértice defensivo no losango da meia-cancha. O León começou o jogo empolgado, buscando o ataque, impondo muita correria, e sendo empurrado pelo seu torcedor, que não se acanhava com a forte chuva que desabava sobre La Plata.

Mesmo animado e no campo de ataque, os donos da casa sofriam com a falta de criatividade, uma vez que Correa estava sobrecarregado na armação e era bem controlado por Ponzio. A decisão de Pellegrino em espelhar o esquema com o de seu adversário não se mostrava acertada, ainda que seu time dominasse as ações nos primeiros minutos - em determinado momento, Auzqui até chegou a ir para o aquecimento. No melhor momento do Estudiantes no jogo, Martínez apareceu como elemento-surpresa na área do River Plate e foi derrubado por Barovero. O árbitro Diego Abal não viu nada e mandou o jogo seguir. Na sequência, combalido pelo golpe sofrido, Martínez daria lugar a Auzqui.

Após os 30 minutos da etapa inicial, o jogo pareceu ter tomado um choque, com as equipes se animando e trocando ataques durante dez minutos. A maioria das jogadas eram oriundas de cruzamentos, e as defesas aparentemente inseguras faziam com que cada bola alçada às suas áreas fossem um terror para o torcedor. Assim foi que Funes Mori cortou mal um passe de Carrillo e quase fez gol contra, exigindo um verdadeiro milagre de Barovero. Pouco antes Mora teve uma boa chance, mas mandou de voleio sobre o gol de Navarro.

Uma falha foi perdoada. A segunda não. A defesa do River, que já vinha mostrando fraquezas ao longo da etapa inicial, resolveu trocar passes em frente à sua área, já nos acréscimos. O zagueiro Funes Mori novamente falhou, perdendo a bola para o uruguaio Vera, que invadiu a área e chutou forte, sem chances para Barovero. Erro coletivo da zaga millonaria que culminou no gol que deu ao Estudiantes a vantagem de descer aos vestiários com 1 a 0 no marcador.

Postura mais firme e ofensiva dá a vitória de virada ao River Plate

Algo aconteceu no vestiário do River Plate. O time apático e desinteressado deu lugar a uma outra equipe, disposta a lutar por cada centímetro do campo, para empatar e virar o jogo, de forma eficiente e sistemática, características que vem marcando esta equipe, a melhor da Argentina em 2014. A conversa de Gallardo com seus comandados surtiu efeito, e isto era notável na postura mais combativa e compactada do time, que já tomava de assalto o campo do Estudiantes, mantendo a bola em seus pés. O exército millonario teve uma baixa logo aos 6 minutos, quando o lesionado Vangioni deu lugar ao colombiano Álvarez Balanta.

Não deu tempo sequer de lamentar. No lance seguinte o dueto de uruguaios apareceu para empatar o jogo para o River Plate. Em um ataque pela direita, Sánchez, o melhor jogador da partida, cruzou na cabeça de Mora, o aniversariante do dia, que marcou seu terceiro gol nesta edição da Copa Sul-Americana; o empate era um resultado justo, uma vez que além da melhora apresentada pelos visitantes, o Estudiantes não conseguia mais jogar, também por demérito próprio. O River Plate passou a dominar as ações, crescendo diante de um adversário que claramente sentiu o gol sofrido.

Depois de algumas trocas de ataques sem perigo e outros lances ríspidos que renderam cartões amarelos para quatro jogadores, o River Plate finalmente chegou ao gol da virada. O tento foi muito mais fruto da sorte do time visitante, mas que também contou com uma postura mais agressiva, para pelo menos fazer a bola chegar com perigo à área do Estudiantes. Teo Gutiérrez, que apareceu pouco no jogo, fez boa jogada na intermediária ofensiva, encontrando Sánchez pela esquerda. O uruguaio, mesmo do lado inverso de onde costuma jogar, arriscou o cruzamento de pé esquerdo, que desviou em Schunke e matou Navarro.

A virada millonaria acordou um pouco o Estudiantes, que tentou dispender suas últimas forças em busca do gol de empate, mas não adiantou nada. Os donos da casa pararam em um River Plate extremamente consciente, que mostrou novamente porque está a 29 jogos sem perder. Nem a expulsão de Sánchez mudou o rumo das coisas para o time de Buenos Aires, que está com um pé e meio nas semi-finais da Copa Sul-Americana.