Nesta sexta-feira (14), três dias após o Marrocos desistir de sediar a Copa Africana de Nações de 2015, a Confederação Africana de Futebol (CAF) anunciou o novo país-sede do torneio continental: é a Guiné Equatorial, que abrigou a competição no ano de 2012, em conjunto com o Gabão. A confirmação veio através de Issa Hayatou, presidente da entidade que comanda o futebol da África.

"O Chefe de Estado e Presidente da República da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, recebeu o presidente da CAF, Issa Hayatou, nesta sexta-feira, 14 de novembro, sobre a possibilidade de a Guiné Equatorial sediar a Copa Africana de Nações de 2015. Na sequência de discussões amigáveis e frutíferas, o Chefe de Estado da Guiné Equatorial concordou em sediar o torneio entre os dias 17 de janeiro e 8 de fevereiro de 2015", diz o comunicado oficial da CAF.

A capital Malabo receberá o sorteio dos grupos da CAN, marcado para o dia 3 de dezembro. A cidade também será uma das sedes da Copa, juntamente com outros três municípios: Bata, Mongomo e Ebebiyin.

Na última terça-feira (11), o Marrocos anunciou sua retirada como país-sede da copa devido ao surto do vírus ebola na África. A doença já infectou mais de 13 mil pessoas e vitimou quase 5 mil, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A decisão dos marroquinos, os quais anteriormente pediram o adiamento do certame para 2016, foi uma atitude vista com maus olhos pela CAF, que excluiu os Leões do Atlas do torneio.

Até o presente momento, 10 países já estão garantidos no maior campeonato de futebol do continente africano. Além da Guiné Equatorial, também estão com participações confirmadas as seguintes seleções: Cabo Verde, Argélia, Tunísia, África do Sul, Zâmbia, Camarões, Burkina Faso, Gabão e Senegal. Seis vagas ainda serão preenchidas.

A decisão de incluir a Guiné Equatorial como nova sede da CAN gerou críticas. A Nzalang Nacional havia sido excluída das Eliminatórias para a Copa Africana por ter escalado irregularmente o atacante Thierry Fidjeu contra a Mauritânia, pela primeira fase de mata-mata. Além disso, o selecionado é conhecido por contar com muitos jogadores naturalizados em seu plantel. Espanhóis, camaroneses, marfinenses, colombianos e até mesmo brasileiros integram a delegação guinéu-equatoriana. Recentemente, o meia Dio, ex-CRB, CSA e Anapolina, e o atacante Jônatas Obina, ex-Atlético-MG e São Caetano, foram convocados ao time.

No sábado (15), a ONG francesa Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou a política autoritária do país da África Ocidental. O presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo está no poder desde 1979, quando ascendeu ao cargo graças a um golpe de Estado. A Guiné Equatorial exporta petróleo e tem alto PIB per capita, mas possui indicadores sociais longe de serem satisfatórios. Em 2012, a revista Forbes apontou Obiang como o oitavo governante mais rico do mundo. 

"Da Guiné Equatorial, vocês verão apenas os campos dos estádios, os jogadores que correm no gramado e as torcidas fazendo festa nas arquibancadas. Vocês ouvirão apenas coisas boas, resultados de jogos e entrevistas esportivas. Não ficarão sabendo da pobreza, da corrupção e da repressão política que assolam o país, porque a liberdade de informação não existe na Guiné Equatorial. A Guiné Equatorial tem recursos de grande valor, principalmente no setor petrolífero, que parecem fazer esquecer facilmente o triste retrospecto no quesito liberdades fundamentais. Pedimos aos fãs do futebol que estarão presentes nesse evento importante que não esqueçam que a Guiné Equatorial, apesar da aparência ordenada, é na realidade uma ditadura que sufoca as liberdades dos seus cidadãos", afirma a nota.