Na noite desta quinta-feira (20), Boca Juniors e River Plate começam a duelar por uma vaga na final da Copa Sul-Americana 2014, no mítico estádio de La Bombonera. O Superclásico 194 começará às 21h45, no horário brasileiro de verão. O vencedor do confronto terá pela frente, na finalíssima do torneio, quem passar entre São Paulo e Atlético Nacional (COL).

O último duelo internacional entre Boca e River parou a Argentina em junho de 2004, quando dois Superclásicos absolutamente infartantes definiram um dos finalistas da Libertadores da América daquele ano. Os xeneizes venceram o primeiro jogo, em La Bombonera, por 1 a 0, gol de Schiavi. Na semana seguinte, no Monumental de Núñez, o Millonario devolvia o 1 a 0 até os 44 minutos da etapa complementar, graças a um belo gol de Lucho González, quando Tévez aproveitou grande jogada de Cángele pela esquerda, e girou sem chances para Lux. A festa durou cinco minutos, até Nasuti completar desvio de cobrança de falta e levar o jogo para os pênaltis. Na decisão na marca da cal, Maxi López errou o último pênalti e o Boca Juniors foi à decisão daquela Copa.

Na atualidade, o Boca Juniors vem de uma temporada não mais que aceitável, sem participar da Libertadores da América, e com o vice-campeonato do Torneo Final, no 1º semestre, e uma campanha mediana no Torneo de Transición, onde ocupa hoje a 5ª colocação, a seis pontos da liderança. Liderança que, coincidência ou não, está nas mãos do River Plate, que também foi o campeão do Torneo Final. O Millonario chegou a ter uma sequência invicta de 31 jogos, a maior da história do clube, mas perdeu a duas rodadas para o Estudiantes, e reacendeu a briga pelo título do Transición, faltando três rodadas para o término do torneio. O Superclásico do Transición, embaixo de um dilúvio em Núñez, terminou empatado em 1 a 1 - gols de Magallán para o Boca, e Pezzella para o River.

Definido, Boca Juniors começa a tentar salvar o ano com o título da Sul-Americana

O Boca Juniors, apesar dos pesares, chega com moral para encarar o arquirrival nesta semifinal. O caminho teve seus percalços, como a bizarra derrota em La Bombonera para o minúsculo Deportivo Capiatá, do Paraguai, mas as duas vitórias sobre o Cerro Porteño, sobretudo a goleada fora de casa, reanimaram a equipe.

Na última rodada do Torneo de Transición, os xeneizes empataram fora de casa com o Arsenal, utilizando um time misto; apenas Orión e Cata Díaz estarão em campo dentre aqueles que atuaram em Sarandí. O experiente zagueiro, aliás, voltou recentemente de lesão no joelho esquerdo, que o deixou fora de combate por quase dois meses, e mostrou estar em plenas condições de jogo. Não por acaso foi levado em conta pelo técnico Arruabarrena para um dos jogos mais importantes de 2014.

Fora esta troca, aprentemente simples, de Chiqui Pérez por Díaz, o treinador xeneize não teve grandes problemas para preparar sua equipe para o Superclásico. Havia uma dúvida entre o chileno Fuenzalida e Martínez para compor o trio de ataque, mas já foi anunciada a formação com Burrito como titular. Mesmo com muita chuva na véspera da partida, os jogadores foram a campo para realizar o último trabalho de preparação, onde a equipe titular foi confirmada.

Ainda depois do empate contra o Arsenal, Arruabarrena falou sobre sua expectativa em relação ao confronto contra o River. 

"Esperamos demonstrar que nós crescemos como equipe, mas temos que provar dentro de campo, não apenas falando. Sabemos que ganhar a Sul-Americana só depende de nós, não o torneio, que eu acho que ganhará o que tiver maior regularidade", afirmou o técnico.

O goleiro Agustín Orión concedeu entrevista coletiva, após o treinamento desta quarta-feira (19), falando especificamente sobre o duelo contra o River Plate, mas destacando o retorno de Daniel Díaz e o bom momento do arquirrival.

"O mais importante é ganhar. Acredito que quando as duas equipes são do mesmo país não é tão importante o fator local, mas queremos ganhar em casa, pelo que representa jogarmos no estádio do Boca. Todos que jogamos um Boca e River sabemos do que representa jogar esta partida em La Bombonera, ainda mais por uma Copa, por tudo que representam os jogos internacionais para a torcida do Boca, e por tudo que o clube ganhou a nível internacional. Chegamos bem fisicamente a este jogo, progredimos e mantivemos uma regularidade a nível de resultados, mas estas partidas são diferentes", analisou o arqueiro, referindo-se ao Superclásico.

Um River Plate obstinado por ganhar tudo tenta superar instabilidade

O caminho do River Plate na Copa Sul-Americana é de um time perfeito. Após ganhar todos os jogos, o time teria todos os argumentos possíveis para chegar às semifinais como favorito ao confronto e ao título, não fosse um detalhe: o adversário. Porque em um Superclásico tudo pode acontecer, e, além disto, o momento millonario não é o melhor em 2014.

Sem poupar titulares em nenhum momento, o River liderou a maior parte do Torneo de Transición e ficou 31 jogos sem perder, mas foi do céu ao inferno em quatro dias: na última quarta-feira (12), a equipe de Marcelo Gallardo foi derrotada pelo Estudiantes, em La Plata, e no domingo (16) não saiu de um empate decepcionante com o Olimpo, jogando em casa, reabrindo a disputa pelo título, ficando na linha de tiro de Racing, Independiente, Lanús e Boca Juniors.

O grupo trabalhou na terça-feira e na quarta-feira em Ezeiza, e apenas uma dúvida paira na cabeça do técnico do River: a experiência de Ponzio ou a juventude e vitalidade de Guido Rodríguez. Gallardo terá os retornos de Sánchez e Teo Gutiérrez, que atuaram pelas suas seleções no início desta semana. Entre os concentrados, outra novidade: a volta de Cirigliano, após muito tempo parado por lesão.

Havia certa expectativa sobre Cavenaghi, mas El Torito não foi relacionado para o Superclásico 194, mesmo tendo condições de atuar ao menos alguns minutos. De última hora, o time millonario perdeu o atacante uruguaio Mora, devido a uma infecção abdominal. O escolhido pelo Muñeco Gallardo foi o jovem Gio Simeone, filho do atual comandante do Atlético de Madrid e ex-DT Millonario Diego Simeone.

Depois do trabalho da terça-feira (18), o treinador Gallardo falou à imprensa, falando como sua equipe estava vivendo os momentos prévios ao clássico, e sobre como estava o nível técnico e psicológico de seus jogadores.

"Queremos coroar este momento, e todos os esforços serão feitos para isto. Estamos convencidos que podemos ganhar os dois títulos (referindo-se às disputas da Sul-Americana e do Transición). A nossa equipe faltam algumas coisas. Estamos em um momento onde novamente podemos evoluir, e estou completamente convencido disto. Sei do espírito destes jogadores e do 'plus' que vai ser dado para esta reta final. Daqui até a quinta temos que apresentar nossa melhor equipe e voltar a alimentar nosso poder de jogo. Joguei com este plantel e me sinto muito identificado com ele", disse.