Neste sábado (31) foi dado o pontapé inicial da fase de mata-mata da Copa Africana de Nações de 2015. Duas partidas agitaram o primeiro dia das quartas de final do torneio continental: o clássico entre Congo - líder do Grupo A - e República Democrática do Congo - vice-líder do Grupo B -, e o duelo que colocou frente a frente Tunísia - líder do Grupo B - e Guiné Equatorial - vice-líder do Gruo A e seleção dona da casa. Em ambos os confrontos, realizados no Estádio de Bata, os vice-líderes levaram a melhor.

Emoção não faltou ao embate congolês. Após uma monótona primeira etapa, viu-se uma segunda etapa cheia de gols. O Congo abriu uma expressiva vantagem de 2 a 0 com gols dos atacantes Férébory Doré e Thievy Bifouma nos primeiros 17 minutos. No tento que inaugurou o marcador, Doré aproveitou bola alçada à área em cobrança de falta e mandou de primeira para as redes. O jogador do CFR Cluj, da Romênia, também participou do segundo gol: ficou cara a cara com Kidiaba, que espalmou e viu Bifouma aproveitar o rebote.

Mesmo em baixa na contagem, a RD Congo não se deu por entregue. Três minutos após o segundo gol dos rivais, o atacante Dieumerci Mbokani aproveitou passe do meia-atacante Yannick Bolasie e, na pequena área, recolocou os Leopardos no jogo. Dez minutos mais tarde, quando o relógio marcava meia-hora da etapa complementar, outro atacante, Jeremy Bokila, instituiu a igualdade no placar com um potente chute de pé esquerdo dentro da área.

Os comandados de Florent Ibengé chegaram à virada aos 36. De costas, o zagueiro Joël Kimwaki cabeceou para o gol após falta cobrada por Bokila e fez 3 a 2. Visivelmente abatidos, os Diabos Vermelhos, treinados por Claude Le Roy, não demonstraram poder de reação e viram os adversários sacramentarem a classificação já nos acréscimos. Aos 46, Bokila achou Mbokani, que superou o marcador e precisou de duas tentativas para vencer o goleiro Mafoumbi.

Depois do apito final, o goleiro Robert Kidiaba, dono da meta do TP Mazembe e figura conhecida dos torcedores brasileiros, comemorou a vitória com sua tradicional dancinha. Campeã continental em 1968 e 1974, a República Democrática do Congo não chegava à semifinal da CAN desde 1998. O próximo adversário será Costa do Marfim ou Argélia.

Mais tarde, foi a vez de tunisianos e guinéu-equatorianos medirem forças. Em um duelo não tão movimentado quanto o que abriu as quartas, a Tunísia saiu na frente com o artilheiro Ahmed Akaïch aos 25 minutos do segundo tempo. Ele aproveitou cruzamento da direita e colocou as Águias de Cartago na dianteira.

Quando a classificação dos alvirrubros já parecia iminente, o árbitro viu pênalti inexistente do lateral-esquerdo Ali Maâloul sobre o atacante espanhol naturalizado guinéu-equatoriano Iván Bolado. O meia Javier Balboa, outro espanhol de nascimento, cobrou com precisão e empatou. Eram decorridos 47 minutos.

Autor do tento que forçou a realização da prorrogação, Balboa converteu-se em herói aos 12 minutos da etapa inicial ao acertar uma linda cobrança de falta no ângulo esquerdo da meta do goleiro Mathlouthi. Foi o gol que permitiu à Nzalang, comandada pelo argentino Esteban Becker, obter inédita classificação às semifinais. Muita festa da torcida local em Bata, e mais propaganda para o ditador Teodoro Obiang.

Graças a "pênalti fantasma" nos acréscimos da segunda etapa, Guiné Equatorial levou jogo frente à Tunísia para a prorrogação e contou com lindo gol de falta de Balboa para avançar à fase semifinal (Foto: Getty Images)

Agora, os anfitriões aguardam Gana ou Guiné na fase seguinte. Destaque do dia, Javier Balboa está empatado com Akaïch, da Tunísia, e Bifouma, do Congo, no topo da artilharia, com três gols cada. Apenas o jogador da Guiné Equatorial ainda terá mais dois jogos na competição (semifinal e final ou disputa do terceiro lugar).

Insatisfeitos com a arbitragem, os jogadores tunisianos partiram para cima do árbitro. Rajindraparsad Seechurn, das Ilhas Maurício, saiu de campo protegido por seguranças.

"Em 45 anos de carreira no futebol, nunca tinha visto algo como isto", disse o belga Georges Leekens, técnico da Tunísia, na saída para os vestiários.

Jogadores da seleção da Tunísia, inconformados com a derrota e a má atuação da arbitragem, partiram para cima do juiz após o fim do jogo (Foto: Reprodução/Twitter)