Joseph Blatter, presidente da Fifa desde 1998, não resistiu ao maior escândalo de corrupção da história da entidade. Reeleito para o quinto mandato na última sexta-feira (29), após seu opositor, o príncipe jordaniano Ali Bin Al-Hussein, abrir mão do segundo turno, o suíço renunciou ao cargo nesta terça-feira (2). Em anúncio à imprensa, Blatter também confirmou que serão convocadas novas eleições, previstas para acontecer entre dezembro de 2015 e março de 2016.

"Amo a FIFA mais do que tudo e quero apenas fazer o melhor. Os interesses da FIFA são o que me interessam mais. Foi por isso que tomei esta decisão", disse o mandatário, que apontou a falta de apoio como principal motivo para a decisão. "Coloco meu mandato à disposição e convoco eleições extraordinárias para escolher o meu sucessor. Obrigado a todos que me apoiaram", completou.

"Sepp" Blatter ainda explicou que, até as próximas eleições serem realizadas, ele presidirá a Fifa. "Vou continuar a exercer minha função como presidente até um novo ser escolhido. O próximo congresso demoraria muito. Esse procedimento será de acordo com os estatutos", explicou.

Dois dias antes das eleições presidenciais do carro-chefe do futebol, sete cartolas da Fifa, entre eles o brasileiro José Maria Marin, ex-presidente da CBF, foram presos em Zurique, na Suíça, onde foi realizada a última corrida eleitoral da entidade. Jeffrey Webb, Eduardo Li, Julio Rocha, Costas Takkas, Eugenio Figueredo e Rafael Esquivel foram os outros detidos. Eles são acusados de participar de um esquema de propinas de US$ 150 milhões.

No final da tarde do mesmo dia, Jack Warner, ex-vice-presidente da entidade que controla o futebol, entregou-se às autoridades em Trinidad e Tobago. Entretanto, o trinitino foi liberado após pagar fiança de US$ 400 mil. Ele está sendo investigado pelo FBI e pelo Departamento de Justiça dos EUA sob a mesma acusação, assim como outros dirigentes não identificados.

Na última segunda-feira (1º), uma reportagem do jornal norte-americano The New York Times apontou que uma investigação dá conta de que o francês Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa e braço direito de Joseph Blatter, envolveu-se em transações de US$ 10 milhões. O dinheiro seria uma premiação da Associação de Futebol da África do Sul (Safa) para Jack Warner, por ter votado na própria África do Sul para sediar a Copa do Mundo de 2010.

Também na segunda, um relatório do Coaf (Controle de Atividades Financeiras) apontou que Ricardo Teixeira, aliado de Blatter e ex-presidente da CBF, movimentou cerca de R$ 464 bilhões em suas contas entre os anos de 2009 e 2012, quando foi presidente do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014. Além disso, a Polícia Federal indiciou Teixeira por quatro cimes, relacionados à compra de um apartamento na Barra da Tijuca, em 2002: lavagem de dinheiro, evasão de divisas, falsidade ideológica e falsificação de documento público.