A temporada 2015/16 foi, para a Roma, bastante conturbada. O clube seguiu sua proposta de renovação do elenco, mantendo a base que havia conseguido levar a equipe de volta à Uefa Champions League, assegurando a permanência de nomes como Pjanic, Nainggolan e Florenzi. Mas também se reforçando fortemente, trazendo jogadores muito bem-cotados no mercado, como o egípcio Salah e também o centroavante Edin Dzeko, contratado para suprir uma das principais necessidades dos giallorossi há alguns anos, já que o time sofria com a falta de uma referência no ataque, sofrendo com a instabilidade de Pablo Osvaldo, Destro e Borriello nas últimas campanhas.

Já estabelecida como a segunda força da Itália, a Roma contava com certa desconfiança de parte de sua torcida em relação ao futebol apresentado pela equipe comandada pelo francês Rudi Garcia a partir da metade da temporada anterior, marcada por uma quantidade anormal de empates e também por um elenco abatido e atingido por uma apatia tremenda. Apesar de tudo, parecia que a equipe havia recuperado seu ímpeto ao fim da temporada, principalmente após a vitória sobre a Lazio no Derby Della Capitale. Não foi o que aconteceu.

A apatia e a irregularidade da equipe se mantiveram no começo da temporada e, com uma temporada decepcionante, Rudi Garcia acabou não resistindo à pressão e foi demitido. Para o seu lugar, foi contratado um velho conhecido da torcida romanista. O italiano Luciano Spalletti voltou a ocupar o cargo de treinador do clube e mudou completamente a forma de jogar da equipe, dando uma nova cara ao time, contando também com reforços como Stephan El Shaarawy, que fez boa temporada com a camisa giallorossa. Com as boas atuações, a campanha se encerrou com grandes esperanças para a nova temporada que começará em julho próximo, apesar dos resultados medianos.

Temporada sob comando de Garcia: irregularidade e más atuações marcam a equipe

Para a Roma, a temporada 2015/16 começou sob o comando do mesmo técnico já conhecido da equipe, o francês Rudi Garcia, que ainda gozava de prestígio de parte da torcida e principalmente da diretoria, mesmo tendo sido bastante criticado na temporada anterior. Os resultados da equipe empolgaram os torcedores no começo da temporada, principalmente contando uma vitória sobre a Juventus, dentro do Stadio Olimpico, logo na 2ª rodada da Serie A. Além disso, a Roma arrancou um empate em jogo contra o Barcelona, também em casa, marcado por um golaço de Alessandro Florenzi, do meio de campo, pela Uefa Champions League.

No entanto, o começo que deu esperanças à torcida se desmoronou pouco tempo depois. Ainda na primeira fase da Uefa Champions League, os romanistas perderam para o BATE Borisov, que era o considerado o time mais fraco do grupo, por 3 a 2, desperdiçando boa chance de conseguir tranquilidade na competição. Além disso, no jogo seguinte, a Roma fazia belíssima recuperação contra o Bayer Leverkusen, ao vencer por 4 a 2, mesmo perdendo por 2 a 0. O resultado? Um 4 a 4 absurdo, onde o time alemão conseguiu marcar duas vezes nos últimos dez minutos.

Dzeko e Falque se lamentam em partida contra a atalanta. Os dois foram decepções em suas primeiras temporadas (Foto: Paolo Bruno/Getty Images Sport)
Dzeko e Falque se lamentam em partida contra a atalanta. Os dois foram decepções em suas primeiras temporadas (Foto: Paolo Bruno/Getty Images)

Além dos resultados decepcionantes, o que mais irritava a torcida romanista era a forma de jogar da equipe, um tanto quanto previsível, acumulando empates e derrotas mesmo quando tinha o favoritismo na Serie A. Os onze jogadores em campo pareciam não ter maneiras de surpreender os adversários e nem de articular jogadas um pouco mais trabalhadas. O padrão de jogo que Garcia implementou, fazendo uso de um 4-3-3, havia se tornado obsoleto e simplesmente não funcionava mais. Apesar disso, o francês não abria mão de seu esquema, insistindo mesmo que nem os resultados, nem as atuações, colaborassem para tal.

Golpes duros na Uefa Champions League, Copa Itália e troca de comando

As más atuações continuavam e cada vez mais a torcida pedia a demissão de Rudi Garcia. Enquanto isso, a diretoria reafirmava sua confiança no treinador, com um discurso repetitivo, garantindo sua permanência no comando. Aos trancos e barrancos, a Roma ia avançando, com uma vitória suada em cima do Leverkusen e um 2 a 0 sobre a Lazio no Derby Della Capitale, parecia que as coisas poderiam finalmente engrenar. No entanto, no jogo de volta contra o Barcelona, outro choque. Praticamente relembrando o que havia acontecido na temporada anterior, os giallorossi sofreram uma derrota desmoralizante, perdendo por 6 a 1 para o time espanhol.

Mas o pior ainda estava por vir. Depois da goleada sofrida para o Barça, o time da capital italiana sofreu para avançar às oitavas de final da Uefa Champions League, empatando em 0 a 0 com o BATE Borisov, dentro de casa, correndo riscos de perder a vaga. O goleiro Szczesny poderia ser apontado como o grande responsável por garantir a classificação naquela partida. Mesmo com a classificação, a apatia continuava e a Roma recebeu o pequeno Spezia em partida válida pela Copa Itália. Em jogo aparentemente tranquilo, os donos da casa não conseguiram marcar sequer um gol e acabaram eliminados pelo time da Serie C nos pênaltis.

Depois de mais três jogos, Garcia não resistiu e acabou deixando o comando da equipe. Para seu lugar, foi anunciado o já experiente Luciano Spalletti, velho conhecido da torcida romanista. O começo do italiano foi bem conturbado. Nos dois primeiros jogos, uma derrota para a Juventus e um empate com o Hellas Verona, além da saída de Gervinho, depois de o marfinense ter anunciado que não poderia continuar na Roma sem o antigo treinador. Além disso, Luciano acabou se envolvendo em polêmicas com Francesco Totti, capitão da equipe. No entanto, as desavenças foram resolvidas rapidamente, sem prejudicar a campanha do clube.

Rudi Garcia com cara de poucos amigos em partida contra a Internazionale. Francês não teve muitos motivos para sorrir na temporada 2015/16 (Foto: Marco Luzzani/Getty Images)
Rudi Garcia com cara de poucos amigos em partida contra a Internazionale. Francês não teve muitos motivos para sorrir na temporada 2015/16 (Foto: Marco Luzzani/Getty Images)

Boa campanha na reta final do campeonato italiano e esperanças

Apesar de todos os problemas, Spalletti agiu rapidamente e trouxe dois reforços para a segunda metade da temporada: Diego Perotti, até então no Genoa, e Stephan El Shaarawy, que não fazia mais parte dos planos do Monaco. Os dois jogadores se provaram de extrema importância para o clube, por conta da nova forma de jogar do treinador. Spalletti implementou um 4-5-1 na Roma que contava com muito mais movimentação que o esquema anterior. Dzeko perdeu espaço, dando lugar a Perotti. El Shaarawy e Salah faziam uma dupla de pontas muito dinâmica, infernizando as defesas adversárias. Enquanto isso, Nainggolan passou a jogar mais adiantado, aparecendo próximo à área enquanto que Pjanic passou a recuar para armar o jogo vindo de trás, como um regista.

As mudanças deram resultado e a Roma começou a subir na tabela. Depois da derrota para a Juventus, a equipe não perdeu mais em todo o campeonato italiano, acumulando 17 jogos sem perder, com apenas três empates no período. As únicas derrotas foram para o Real Madrid, pelas oitavas de final da Uefa Champions League, ambas por 2 a 0. No entanto, até mesmo nessas derrotas, a equipe surpreendeu pelas boas atuações, fazendo frente e tendo chances de dificultar o caminho de um dos melhores elencos do mundo. No fim da temporada, até mesmo Totti pareceu ter ressurgido das cinzas, decidindo vários jogos em sequência, mesmo entrando nos últimos minutos.

Apesar da excelente recuperação, os giallorossi só conseguiram terminar na terceira colocação da Serie A, perdendo a oportunidade de conseguir uma vaga diretamente na fase de grupos da próxima Uefa Champions League. Apesar disso, é com bastante esperança que a temporada se encerrou para a Roma, depois de muitos altos e baixos. Ao que tudo indica, Spalletti tem um elenco motivado e que o reconhece como líder. O elenco não pode ser considerado pronto para brigar por título em todas as competições que disputa, mas a reformulação parece fluir de forma cada vez mais natural. A esperança agora é que o clube possa manter suas principais estrelas, como Pjanic, Nainggolan e Salah, além dos líderes Totti, De Rossi e Florenzi, reforçando-se de forma pontual, como já fizeram com o goleiro Alisson, ex-Internacional.

Jogadores da Roma comemoram gol de Rüdiger contra o Chievo (Foto: Paolo Bruno/Getty Images)
Jogadores da Roma comemoram gol de Rüdiger contra o Chievo (Foto: Paolo Bruno/Getty Images)