Anfitriã da Eurocopa 2016, a França entrará em campo contra a Romênia na sexta-feira (10), no Stade de France, visando repetir o feito da Euro de 1984, quando sagrou-se campeã jogando em casa. No entanto, a Seleção Francesa passa por um momento conturbado a dois dias da sua estreia na competição. Além dos problemas com jogadores cortados por lesão, como o zagueiro Raphael Varane do Real Madrid, o técnico Didier Deschamps está tendo que conviver com acusações de racismo.

“Imaginar tudo que se passou desde o anúncio da lista no dia 12 de maio, francamente, nem no meu pior pesadelo, creio que isso poderia acontecer”, declarou Deschamps ao jornal L'Equipe.

Didier Deschamps foi acusado de racismo pelo seu compatriota Eric Cantona por não ter convocado Karim Benzema. Segundo Cantona, Benzema pagou pelas suas raízes norte-africanas, em alusão aos ataques promovidos pelo Estado Islâmico em Paris no ano passado. Benzema, por sua vez, disse em entrevista ao jornal Marca que não achava que Deschamps era racista, mas afirmou que o treinador cedeu às pressões de uma parte racista da França.

Alguns torcedores também consideram que Didier Deschamps deixou Benzema de fora da lista de convocados para a Eurocopa por racismo. Como represália, o muro da casa do treinador francês amanheceu pichado com mensagens acusando-o de racismo. A respeito do incidente, Deschamps declarou o seguinte:

Sempre fui feliz no meu trabalho, é um privilégio ser treinador da França. Mas também sou um homem. Estou concentrado no meu objetivo, mas também sou um pai. Tenho uma mulher e um filho, uma família a meu redor. Nada tem direito de tocar minha família.

Contudo, o presidente da Federação Francesa de Futebol, Noël Le Graët, e os jogadores saíram em defesa de Deschamps. O lateral-direito Bacary Sagna, um dos que ficou ao lado do treinador, comentou:

Benzema é um dos melhores atacantes do mundo e teremos que disputar a competição sem ele. Mas há jogadores que podem substituí-lo. Por outro lado, considero sem fundamento as críticas que têm feito. O treinador tomou as decisões e na lista de convocados tem jogadores de origem magrebi, francesa...o mundo é assim hoje em dia, não creio que haja problemas de racismo.”