Ao falar sobre Alemanha e hegemonia, logo lembramos do fatídico 7 a 1 que a seleção europeia aplicou na seleção canarinha, em solo brasileiro, na Copa do Mundo de 2014. Porém, engana-se quem pensa que tal fato foi ocasional. Por mais que a conquista tenha encerrado um jejum de dezoito anos sem títulos de sua seleção principal masculina, no futebol feminino a hegemonia dos clubes e a força da seleção alemã vêm de longa data.

Força dos clubes alemães no futebol feminino

O campeonato profissinal alemão de futebol feminino teve sua primeira edição disputada na temporada 1990-1991. A modalidade ainda não era olímpica, vindo a ser implantada nos Jogos Olímpicos alguns anos mais tarde, em 1996. Ainda assim, os clubes alemães eram bastante fortes dentro da Europa, sendo considerados por muitos os mais fortes do mundo, já que em poucos outros lugares havia um investimento tão forte dos clubes na modalidade. 

A equipe mais forte que à época sempre disputava os títulos da competição nacional era o FSV Frankfurt, que no futebol masculino nunca protagonizou entre as grandes equipes, mas que no feminino disputou ferozmente os campeonatos junto ao TuS Niederkirchen e ao TSV Siegen.

Como no futebol masculino, nos últimos anos o Bayern Munich tem se destacado, sempre acompanhado da fortíssima equipe do VfL Wolfsburg, bastante forte no cenário continental. Outro clube com bastante títulos é o 1.FFC Turbine Potsdam, que conseguiu conquistar seis títulos nos últimos quinze anos e sempre figura nas posições superiores do torneio. 

Superioridade dos clubes alemães na Liga dos Campeões 

Com sua primeira edição tendo acontecido na temporada 2001-2002, a Liga dos Campeões Europeus dispensa apresentações. A competição mais importante entre clubes europeus reúne as grandes equipes dos principais campeonatos nacionais do continente, e os números dos clubes alemães surpreendem mais uma vez. 

Foram disputadas quatorze edições do campeonato, e em apenas duas ao menos um clube alemão não participou da final. Vale também ressaltar a força dos clubes suecos, que desde as primeiras edições protagonizam os duelos finais, quando não chegando à final em si, sempre presentes nas semifinais, onde em duas oportunidades o Umeá conquistou o título. 

Dos clubes alemães, quatro já foram campeões da competição: Frankfurt, com quatro títulos; Turbine Potsdam e Wolfsburg, com dois títulos cada e o Duisburg, com uma conquista.  

Seleção alemã: a grande campeã europeia que busca o primeiro ouro Olímpico

Enquanto falam muito sobre o momento atual do futebol masculino alemão, na Europa o futebol feminino do país já possui uma hegemonia com um número de conquistas que impressiona. Heptacampeã europeia, a seleção feminina alemã de futebol só perdeu o título da Eurocopa uma vez, em 1993, quando a Noruega se sagrou campeã. Fora isso, em todas as outras sete edições as alemãs levantaram a taça, provando ser a maior potência europeia do esporte. 

Além dos títulos europeus, as alemãs ainda conquistaram em duas oportunidades a Copa do Mundo de Futebol Feminino, em 2003 e 2007, com vitórias sobre a Suécia e o Brasil, respectivamente, sacramentando ainda mais seu lugar no cenário mundial. 

Ironicamente, enquanto venceram tudo que podiam na Europa, ainda faltava um título internacional: a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. 

Sempre chegando como favoritas, as alemãs chegavam com força até a fase final, porém, nunca chegaram efetivamente à uma final, sendo eliminadas nas três oportunidades que tiverem de disputar uma semifinal olímpica. 

O papel que sempre foi exercido pelas alemãs nas demais competições, a seleção norte-americana exerce nos Jogos Olímpicos. Campeãs em quatro das cinco edições das Olimpíadas que contaram com o futebol feminino, as estadunidenses se tornaram as principais carrascas das alemãs na competição.

Início pouco badalado e queda das principais rivais nos Jogos Olímpicos Rio 2016

Nos Jogos Olímpicos de 2016, a equipe alemã de futebol feminino começou sua trajetória cambaleando. Goleou Zimbábue, como era de se esperar, mas empatou com a Austrália e perdeu para o Canadá. Ainda assim, conseguiu a classificação e chega às semifinais sem a participação de suas algozes norte-americanas, que foram eliminadas pelas suecas ainda nas quartas de final. Pela frente, as canadenses, algozes na primeira fase, e caso consigam chegar à final, terão de duelar contra Brasil ou Suécia, que farão a outra semifinal.

Não chegar como favoritas pode tirar um pouco do peso que as alemãs carregam por nunca terem conseguido conquistar a medalha de ouro. A queda das norte-americanas surpreendeu a todos, porém, as quatro seleções que chegam às semifinais são realmente fortes, e irão disputar com toda sua força a medalha de ouro. Caso as alemãs vençam, crê-se que não mais será um exagero aceitar que a Alemanha é, de vez, dona de uma das maiores hegemonias da história do futebol mundial.