Sediada no Gabão, a Copa Africana de Nações de 2017 chegou à sua fase derradeira. Este sábado (28), primeiro dia das quartas de final do principal certame do futebol africano, consagrou as classificações de Burkina Faso e Camarões às semifinais. Os "Garanhões" venceram a Tunísia por 2 a 0 no tempo normal, no Stade de l'Amitié, na capital gabonesa, Libreville. No Stade de Franceville, na cidade homônima, os Leões Indomáveis superaram o Senegal por 5 a 4 nos pênaltis após empate sem gols no tempo normal e na prorrogação.

Vice-campeões africanos em 2013, os burquinenses chegarão à fase semifinal pela terceira vez em toda a sua história. A seleção treinada pelo português Paulo Duarte agora espera o vencedor do duelo entre Egito e Marrocos, que está marcado para as 17h (horário de Brasília) deste domingo (29) e terá como palco o Stade de Port-Gentil, em Port-Gentil.

Quatro vezes campeões continentais, os camaroneses têm República Democrática do Congo ou Gana pela frente. O escrete comandado pelo belga Hugo Broos conhecerá seu próximo adversário na caminhada rumo ao pentacampeonato também neste domingo. Congoleses e ganeses medirão forças no Stade d'Oyem, em Oyem, a partir das 14h (horário de Brasília).

As partidas das semifinais estão agendadas para os dias 1 e 2 de fevereiro, próximas quarta e quinta-feiras, respectivamente. O jogo envolvendo Burkina Faso e Egito ou Marrocos será no Stade de l'Amitié. Já o embate entre Camarões e RD Congo ou Gana acontecerá no Stade de Franceville. Ambos os compromissos estão marcados para começar às 17h (horário de Brasília).

Burkina Faso despacha a Tunísia com dois gols nos minutos finais

O atacante Préjuce Nakoulma passa pelo goleiro Aymen Mathlouthi e sacramenta a classificação de Burkina Faso às semifinais da CAN 2017 (Foto: Ulrich Pedersen/Getty Images)

O embate que abriu a "hora da verdade" da CAN 2017 começou com maior volume de jogo dos tunisianos. As Águias de Cartago quase saíram na frente com Sliti, aos 18 minutos. Os "Garanhões" responderam à altura quatro minutos mais tarde, em grande jogada individual de Nakoulma que terminou com uma potente finalização de Bertrand Traoré.

A Tunísia voltou a levar perigo em falta cobrada por Ben Amor. Apesar de ter mais posse de bola, a seleção comandada pelo polonês Henryk Kasperczak viu os burquinenses criarem as melhores chances do primeiro tempo. Dayo, Traoré, Cyrille e Nakoulma deram muito trabalho à zaga tunisiana.

O panorama se repetiu na segunda etapa. Até que uma substituição do técnico português Paulo Duarte mudou a história da partida. Aos 32 minutos, o atacante Aristide Bancé entrou no lugar do também atacante Cyrille Bayala. O jogador do ASEC Mimosas, da Costa do Marfim, deu mais movimentação e mais gás ao setor ofensivo da Burkina Faso.

O primeiro descuido da defesa da seleção do norte da África foi fatal. Aos 35 minutos, perto da área, o defensor Ben Yousseff interceptou uma jogada adversária com o braço e proporcionou aos burquinenses uma grande oportunidade de inaugurar o marcador. Na cobrança de falta, Bertrand Traoré ajeitou para Aristide Bancé soltar a bomba e acertar o canto esquerdo do goleiro Aymen Mathlouthi.

O atacante Aristide Bancé abriu caminho para a vitória da Burkina Faso contra a Tunísia (Foto: Ulrich Pedersen/Getty Images)

O gol deixou as Águias desesperadas. A Tunísia partiu para o "tudo ou nada", mas sem organização. Buscou o empate na base do abafa. Eis que, aos 40 minutos, após uma cobrança de escanteio mal sucedida, os "Garanhões" construíram um rápido contra-ataque. O atacante Préjuce Nakoulma, que joga no Kayserispor, da Turquia, pegou a bola no meio-campo, driblou o goleiro Mathlouthi - que havia saído da área para tentar evitar o pior - e tocou para o gol vazio.

Sem forças para reagir, a Tunísia sucumbiu diante do poderio ofensivo da Burkina Faso, que segue em frente rumo ao título inédito.

Senegal para em Ondoa e Camarões avança nos pênaltis

O goleiro Fabrice Ondoa foi o grande destaque da partida que consagrou a classificação de Camarões frente ao Senegal (Foto: Khaled Desouki/AFP/Getty Images)

Foram os Leões de Teranga, quem tomaram a iniciativa. Mané, Kouyaté, Keita e Mame Diouf se movimentaram bastante e deram trabalho à defesa adversária. O goleiro camaronês Fabrice Ondoa correspondeu enquanto foi exigido. Por sua vez, os Leões Indomáveis se valiam dos contra-ataques.

Os primeiros 45 minutos foram truncados. Houve mais faltas do que jogadas de efeito.

A etapa complementar foi mais movimentada. Ondoa evitou o gol ao defender finalizações perigosas de Keita, Mame Diouf, Mbodji, Mané e Sow. O outro arqueiro envolvido na eliminatória, Abdoulaye Diallo, também trabalhou: em ótimas condições de finalizar na pequena área, Moukandjo não contou com a sagacidade do goleiro oponente.

Graças às boas perfomances dos goleiros, especialmente à de Ondoa, o jogo foi à prorrogação. O cansaço físico das equipes ditou o ritmo do tempo extra. As melhores chances foram criadas por Sadio Mané e Keita Baldé, que pararam no inspirado Ondoa. Do outro lado, Zoua obrigou Diallo a fazer miraculosa defesa.

A decisão por uma vaga nas semifinais da Copa Africana foi para a marca da cal. As primeiras quatro cobranças de cada lado foram certeiras. Kalidou Koulibaly, Kara Mbodji, Moussa Sow e Henri Saivet marcaram para os comandados de Aliou Cissé, enquanto Benjamin Moukandjo, Ambroise Oyongo, Adolphe Teikeu e Jacques Zoua.converteram para o time de Hugo Broos.

Na quinta cobrança do Senegal, brilhou a estrela de Fabrice Ondoa. O goleiro do Sevilla Atlético, da segunda divisão espanhola, defendeu a finalização do atacante do gigante inglês Liverpool e craque do Senegal, Sadio Mané.

Sob lágrimas, Sadio Mané (ao centro) é carregado após a eliminação do Senegal diante de Camarões na disputa de pênaltis (Foto: Reprodução/Twitter)

A responsabilidade de balançar as redes e colocar os camaroneses na semifinal ficou com o também atacante Vincent Aboubakar. O jogador do Besiktas, um dos clubes mais populares e vitoriosos da Turquia, correspondeu às expectativas e sacramentou a vitória de Camarões na disputa de pênaltis: 5 a 4. A realização do sonho do título inédito para os Leões de Teranga foi adiada para, pelo menos, mais dois anos.

Enquanto os Leões Indomáveis celebravam a classificação à próxima fase, a imagem de Sadio Mané inconsolável após a eliminação do Senegal, seleção que vinha jogando um futebol eficiente e era uma das cotadas ao título da CAN 2017, rodou o mundo.