A 25ª edição da Premier League do País de Gales chegou ao fim no sábado 23 de abril. E o resultado saiu conforme o prognóstico: o The New Saints levantou seu 11º troféu, com uma campanha próxima da perfeição – 85 pontos feitos em 96 disputados. O vice, Bala Town, somou 27 a menos. O campeonato, iniciado em agosto de 2016, teve duas fases. Na primeira, 12 times se enfrentaram em 22 rodadas. Os seis melhores, herdando os pontos obtidos até então, avançaram para a etapa seguinte, realizada em 10 semanas, com turno e returno. Dois foram os rebaixados, entre eles o Rhyl FC, campeão nacional em 2004 e 2009.

A trajetória do The New Saints foi quase irretocável. Foram 21 vitórias consecutivas até o primeiro tropeço, o empate por 3 a 3 contra o Newtown. A invencibilidade seria interrompida pelo Carmarthen Town, 1 a 0, na 24ª rodada. Com tanta distância para os rivais, o TNS transformou cada jogo em contagem regressiva para o esperado, e jamais ameaçado, título. A confirmação se deu na semana 26, em 4 de março, com a vitória sobre o Bangor por 4 a 0. Com 20 pontos de desvantagem, e só mais 6 jogos por fazer, o Bala Town foi o último concorrente a abaixar o meião. Os números finais da campanha registram 28 vitórias, um empate e três derrotas, 100% de aproveitamento em casa, 101 gols marcados, média de 3,15 por partida, 26 sofridos e a maior goleada do certame (10 a 0 sobre o Rhyl FC).

Nesta temporada, os Saints também ganharam as páginas do Guinness World Records, ao quebrar a marca mundial de maior sequência de vitórias de um time de primeira divisão, que pertencia, desde 1972, ao Ajax, de Cruyff e Neeskens, com 26 triunfos acumulados em três competições. O clube galês completou o 27º contra o Cefn Druids (2-0) em 30 de dezembro passado, somando Campeonato, Copa e Scottish Challenge Cup. Entre os esquadrões que quase superaram esse número estão o próprio Ajax, em 1996, com 25 vitórias, o Coritiba, em 2011, com 24, e o Real Madri, em 2015, com 22.

Os rumos do futebol galês em cheque

Para o futebol galês, a hegemonia do TNS é uma via de mão dupla. Por um lado, ganham todos. Por outro... O fortalecimento dos Saints poderá ser coroado, cedo ou tarde, com participações mais longevas nas eliminatórias da Champions ou Liga Europa, o que renderia posições a Gales no ranking de ligas nacionais da UEFA (ocupa hoje o 50º lugar entre 54 federações), base de distribuição de vagas para os torneios continentais. Porém, quanto mais fase eles avançarem, mais dinheiro entrará em seus cofres, mais investimentos serão feitos, mais elevados serão os objetivos, resultando numa abissal diferença de poder aquisitivo para os demais clubes.

Imprensa, federação e entidades rivais já discutem tal soberania – o TNS perdeu apenas três das últimas 13 edições. Um campeonato sem competitividade, cujo vencedor é pule de dez, não leva público a estádios nem atrai interesse da mídia ou de patrocinadores. As maiores torcidas e audiências do país pertencem a Swansea e Cardiff, que são filiados à inglesa Football League. Soma-se a isso o fato de os jogadores da liga raramente figurarem nas convocatórias para a seleção nacional – na última, em março, não havia nenhum, por exemplo -, dificultando o surgimento de ídolos. Criada em 1992, a Premier League de Gales foi o pontapé para a profissionalização do futebol no país – antes, havia a copa e duas competições regionais, uma no norte, outra no sul, o que explica o alinhamento de alguns clubes ao futebol inglês.

Um dos trunfos para o sucesso dos Saints é a manutenção do elenco ano após ano. Jogadores importantes, como Baker, Spender, Draper, Harrisson, Edwards, Darlington e Rawlinson, participaram de todos os capítulos dessa sequência campeã, entre 2011/12 e 2017. Outras peças hoje fundamentais foram agregadas com o tempo, como Marriott, Saunders e Cieslewicz, construindo, assim, uma base sólida, sempre sob o comando de Craig Harrison, jovem treinador, de 39 anos, ex- atleta de Crystal Palace e Middlesbrough.  

Fundado em 1959, como Llansantffraid F.C, o The New Saints conquistou seu primeiro título em 2000, quando levava o nome de sua patrocinadora, a Total Network Solutions, daí a sigla TNS. O segundo título, em 2005, ocorreu após a fusão com o Oswestry Town. Em 2006, o apoio da empresa de tecnologia chegou ao fim, e o clube precisou se reinventar, inclusive no nome, para manter o topo. Foram mais nove campeonatos desde então e o status de maior campeão do país, além de uma peculiaridade estampada em seu escudo: nascido num município galês, simbolizado pelo dragão, o TNS manda seus jogos na Inglaterra, em Oswestry, representada pelo leão. A distância entre as localidades é de 13 km.
 

Wikipedia


 

The New Saints Football Club

Fundação: 1959

Estádio: Park Hal (2.034 espectadores)

Títulos: 11x Campeonato Galês (99-00, 2004-05, 05-07, 09-10, 09-10, 11-12 a 16-17); 6x Copa (1995–96, 2004-05, 11-12, 13-14, 14-15, 15-16); Copa da Liga (94-95, 05-06, 08-09, 09-10, 10-11, 14-15, 15-16, 16-17).