Israel: o bi do Be'er Sheva e de Alona Barkat

No último sábado de abril, o Hapoel Be’er Sheva conquistou seu quarto título israelense, o segundo consecutivo. Assim como na temporada 2015/2016, a disputa foi contra o Maccabi Tel Aviv, maior campeão da liga, com 21 troféus. Mas, dessa vez, graças a um desempenho impecável no hexagonal, o desfecho se deu com três rodadas ainda por fazer. Será o início de uma nova hegemonia em terras europeias?

A Premier League 2016/2017 contou com 14 clubes e duas fases. Na primeira, com 26 rodadas, o Be’er Sheva se ausentou do topo apenas em 5 oportunidades e levou para a segunda etapa, um hexagonal em dois turnos, três pontos de frente para o Maccabi Tel Aviv. Nos dois confrontos entre eles, os Camelos predominaram, vencendo em casa por 1 a 0 e fora por 2 a 1. O último embate, válido pela 33ª jornada, sacramentou o título antecipado.

O time campeão teve o melhor ataque e a melhor defesa do ano, com médias próximas de 2 e 0,5 por jogo, respectivamente. O jovem treinador Barak Bakhar, de 37 anos, tem em mãos jogadores como o veterano goleiro Goresh; o zagueiro da seleção de Israel Tzedek; o português Miguel Vítor, ex-Benfica; o húngaro Korhut e o romeno Hoban, que disputaram a última Euro; e os artilheiros Sahar, com passagem pelo futebol inglês, e Nwakaeme, nigeriano. Os brasileiros William Soares, no clube desde 2010, e Lúcio Maranhão, ex-ASA de Arapiraca, também participaram da campanha.

A nota negativa é o rebaixamento do Hapoel Tel Aviv, 13 vezes campeão israelense, a última em 2010. Os Demônios Vermelhos, com dívida de U$ 26 milhões, entraram com pedido de insolvência, tiveram recursos congelados e viram seu proprietário, Amir Kabiri, ser substituído por um interventor. Tudo isso levou à perda de nove pontos, o que jogou o clube do meio da tabela para a última posição. A venda para um conglomerado chinês, comentada pela mídia desde o ano passado, poder ser a saída para um rápido retorno à elite.

Alona Barkat: o trunfo do bicampeão

Fundado em 1949, o Be’er Sheva alcançou seus primeiros títulos em 1975 e 1976. Depois, permaneceu longe do protagonismo e viveu, na passagem de milênio, o momento mais tenso de sua história. Foram duas quedas em menos de uma década, 1997 e 2005. Na última, jogadores foram vendidos para amenizar as dívidas. O panorama mudou em 2007, quando a empresária Alona Barkat comprou o clube, ainda na segunda divisão, tornando-se a primeira mulher a comandar um no futebol israelense. Em seu discurso inicial, prometeu investir nas categorias de base e em programas sociais e educativos na cidade.

Esse casamento quase se desfez em 2010. Aborrecida com a tentativa de agressão de alguns torcedores ao técnico Guy Azouri, Barkat chegou a renunciar à presidência, mas uma campanha promovida por fãs a fez mudar de ideia. Com as finanças saudáveis, os bons resultados não tardaram a acontecer. Em 2014, o Be’er Sheva foi vice da Premier. Em 2015, perdeu a final da Copa de Israel (State Cup) para o Maccabi Tel Aviv. E, nas duas últimas temporadas, sagrou-se bicampeão da Premier League. Desde o advento do atual formato, em 1999, esta é apenas a terceira vez que o certame não é vencido por algum integrante do “Big Four”, grupo das quatro potências do país, formado por Beita Jerusalém, Maccabi Haifa, Hapoel Tel Aviv e Maccabi Tel Aviv - a primeira foi em 2012, ano do Kiryat Shmona.