A Juventus vai para a final da Uefa Champions League contra o Real Madrid no sábado (3), em Cardiff, não apenas em busca do terceiro título europeu de sua gloriosa história. Vai também em atrás de seu primeiro triplete na história, que significa para os bianconeri poder ser os atuais detentores do título da Serie A, da Copa Itália e da Champions League na próxima temporada.

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Para ganhar a Tríplice Coroa, o que seria o primeiro de sua gloriosa história, a Juve terá de quebrar um tabu: só conquistou em duas oportunidades um torneio internacional simultâneo a uma conquista nacional. Em nenhuma das duas vezes em que a Vecchia Signora venceu a Uefa Champions League, nas temporadas 1984/85, com a vitória diante do Liverpool por 1 a 0, e na temporada 1995/96, com a vitória nos pênaltis diante do Ajax, os bianconeri ao menos chegaram perto do Scudetto.

Na temporada 1984/85, a Juve terminou a Serie A na sexta posição, muito longe do campeão Hellas Verona, foi eliminado nas quartas-de-final da Copa Itália pelo Milan, e no final dela, em 29 de maio, venceu o jogo diante dos reds de Merseyside, em jogo marcado pela trágica Batalha de Heysel, com morte de 39 torcedores juventinos após confronto entre os torcedores italianos e ingleses nas arquibancadas no Estádio de Heysel (atual Estádio Rei Baduíno).

Já em 1995/96, os bianconeri ficaram oito pontos atrás do campeão Milan, e foram vice-campeões. Na Copa Itália, a Juve foi eliminada cedo, já nas oitavas de final, em derrota por 1 a 0 na prorrogação para a Atalanta.  Acabaram canalizando as forças na Champions, onde no Olímpico de Roma, após empate no tempo normal por 1 a 1, venceram os holandeses, que eram os atuais campeões, nos pênaltis por 5 a 3.

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Mas isso não significa que a Juve nunca tenha ganho títulos internacionais em temporadas que havia vencido pelo menos um título nacional: Na temporada 1983-84, a Juve conquistou primeiramente, com uma rodada de antecedência, após um empate por 1 a 1 em casa com o Avellino, o scudetto de campeã italiana, e apenas dez dias depois, no estádio St. Jakob Park, na Suíça, a Vecchia Signora, após sair atrás no marcador com gol de Antônio Sousa para o Porto, nos primeiros minutos de jogo, conseguiu virada diante dos portugueses, e venceu por 2 a 1, com Vignola e o ídolo polonês Boniek marcando os gols da virada bianconera, conquistando pela única vez a Recopa Europeia, também conhecida como Copa das Copas.

Já na segunda vez, em 1989/90, se não veio no campeonato, a Copa Itália foi conquistada em abril com uma vitória no segundo jogo diante do Milan, por 1 a 0, em San Siro, com gol de Galia. Um mês depois, a Juventus chegou a final da Copa da Uefa (atual Uefa Europa League), após eliminar os poloneses do Gornik Zabrze, o PSG, os alemães-orientais do Karl-Marx-Stadt (atual Chemnitzer), e em seguida dois alemães-ocidentais: Hamburgo e Colônia, antes de ter outra final com rivalidade, agora diante da Fiorentina.

No primeiro jogo, em uma das últimas partidas do estádio Comunale de Turim, a Juve abriu vantagem logo nos primeiros minutos com gol de Galia, sofreu o empate com Buso, mas voltou à frente e ampliou a vantagem na segunda etapa com gols de Casiraghi e De Agostini. No jogo de volta, em Avellino, no sul da Itália, em vista que o Artemio Franchi estava fechado por conta da Copa do Mundo de 1990, a Juventus segurou a Fiorentina e empatou sem gols, trazendo pela segunda vez em sua história o título da Copa da Uefa.

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Agora, tudo é diferente. A Vecchia Signora tenta o triplete após conquistar, com uma rodada de antecedência, o seu sexto título italiano consecutivo, o 33º na história – ou o 35º, se constarmos os scudetti cassados pela FIGC (Federação Italiana de Futebol, em tradução livre) de 2005 e 2006 em meio ao escândalo do Calciopoli –, e depois de ganhar pela terceira vez consecutiva a Copa Itália, com uma vitória por 2 a 0 diante da Lazio na final, como em 2014/15, ano do primeiro dos três "dobletes" consecutivos conquistados pela Juventus.

A obsessão juventina já era grande e sempre foi grande pelo triplete. E se tornou ainda maior desde 2010, quando a Juve assistiu a uma de suas maiores rivais no futebol italiano, a Inter, conquistar uma façanha inédita: até então, nenhuma equipe havia vencido três títulos em uma só temporada no futebol italiano. Naquele período, um triplete ou algo semelhante só foi feito na Inglaterra, com o Liverpool em 2001 (Copa, Copa da Liga e Copa da Uefa), o Manchester United em 1999 (Premier League, Copa e Uefa Champions League), e na Espanha no ano anterior, 2009, com o Barcelona ganhando a Liga, a Copa do Rei e a Champions League.

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Os dias daquele maio de 2010 foram inesquecíveis para os comandados de José Mourinho: Primeiro, no dia 5 de maio, no Olímpico de Roma, a Inter venceu a final da Copa Itália diante da dona da casa, a Roma, por 1 a 0, gol de Milito. Outra vez o camisa 22 escreveria sua história na Inter no dia 16 de maio, quando na última rodada da Serie A, 'El Príncipe', para os interistas, marcou o gol do título em vitória diante do Siena por 1 a 0. Por fim, a Champions League, conquistada no mágico 22 de maio para os nerazzurri, veio com uma vitória por 2 a 0 no Santiago Bernabéu. Os gols não poderiam ser de alguém que não fosse o matador nerazzurro.

Desde então, enquanto a Juventus se reconstruía, o sonho de chegar ao topo do futebol europeu aumentava. Os rivais interistas ainda provocam o fato de serem a única a terem o triplete, enquanto a rival tenta desesperadamente o feito. O topo do futebol italiano para os bianconeri foi atingido mais uma vez essa temporada com o título conquistado da Copa Itália na final no dia 17 de maio com a vitória diante da Lazio, e com o título da Serie A assegurado com uma rodada de antecedência com a vitória diante do Crotone por 3 a 0. Falta coroar de vez o triplete com uma vitória diante do Real Madrid no dia 3 de junho em Cardiff. Será que a Juve, enfim, conseguirá o feito?