Para o Real Madrid a temporada acabou e começou da mesma forma: gol de Marco Asensio em jogo valendo título, pela Supercopa da Uefa e pela Liga dos Campeões. Zidane assumiu o comando da equipe no fim da temporada 2015/16 e pela primeira vez teve uma temporada inteira para mostrar serviço. Colocou ordem na casa, transformou os merengues em numa maquina de gols, quebrar recordes e conquistar títulos.

A equipe comandada pelo francês nunca perdeu a Liga dos Campeões - disputou duas e venceu as duas -, conquistou o Campeonato Espanhol com mais emoção do que parecia ser necessária no inicio e somou recordes atrás de recordes como jogos seguidos balançando as redes, sequência sem derrotas e feitos inéditos como o bi campeonato da era moderna da Champions.

Como roteiro de um filme de hollywood, tudo começa e termina no menino Asensio

Tudo começou com um título. E um gol. Marco Asensio marcava um golaço contra o Sevilla na final da Supercopa da Uefa, os conterrâneos espanhóis empatariam e virariam a partida depois, Carvajal marcaria o gol de empate da partida que seria decidida nos acréscimos com gol de Sergio Ramos aos 93 minutos - mais tarde saberíamos que o zagueiro viveria sua melhor temporada na carreira em 2017. 

Na Liga os bons ventos continuaram, a vitória por 3 a 0 com dois gols de Gareth Bale e um de Marco Asensio, era o ponta pé inicial da equipe na campanha que terminaria com o 33º título espanhol do clube. A primeira goleada viria dias depois, 5 a 2 contra o Osasuna jogando no Santiago Bernabéu. Cristiano Ronaldo marcava após voltar recuperado da lesão que sofreu na final da Euro 2016. 

Sem saber que não perderia mais em 2016, a equipe de Zizou seguiu balançando as redes e vencendo. No quesito clássicos no primeiro turno, goleou o Atlético de Madrid por 3 a 0 no Vicente Calderón com três gols do gajo CR7 e duas rodadas depois empataria nos acréscimos com o Barcelona, gol marcado pelo zagueiro Sergio Ramos. Era o "noventa e Ramos" que passava a ser adotado pela torcida e seria uma "estratégia" salvadora para o time em jogos importantes na temporada. 

Campeão da Liga dos Campeões na temporada anterior, em dezembro a equipe tinha compromisso pelo Mundial de Clubes. Sem Gareth Bale, que se lesionaria e perderia praticamente todo o resto de temporada - voltando a jogar em algumas partidas pontuais mas nunca retornando 100% ao elenco por conta de suas dores que nunca o abandonavam. Sofreram mais do que qualquer um poderia imaginar para vencer o Kashima Antlers na final, mas saíram de campo com a conquista e o placar de 5 a 2 - hat-trick de Ronaldo. Na ocasião, o time celebrava o terceiro título de Zidane que naquele momento somava mais troféus do que derrotas sob o comando da equipe. 

Ano novo, um 2017 de recordes e títulos 

Ano novo, mesma temporada. Caminhando na Copa do Rei, o elenco quebraria o recorde de jogos seguidos sem derrota ao empatar com o Sevilla pela competição no dia 12 de janeiro. 40 jogos sem perder, feito inédito no futebol espanhol. Curiosamente a sequência acabaria um jogo depois, contra o mesmo Sevilla, mas pela Liga, o time perderia de 2 a 1 jogando no Pizjuán. 

Outra derrota, duas seguidas, custaria um triplete ao Madrid. Perdendo no Santiago Bernabéu por 2 a 1 para o Celta de Vigo, a equipe comandada por Zizou não conseguiria virar o placar jogando em Balaídos e terminaria eliminado da Copa do Rei nas quartas de final. 

Um balanço na equipe que reencontraria o caminho das vitórias e só voltaria a perder de novo para o Valencia no Mestalla em fevereiro e para Barcelona e Atlético de Madrid (na Champions League) em abril. Essas derrotas e alguns empates na Liga complicaram o caminhar rumo ao título, tornando a trajetória um pouco mais sofrível - ainda que conquistada se deu com 3 pontos de vantagem sobre o segundo colocado. 

Depois da vitória no jogo atrasado contra o Celta de Vigo, a equipe precisava apenas empatar na última rodada para sagrar-se campeão espanhol. No La Rosaleada lotado, a vitória por 2 a 0 sobre o Málaga, com gol de Cristiano Ronaldo e Karim Benzema, fechou a conta e garantiu o título da competição para os blancos. 33º título espanhol do Real Madrid, o maior campeão do Campeonato Espanhol. 

Era a vez de outro recorde. Hoje a equipe soma 64 jogos balançando as redes, um total de 176 gols para a maior sequência de partidas marcando gols. Outro feito para a conta de Zinedine Zidane. A última vez que o Real Madrid não marcou gols foi no empate em 0 a 0 pela semifinal da Liga dos Campeões contra o Manchester City em 26 de abril de 2016.  De lá para cá, ao menos 1 golzinho no placar. 

Primeiro bi campeão da era moderna, o técnico que nunca perdeu uma Liga dos Campeões 

Na Liga dos Campeões, o time que se classificou em segundo do grupo, atrás do Borussia Dortmund, enfrentaria o Napoli pelas oitavas de final, vencendo os dois jogos por 3 a 1. No primeiro deles, disputado no Santiago Bernabéu, Casemiro anotaria um golaço batendo de fora da área. Para muitos, um dos gols mais bonitos da edição - perdendo talvez para o golaço de Mandžukić na final. 

Nas quartas o desafio era maior, passar pelo Bayern de Munique. Na Alemanha uma vitória por 2 a 1, com dois de Cristiano Ronaldo. A partida contou com algumas jogadas polêmicas como um pênalti muito mal marcado para o time da casa - que seria desperdiçado depois. Na volta, no Santiago Bernabéu, mais polêmicas e gols impedidos de CR7 garantiram o falatório. Vencendo por 4 a 2, hat-trick de Ronaldo e Asensio marcando para a fechar a conta, o Real Madrid avançaria para as semifinais da competição. 

Reedição da final de 2016, Atlético de Madrid e Real Madrid teriam que disputar uma vaga na decisão. Soberano - e essa é a única palavra possível para definir a primeira partida do duelo - os merengues golearam os colchoneros no Santiago Bernabéu com três gols dele, CR7. Na volta no Vicente Calderón o time da casa até ensaiou uma recuperação mas uma jogada desconcertante de Benzema terminou no gol de Francisco Alarcón que marcaria a despedida do estádio da Liga dos Campeões e colocaria os então atuais campeões em outra final. 

Em Cardiff, terra de Gareth Bale, madridistas enfrentariam a Juventus, melhor defesa da competição, com apenas três gols sofridos. Desenhava-se um jogo complicado, e realmente foi no primeiro tempo. A Duodécima começou nos pés de Cristiano Ronaldo que em seu primeiro chute em Buffon naquela noite, balançou as redes. Minutos depois a Juve empataria com um gol incrível de Mandžukić.

Apesar do Real Madrid insistir mais, a Juve mostrava consistência na defesa e subia com perigo na primeira etapa. Mas, as coisas mudaram no segundo tempo. Instruções de Zidane fizeram efeito e um chute de Casemiro de fora da área colocaria o Real Madrid na frente e desmontaria os italianos. Poucos minutos depois Modric roubaria uma bola e cruzaria para Cristiano Ronaldo fazer 3 a 1. 

Como num filme, Marco Asensio entrou no segundo tempo - parecendo coisa de destino - apenas para ver Marcelo se arriscar, driblar na lateral, invadir a área e cruzar para o garoto iluminado colocar um ponto final na temporada que ele começou em agosto. Era o quarto do Real Madrid no jogo, bi inédito, décimo segundo título, o último gol de uma temporada inesquecível.