O ex-capitão e dirigente da Internazionale, Javier Zanetti, concedeu uma entrevista ao site italiano Tuttomercatoweb nesta segunda-feira (7). Dentre os inúmeros assuntos abordados, uma das declarações que mais repercutiu em toda a imprensa foi acerca de um de seus ex-companheiros de equipe, o atacante brasileiro Adriano.

Apontado como "o novo Ronaldo Fenômeno" quando despontou no futebol italiano, em meados dos anos 2000, Adriano logo conquistou o status de ídolo nerazzurri e ganhou o apelido de “Imperador”. Embora Adriano mostrasse um grande potencial, a morte de seu pai foi um grande baque em sua carreira como atleta e impactou diretamente o seu rendimento.

“Quando seu pai faleceu em 2004, escutei ele bater o telefone com força ao receber a notícia no quarto ao lado, depois disso ele gritou muito alto, ninguém consegue descrever como foi. Isso me arrepia até hoje quando lembro”, confidenciou o argentino.

Sabendo das origens do jogador, Javier Zanetti temia que qualquer dificuldade na vida de Adriano poderia levá-lo à ruína, caso não tivesse ao seu lado o suporte de amigos e familiares para superar os momentos difíceis.

“Ele veio das favelas, o que me assustava, porque eu vi o quão perigoso era ali, e quando você se torna rico do nada, tudo se torna traiçoeiro. Eu e Massimo Moratti nos aproximamos mais dele e tratávamos como se fosse parte de nossa família. Mas depois daquele telefonema, nada foi como era antes, embora ele tenha continuado a marcar gols importantes e treinar normalmente”, contou.

O dirigente ainda lamenta por não ter conseguido ajudar Adriano da forma que gostaria. No final, o promissor atacante caiu em forte depressão e no vício em bebidas alcoólicas: “Nós não fomos capazes de tirá-lo do túnel da depressão, e essa com certeza foi a maior derrota da minha carreira”, finalizou.

Javier Zanetti, um dos maiores ídolos da história da Internazionale, jogou no clube de 1995 até 2014, ano em que pendurou as chuteiras para fazer parte da diretoria do clube, cargo que ocupa até hoje. Enquanto jogador, venceu 16 títulos com a camisa do time de Milão.

Adriano, por sua vez, teve passagens conturbadas ao longo dos anos, atuando em clubes como São Paulo, Flamengo e Corinthians. Seu último vínculo profissional foi pelo Miami United, em 2016, onde atuou por apenas duas partidas. Hoje, com 35 anos, o jogador está sem clube e não dá indícios de que retornará ao futebol.