Em duelo de times que devem brigar por objetivos opostos durante a temporada, o pragmatismo prevaleceu. Com as reações de Bertrand Traoré e Jules Iloki sendo determinantes para o desenvolvimento da partida, Lyon e Nantes ficaram num empate sem brilhantismo, por 0 a 0, no Stade de la Beaujoire.

Pelo lado dos mandantes, outra atuação fraca e pouco criativa deixou algumas dúvidas sobre a capacidade técnica da equipe, enquanto o Lyon, demonstrou fragilidades já corriqueiras - dependendo muito de lampejos individuais de seus atacantes através do drible para levar perigo ao adversário.

O empate não ajudou nenhum dos lados. Com apenas quatro pontos, o Nantes permanece em posições baixas, atualmente se encontrando na 13ª colocação. O Lyon, soma seu segundo empate seguido, depois de resultado caótico contra o Bordeaux na rodada passada, por 3 a 3. Com oito pontos, o conjunto gerido pelo jovem Bruno Génésio está na quarta posição, correndo riscos de cair na tabela conforme o desenrolar desse final de semana na Ligue 1.

Contando com seis jogadores convocados para suas respectivas seleções - Lucas Tousart e Mouctar Diakhaby para a França sub-21, Nabil Fekir para a equipe principal dos bleus, Memphis Depay e Kenny Tete servindo a Holanda e por fim, Christopher Martins-Pereira chamado para defender Luxemburgo, o Lyon agora volta a campo somente após a Data FIFA, no dia 10, ás 12h, diante do Guingamp. Simultaneamente o Nantes, que não tem nenhum jogador convocado, visita o Montpellier em busca de recuperação. 

​​Sem fluidez em seu jogo proativo, Lyon esbarrou nas linhas compactas do Nantes

​Nos primeiros 20 minutos de jogo, a partida já tinha seu trajeto desenhado: Lyon tentava construir o jogo a partir do primeiro passe de seus zagueiros, contando com a amplitude de Tete e Mendy para achar soluções nos flancos, porém era pouco efetivo e errava muitos passes no terço final do campo, principalmente com as intervenções de Léo Dubois e Koffi Djidji para a contenção de Maxwel Cornet e Bertrand Traoré, que abusavam do individualismo quando acionados.

Por outro lado, também não havia interesse do Nantes em oferecer problemas ao OL tendo a posse - por natureza de Ranieri, o jogo reativo é visto como prioridade - contudo, tanto Thomasson quanto Iloki, não conduziam essas transições de forma direta, deixando a partida morna.

Após um início de partida irregular, as chances de gol começaram a aparecer - apesar de esporádicas, para o Lyon. Em um lance de total mérito por parte de Lucas Tousart, o volante lançou o espanhol Mariano Diaz, que teve a oportunidade de finalizar ao gol de Ciprian Tatarusanu, mas tentou driblar o goleiro do Nantes e acabou desperdiçando uma ocasião clara de gol. No mais, a primeira etapa foi marcada pelo jogo físico no centro do campo, sem tantas emoções e jogadas que fizessem ambas defesas trabalharem.

A fragilidade técnica do Nantes durante o período foi tão grande que, em 45 minutos, o time gerido por um técnico de ideais antiquadas, não conseguiu trocar passes na área do adversário. Por sua vez, a recuperação feita por Touré, muitas vezes gerava oportunidades de jogo direto aos mandantes - essas transições, eram conduzidas pelo velocista Iloki, que se precipitava bastante no momento de decidir o desfecho das jogadas.

A intenção de Ranieri em recriar o sistema tático que deu resultado no Leicester City, era baseada nos mesmo conceitos: dupla de volantes capaz de desarmar e oferecer jogo direto, extremo mais incisivo de um lado, completando o esquema com um meia mais criativo no outro flanco - a grande diferença, fica por conta, além da disparidade técnica, da falta de mobilidade no ataque. Com isso, a predefinição do jogo do Nantes o torna modorrento e limitado.

Assim como o Lyon, pouco criou chances dentro de sua proposta de jogo. Conseguindo apenas se defender e evitar triangulações do rival, o Nantes ficou preso às suas fraquezas, deixando evidente que a luta do clube nesta temporada será contra a queda.

Diferentemente da ascensão na reta derradeira de 2016/17, com o português Sérgio Conceição, o Nantes não possui parâmetros técnicos que o coloque num contexto favorável na França - as saídas do talentoso meia Amine Harit e do capitão Guillaume Gillet, contribuem ainda mais para esse iminente hiato competitivo. Outro fator que também ficou escancarado na partida de hoje, foi a necessidade por reforços na meiuca - tanto Andrei Girotto quanto Touré, não desempenham funções que favoreçam o jogo reativo de Ranieri - vale ressaltar que o titular da posição, o baixinho Valentin Rongier, está lesionado e tem retorno indefinido.

Segundo tempo aberto, mas problema criativo persiste em ambos

Voltando para a etapa final com mudanças, o Nantes apostou em dois jovens jogadores para alterar a situação da equipe na partida: o brasileiro Girotto que havia recebido cartão amarelo no primeiro tempo, deu lugar a Moutoussamy, que curiosamente é formado nas categorias de base do Lyon. Em seguida, o recém-chegado Kalifa Coulibaly, que fez estreia discreta, saiu e abriu vaga para o habilidoso Gandi.

Já no lado dos visitantes, o time de Génésio voltou sem nenhuma mudança, porém com uma variação no posicionamento: antes encaixado no 4-2-3-1, o Lyon alternou para um 4-4-1-1, com Nabil Fekir jogando mais próximo do gol.

Contudo, a necessidade por um atacante mais técnico para quebrar o bloqueio do Nantes através do drible, fez com que o mais novo expoente da base do Lyon entrasse em ação: Myziane Maolida, de 18 anos, substituiu Mariano Diaz, que não estava contribuindo na armação das jogadas e tampouco servindo como referência.

Desde então, o OL passou a ser mais associativo tendo base nas dobradinhas executadas por Tete e Traoré. E do segundo representante que surgiram as melhores ocasiões de abrir o placar para os Gones. Sempre individualista e preciso ao realizar movimentos mais agudos no ataque, o burquinense iniciou sua passagem no clube francês de forma satisfatória.

A oportunidade mais clara de gol do Lyon no jogo aconteceu quase no final da partida: em trama pessoal de Traoré, o africano tirou dois marcadores do Nantes e bateu rasteiro, a bola parou na trave e no rebote, Nabil Fekir disparou novamente, na pequena área, para fora. Além disso, a produção de futebol do Lyon no jogo foi baseada em lances avulsos, sem trabalho coletivo em si.

Na parte final do jogo, Memphis Depay veio a campo, para o lugar de Cornet e em contrapartida, Ranieri inseriu o ponta Yassine El-Ghanassy na vaga de Thomasson - a intenção de ambos técnicos era de ganhar mais profundidade nos lados do campo, mas já tardiamente, os dois atletas pouco fizeram na partida.

O jogo se aproximava do fim e para dar minutos a outra prata da casa, Génésio colocou o meio-campista de dupla nacionalidade Houssem Aouar em campo. Essa alteração não foi nada interessante para o jovem, que longe de estar no contexto ideal para sua evolução, acabou nem pegando na bola a ponto de destaque.

Apesar de criar oportunidades, o Lyon não teve eficiência para furar as linhas baixas do Nantes - e sem qualidade técnica para oferecer problemas ao OL, o resultado refletiu o que aconteceu durante os 90 minutos na Beaujoire.