Quando surgiu no Saint-Étienne em meados de 2013, com incríveis 16 anos e totalmente imaturo, o extremo Allan Saint-Maximin sempre foi apontado como um dos expoentes desta geração francesa talentosa que está por vir entre os jogadores nascidos em 1997. No entanto, suas experiências iniciais dentro do conjunto do centro-oeste francês não foram proveitosas e, em busca de minutos de jogo, o mesmo aderiu a ideia de ir ao Monaco - clube que prioriza por jovens e onde, em tese, conseguiria mais tempo de jogo para evoluir como atleta. Contudo, na temporada de 2015/16, o mesmo passou por sua primeira provação como atleta fora da França, no exterior, atuando na Alemanha - pelo Hannover, que, ao final daquela época, acabou rebaixado.

A sua aparição mais convincente no cenário local aconteceu na última temporada, atuando pelo Bastia, na Ilha da Córsega, sendo ainda procedente dos monegascos - nesta ocasião, Saint-Maximin estourou de vez e obteve os esperados minutos para demonstrar seu talento - disputando 36 partidas no geral, marcando 3 gols e distribuindo três assistências. Esses números podem parecer baixos, entretanto, o contexto onde estava, outra vez num clube vulnerável e que foi rebaixado, não favorecia total crescimento de Saint-Maximin como atleta.

Com isto, o jovem que se inspira em nada mais nada menos que Ronaldinho Gaúcho para desempenhar seu futebol, optou por novamente tomar outro rumo na carreira - pouco utilizado no Monaco e sem possibilidades de se encaixar como meia dentro do esquema convencional do clube do principado, o ponta que tem como principal característica o drible curto, partiu para o Nice, pela bagatela de dez milhões de euros. No rival do Monaco e num contexto onde teria espaço para ser um elemento mais profundo e complementar no sentido de acelerar e percorrer metros, a ascensão de Saint-Maximin era inevitável e, por sua vez, está acontecendo aos poucos.

Melhor entendimento do jogo e consolidação com Lucien Favre

Desde que surgiu, a facilidade que Saint-Maximin tem para eliminar rivais com conduções em velocidade e dribles curtos, sempre impressionou - porém, este vício muitas vezes era prejudicial para o próprio, que na tentativa de decidir jogadas por conta pessoal, optava pela decisão errada no último terço do campo - se caracterizando como um individualista e para muitos, o famigerado ponta precipitado. Contudo, desde que chegou ao Nice, onde vem sendo estimulado a ser um jogador mais capaz de associar e concluir transições com maestria, o jovem está demonstrando uma evolução tremenda - tanto na parte tática, como em execuções de movimentos e até mesmo na percepção do jogo.

A efetivação desta crescente foi confirmada na goleada do Nice por 4 a 0 justamente diante do ex-clube de Maximin, o Monaco. Dentro de uma mudança posicional liderada por Lucien Favre, que abandonou o 4-2-3-1 para atuar com linhas recuadas e ideias reativas no 4-4-2, o jogador teve papel fundamental na execução da estratégia e foi coroado com uma assistência na ocasião - além de outros problemas causados pelo mesmo nas recuperações do OGCN em transições mais brutais. Após estabelecer conceitos diferentes dos apresentados na temporada passada, o Nice, que era acostumado a utilizar da posse como apoio para atrair, retrair e atacar os espaços conquistados em campo rival, passou a adicionar outro modo de jogo a seu repertório: o jogo sem a bola e principalmente, de contra-ataques ligados através de Allan Saint-Maximin.

Ademais, Saint-Maximin é um jogador que gosta dos desequilíbrios individuais e consegue gerar este tipo de espaço com extrema naturalidade. Além disto, possui uma velocidade especial e executa sua função primária de atacar os metros do campo deixados pelo adversário em roubadas de bola feitas pelos interiores do Nice de forma perfeita. Tendo em vista certa carência da Seleção Francesa em jogadores de sua característica e que atuem preferencialmente pela esquerda, com as exceções de Kingsley Coman e Anthony Martial, ele pode sonhar com uma vaga na Rússia em 2018 - por ora, está ganhando rodagem pela categoria sub-21 dos Bleus.

A partir do momento em que Saint-Maximin entendeu que o jogo vai muito além dos seus próprios pés, sua evolução foi incessante e exitosa. Seu caso é do típico jogador talentoso, em lapidação bruta, que implorava por apoios físicos e pelo um técnico que soubesse tirar o máximo de seu estilo - e vem conseguindo tudo isto no Nice até então. Você poderá ver o jovem em ação nesse domingo (1), no duelo dos Aiglons diante do Marseille, às 16h de Brasília, na Allianz Riviera.