Em jogo válido pela última e derradeira rodada das Eliminatórias Europeias para a Copa do Mundo de 2018, que será realizada na Rússia, nesta segunda-feira (9), uma das seleções mais talentosas dentre as de nível secundário no velho continente conseguiu assegurar uma vaga à repescagem: com dois gols de Andrej Kramarić e contando com uma atuação burocrática dos locais durante parte considerável dos noventa minutos, a Croácia efetivou sua possibilidade de ir ao Mundial através de uma disputa com outra seleção entre as melhores segundas colocadas. Sobretudo, os croatas terão a chance de manter uma escrita peculiar com relação a sua história em mundiais: desde que reconhecida como seleção profissional pela FIFA, o país, que foi semifinalista em 1998, participou da maioria das edições do torneio - com a exceção de 2010, na África do Sul. Sendo uma delas em 2006, fazendo grande campanha nas eliminatórias e postulando como cabeça de chave na Alemanha naquela ocasião.

Deste modo, a Croácia se junta as seleções de Irlanda do Norte, Irlanda, Dinamarca e Itália e espera pela definição dos demais três melhores segundos colocados. Com isto, a tradicional seleção do leste europeu disputará a repescagem, onde não tem adversário predefinido por critérios - necessitando de sorteio, que acontecerá na próxima terça-feira (17)  e contará com 8 países no total. Em contrapartida, os comandados do jovem técnico Andriy Shevchenko tiveram suas ambições frustadas e ficarão de fora, novamente, de uma Copa do Mundo.

O primeiro tempo entre ambas seleções teve seu panorama traçado pela intensidade imposta pelas mesmas na condução da partida. Enquanto os ucranianos mantiveram a bola por mais tempo, mesmo que nos metros iniciais do campo; os visitantes, por sua vez, apostaram em linhas recuadas, marcação posicionada e tremenda agressividade para transitar após recuperar a posse em campo contrário. Neste cenário, a deficiência técnica dos zagueiros da equipe da casa influenciou diretamente nos erros de passe constantes da Ucrânia - gerando um desequilíbrio natural no sistema defensivo -, e concebendo oportunidades de jogo frontal com superioridade numérica para o adversário. 

Sendo assim, o único repertório apresentado pelos mandantes era a precisão entre seus três homens mais incisivos - Marlos, Yarmolenko e Konoplyanka -, para acelerar os passes diagonais distribuídos a partir do centro do campo - levando perigos a meta defendida por Subasic. Um dos grandes problemas criativos da Ucrânia se demonstrou produzir futebol com critérios pelo chão - tendo, em média estatística, 80% de suas tentativas de jogo direto para Garmash mal efetuadas.

Por outro lado, a Croácia demonstrou pouquíssimos argumentos ofensivos para agredir à baliza rival neste período inicial do confronto. Sempre dependendo das associações entre Modrić e Perisic para ativar as entradas verticais em sentido inverso de Kramarić, os visitantes passaram a primeira etapa sem assustar o goleiro Pyatov. Sem a bola, também foram passivos e não fizeram questão de pressionar com blocos acumulados em campo rival para dificultar as saídas de jogo do adversário - neste caso, a participação inativa do volante Milan Badelj teve papel crucial no contexto reativo dos croatas. Em uma das poucas oportunidades de gol até então, o arqueiro Subasic cometeu um erro técnico grave ao tentar encaixar uma finalização de média distância do zagueiro Raktiskiy - quase tirando o zero do placar de forma melancólica.

Com as mesmas bases táticas da etapa inicial, as combinações ucranianas em conciliar a capacidade de eliminar marcadores através de dribles curtos de Konoplyanka com uma função mais vertical do decisivo Andriy Yarmolenko surtiram certo efeito diante de uma defesa croata apática. Neste cenário, os locais continuaram insistindo nos mesmos erros que atrapalharam suas ambições anteriormente, sem justificar expectativas e demonstrar outros modos de incomodar o rival fora as características individuais relatadas.

Entretanto, a postura mais contundente dos visitantes na etapa complementar decidiu o confronto em prol da Croácia: mudando taticamente para um sistema de ataque posicional e contando com ritmos altíssimos para transformar possessões com dinamismo em chances claras de gol, a seleção que estava em apuros conseguiu reacender sua esperança através de um tento de Kramarić, aos 62 minutos. O principal jogador da seleção, Modrić, lançou a bola para a área e contou com um cabeceio perfeito do atacante para colocar os croatas na frente do placar. 

Após isto, um choque emocional abalou os ucranianos, tendo esse baque concretizado de fato oito minutos depois do tento concebido: em uma jogada que foi resultado de um passe longo em direção a beirada da área, Rakitić conseguiu cruzar de forma rasteira para Kramarić - que se consagrou e selou um resultado decepcionante para a Ucrânia. No geral, apesar de uma campanha instável, a Croácia combinou certa experiência junto de jovialidade, conseguindo nos momentos finais, ter calma para assegurar sua vaga à repescagem continental.