Na tarde desta terça-feira (10), a França entrou em campo pela última rodada da fase de grupos das Eliminatórias Europeias para a Copa do Mundo. No Stade de France, em Saint-Denis, os Bleus tiveram a Seleção de Belarus como adversária e apresentaram alguns dos mesmos problemas presentes nos últimos tempos.

Com uma atuação em que o pragmatismo foi dominante, os franceses encerraram sua participação nas Eliminatórias com uma vitória tranquila, mesmo que com placar apertado: com gols de Giroud e Griezmann, contando com Saroka descontando para os visitantes, a Equipe de France termina o período eliminatório com 23 pontos, indo diretamente à Rússia, em primeiro lugar de seu grupo.

Com este triunfo esperado diante de um adversário inferior tecnicamente, o coletivo gerido há cinco anos por Didier Deschamps será uma das forças da competição mais importante entre seleções no mundo do futebol. Sobretudo, o que coloca os franceses em tal posto elevado são suas capacidades individuais em desequilibrar jogos difíceis através de lances esporádicos dos principais jogadores da equipe.

Além disto, o que chamou atenção negativamente nesta atuação, sem dúvidas, foi a falta de dinamismo dos franceses no terço final do campo - sempre dependo das reações de Lemar e Coman para gerar perigo a um adversário frágil. No mais, confirmando outra participação em Mundial, a França manteve uma posição coesa no Ranking da Fifa: aparecendo atualmente na oitava colocação da lista que adere critérios específicos.

Em contrapartida, a Belarus se despede das Eliminatórias de forma até digna - isto se levarmos em consideração as expectativas do país dentro de uma chave complicada - conquistando apenas cinco pontos em dez jogos, com seis gols marcados, 21 sofridos e uma vitória diante da Bulgária. Ademais, as seleções que conseguiram acesso à repescagem continental esperam até a próxima terça-feira (17) para um sorteio que definirá os confrontos através de dois potes - com os países melhores colocados no Ranking da Fifa estando situados no pote A.

Dominando a primeira etapa, França anotou dois gols com facilidade

Utilizando jogo posicional para progredir em campo rival com os avanços de seus meias abertos na intenção de gerar superioridade numérica, a França logo se estabeleceu e conseguiu pressionar o adversário nos metros iniciais do terreno - forçando vários erros de Belarus nas saídas de bola. Neste cenário, a incapacidade de Corentin Tolisso em dinamizar as possessões francesas para acelerar os ritmos dos ataques foi crucial para certa apatia dos locais nos primeiros minutos do primeiro tempo.

Com isto, o jogo do time da casa se mostrava simplista e dependente de associações básicas entre lateral, ponta e meio-campista para agredir o rival - que conseguiu resistir durante alguns minutos -, porém esbarrou nas próprias limitações técnicas para suportar tanta qualidade individual junta presente no time dos Bleus

Um dos principais lapsos coletivos da França no período, mesmo que momentâneos, era potencializado pelos recuos posicionais de Lemar para produzir futebol desde trás - achando fluidez entre as linhas rivais. Este contexto está sendo recorrente no repertório da Equipe de France, onde seus volantes não conseguem suprir necessidades de propor jogo por si só e acabam complicando as transições mais objetivas dos franceses. Sendo assim, alguém capacitado com o esférico nos pés para atuar de frente para as linhas defensivas rivais pode decidir em prol da França - uma característica que apenas o atleta do Monaco citado tem, dentre os jogadores convocados.

Ademais, o jogo posicional dos franceses incomodava a baliza rival naturalmente pela qualidade solista imposta por Antoine Griezmann e Kingsley Coman. O domínio pragmático dos Bleus na primeira etapa foi transformado em chances claras de gol com o decorrer dos minutos no período. Em uma das únicas finalizações dos locais dentro da área rival no jogo, Griezmann recebeu passe curto de Matuidi e finalizou no canto contrário do arqueiro Chernik - abrindo o placar em um momento totalmente favorável para a Seleção. 

Foto: Christophe Simon/AFP/Getty Images

A partir disto, as flutuações dos homens ofensivos da França geraram desequilíbrios indefensáveis para a frágil defesa de Belarus, que concebeu diversas oportunidades por erros em fundamentos básicos, como em construções de jogo desde os zagueiros. Desta forma relatada, em uma falha própria do adversário, a França chegou ao seu segundo tento na partida através de um chute certeiro de Olivier Giroud - encerrando qualquer chance de reação dos visitantes.

Entretanto, após mostrar uma agressividade tremenda para recuperar a posse em campo contrário e conseguir transições com facilidade, uma desatenção custou caro para a França: no final do primeiro tempo, após se antecipar perante à Raphaël Varane, o atacante Saroka bateu de primeira e diminuiu o placar na região metropolitana de Paris.

Com o mesmo cenário pragmático, França produziu pouco na etapa final

Com bases táticas idênticas a da etapa anterior, os franceses continuaram exercendo seu domínio sem brilhantismo no período complementar. Desta vez utilizando mais da posse para controlar as ações em campo próprio, trocando em média cinco passes a cada minuto em que teve a bola, os Bleus não fizeram questão de produzir futebol e ofereceram um cenário confortável para Belarus se estabelecer e ameaçar com bolas paradas - contudo, pela disparidade técnica enorme entre ambas -, este modelo não foi convertido em tentos para os visitantes. 

Continuando desta forma até os meados do segundo tempo, duas alterações feitas por Didier Deschamps mudaram a postura da equipe que já estava recebendo vaias discretas do seu torcedor: as entradas de Sissoko e Mbappé. Tanto a badalada promessa parisiense quanto o jogador do Tottenham, efetivaram este controle com maior agressividade e intensificando mais a partida.

Neste contexto, as conduções geniais de Mbappé para eliminar marcadores através de acelerações implacáveis significaram profundidade para agredir o rival, enquanto a aptidão física de Sissoko conciliada à sua capacidade de infiltrar na área ofereceu apoio bruto para os atacantes franceses.

Ademais, o jogo seguiu assim até o final do período - contando com outra exibição burocrática dos mandantes - que ainda precisam apresentar argumentos para competir em alto nível se quiserem ir longe na Copa do Mundo em 2018. Fora isto, os azuis do hexágono vão ao leste europeu no ano que vem em busca do título - onde mesmo sem confiança coletiva -, há margem para evolução através de individualidades.