Após um início de temporada marcado pela instabilidade de ambas equipes, Saint-Étienne e Lyon voltam a disputar o famigerado Derby du Rhône - um dos maiores clássicos do futebol francês -, neste domingo (5), no emblemático estádio Geoffroy-Guichard, em duelo condizente com a finalização da 12º rodada da Ligue 1.
Para os locais, o triunfo seria uma representação de reação depois de jogos caóticos e pouco produtivos em questão futebolística, além claro, de derrotar o maior rival e ganhar moral para o restante da época. Em contrapartida, os Gones estão no auge da forma e eliminando rivais com facilidade, estando na terceira colocação do Campeonato Francês e praticamente classificados aos 16avos da Uefa Europa League. A bola rola às 18h no horário de Brasília.
Com 18 pontos ganhos, os Verts se encontram na sexta posição, apenas quatro atrás do Lyon - podendo diminuir esta vantagem rival através de uma eventual vitória no clássico. Com isto, as intenções do treinador espanhol Óscar García em levar o ASSE de volta à competições internacionais permanecem vivas e as perspectivas futuras estão relacionadas diretamente a uma recuperação após acumular três jogos sem vitória.
Por outro lado, o OL vive um momento especial, engrenando como o esperado e se colocando no posto de terceira força do país. Neste contexto, o clube heptacampeão nacional jogará sem pressão demasiada, mas evidentemente, com objetivos de manter o domínio recente com relação ao adversário.
Na partida anterior a este duelo decisivo, o Saint-Étienne conseguiu um empate sem gols diante do Toulouse, fora de casa, em atuação pragmática e com poucas ideias ofensivas. Deste modo, os questionamentos da mídia francesa foram todos voltados à figura de Óscar García, que apesar de histórico relacionado ao vistoso Barcelona, está longe de repetir as bases táticas da equipe catalã e vem esbarrando nas limitações do elenco do ASSE para implantar seus métodos.
Já o Lyon, do inexperiente técnico Bruno Génésio, venceu o Everton na última semana pela Europa League por 3 a 0, em uma exibição sólida e que deixou ótimas sensações prestes ao clássico. Antes muitíssimo criticado, Génésio encontrou um modo ideal para o OL jogar: linhas médias e posicionadas para recuperar e transitar com agressividade tremenda. Sendo assim, os protagonistas Nabil Fekir, Memphis Depay e Bertrand Traoré podem ser nomes cruciais no dérbi.
Óscar García destaca solidez defensiva como chave do sucesso
A hiperatividade defensiva sempre se caracterizou como uma virtude do treinador espanhol. Nos últimos jogos, o fator que está garantindo pontos capitais para a equipe é representado pela pouca quantidade de gols concedidos. Dito isto, a ausência confirmada do líder Loïc Perrin será algo determinante para a postura do ASSE na fase sem a bola.
Normalmente, os Verts costumam jogar com linhas posicionadas em blocos baixos, juntando jogadores entre as linhas para rodear o início do terreno de superioridade numérica para resistir. Sobretudo, com seu capitão fora de combate, que era respaldado pelo sistema de coberturas e tinha funções predefinidas, as perseguições individuais devem ser aderidas no duelo.
Com apenas dez tentos sofridos, o Saint-Étienne possui um controle defensivo inexistente no rival
Questionado sobre qual seria a compostura do seu conjunto defensivo, García foi objetivo: "Nós precisamos de consistência, principalmente. Sem Perrin, um dos nossos melhores zagueiros, a tarefa de parar um ataque capaz como o do Lyon será ainda mais difícil. É preciso entender que os atletas que fazem o sistema firme, e não ao contrário. Não devemos atribuir erros coletivos a jogadores específicos, isto não existe para mim. Seja com Perrin, Théophile ou Lacroix, a missão é vencer e todo plano vem sendo montado para tal coisa. Na Espanha, a tática se demonstra do mais alto nível e busco trazer isso em meus trabalhos."
Outra perda considerável para o treinador é o meia-atacante Rémy Cabella, contratado na última janela por empréstimo junto ao Marseille, que também está lesionado. As adaptações feitas nas fases do jogo variando entre 4-3-3 e 4-4-2 não estavam sendo capazes de potencializar todo potencial do atleta - um dos mais talentosos no elenco. Sobretudo, a necessidade de velocidade para transitar e atacar os espaços vazios não condiz com o perfil de Cabella, que prefere por atuar de frente para a baliza contrária tendo campo de visão amplo para desequilibrar, seja com conduções ou assistindo companheiros.
Sobre isto, Óscar comentou brevemente como pretende competir frente ao Lyon e citou as características de seus jogadores como epicentro de um estilo reativo: "Sempre buscamos resistir antes de atacar. É necessário muita concentração e objetividade para atacar após recuperar a posse. Como os principais jogadores do adversário passam por momento interessante, nossos cuidados serão exatamente com individualidades. Com a bola, os atletas que tenho em mãos me fazem voltar as atenções para contra-ataques e jogo pelos lados. Além disto, as ações em coletivo para gerar perigos deverão ter prioridade. No mais, jogadores como Fekir e Mariano, que decidem do nada, não podem se sentir confortáveis em campo."
Deste modo, a estratégia do ASSE parece estar definida e voltada à uma proposta específica. As transições em jogo exterior onde os pontas criam através do drible e propiciam associações para conectar atletas mais criativos entre as linhas adversárias, devem ser uma das maneiras mais buscadas pelos Verts dentro das suas possibilidades. Neste sentido, o protagonismo ficará todo por conta da trinca de meio-campistas, com predefinições claras: impedir continuidade rival no próprio campo, recuperar a posse e transitar com poucos toques no esférico.
Neste contexto, a formação do Saint-Étienne deverá ser próxima disto (4-3-3): Ruffier; Pierre-Gabriel, Lacroix, Théophile-Catherine, Gabriel Silva; Dabo, Hernani, Pajot; Hamouma, Bamba, Monnet-Paquet.
Com pés no chão, Génésio espera agressividade ofensiva por parte do Lyon
Com uma ascensão impressionante nos últimos jogos, Bruno Génésio deve manter as bases táticas habituais do Lyon, variando peças complementares por opções técnicas, de acordo com o mesmo. Deste modo, a tendência será ver os jovens Houssem Aouar e Ferland Mendy jogando juntos novamente - desta vez -, com o primeiro representante mais recuado como meio-campista, ao invés de ponta pela esquerda.
Desta maneira, a grande dúvida fica por conta da presença do atacante espanhol Mariano Diaz, que sofreu um pequeno problema muscular na quinta-feira diante do Everton, em partida na qual entrou no decorrer. Neste cenário, há duas opções: inserir Traoré no comando do ataque ou deslocar o útil Maxwel Cornet para esta faixa do campo.
Com 27 gols anotados na Ligue 1, o Lyon têm um dos melhores ataques da competição
Bruno Génésio, já acostumado aos jogos de clima quente no Geoffroy-Guichard, espera deixar um dos palcos mais respeitados da França com três pontos na bagagem, independentemente de desempenho.
"No meu período de jogador, sempre era especial e motivador jogar contra o Saint-Étienne. Apesar de não atuar no Lyon em uma época semelhante a realidade que vivemos agora, consegui alguns resultados positivos. Agora, como treinador, sempre presto atenção nos detalhes na hora de apresentar sobre o adversário em questão para os meus jogadores. Não podemos achar que já estamos com a temporada ganha, é preciso trabalho duro dia a dia e chegar nos jogos repetindo os treinos. Não vejo, no caso de um clássico, o nível de futebol como prioridade. O importante é vencer, ainda mais contra eles", disse o técnico.
Com um elenco jovial, Génésio enfatizou os talentosos Aouar e Ndombélé como o futuro do Lyon: "É simplesmente mágico. Aouar tem demonstrado um futebol excelente, a exemplo do que fazia no futebol amador, na base. Correspondeu minhas exigências tanto como meio-campista quanto como atacante, tudo para se tornar um dos melhores do elenco. Já Tanguy, foi uma contratação muito acertada de nossa diretoria. É competitivo, especialmente, necessário ter atletas do perfil dele no time. O seu futebol me lembra bastante Tolisso e vem sendo importante para nós."
Dito isto, o Lyon, apesar de jogar longe do Parc Olympique Lyonnais, terá totais responsabilidades de propor o jogo. Neste contexto, as prestações decisivas do homens ofensivos da equipe serão cruciais para um eventual triunfo. Em contrapartida, a instável defesa dos Gones precisa demonstrar solidez após conceder 15 gols nas 11 primeiras rodadas do Campeonato Francês. Sobretudo, as intervenções ativas do volante Lucas Tousart para respaldar o restante do sistema defensivo precisarão ser potencializadas por um companheiro mais associativo jogando ao seu lado - neste caso -, o mesmo Aouar deve iniciar o jogo como titular.
Ademais, os titulares do OL na visita ao grande rival não devem fugir disto (4-2-3-1): Lopes; Rafael, Marcelo, Morel, Mendy; Tousart, Aouar; Cornet, Fekir, Depay; Traoré.